quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ode à Noite


(Palavras de um tal de Júlio Verdi...rsss)


Ó noite bela e misteriosa
Porque és tão atraente
Porque escondes os pecados?
Escondes os desejos?

Porque nos sentimos atraídos por viver nas suas sombras?
Talvez porque nos cobre com generosas doses de solidão
Nos faz escondermos do mundo
A verdade que somos

Ou porque tens a ousadia de ocultar a luz
De ser a renegada do tempo
Ó noite, porque teu sabor é tão irresistível?

Porque nos faz querer suas horas?
Porque são tão saborosos seus cantos
Por mais que as luzes se esforçam em apagar seu charme
Tú sempre consegues nos envolver

Como és bela noite
Como é doce o planar sobre tu
Como é doce seus segredos, seu perigo, seu atrevimento
Como é bom contar com sua cumplicidade

Tentadora é sua proposta
Adentramos em seu tempo
Nos perdemos em seu tempo
Mas queremos que seu tempo pare para nós

Encantadora e bendita sejas tú, linda noite
Que embriaga o poeta
Acolhe as loucuras dos amantes
Abrevia e ameniza o suor dos humildes

Sem tu, o amor não teria poesia
A música não teria melodia
A vida sua simpatia
O exagero sua serventia

Ó querida noite
Prove ao mundo que sem tu
O dia não seria o dia

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Frase do Jô Soares ontem (19/05), em entrevista à Marília Gabriela:

"Se você gosta de achar que sabe alguma coisa, então continue aprendendo sempre"

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ensaio sobre a Saudade


Pegando carona numa das mais clichês frases que existe – saudade só existe na língua portuguesa – o brasileiro criou o termo saudade para definir que sentimos falta de algo que vivenciamos e não temos mais.

Para incrementar este ensaio eu sugiro que existem 2 tipos de saudade. A saudade do bem e a saudade do mal. Aí o querido leitor(a) pensa: esse cara tá com embromation, tá enchendo linguiça.

Vamos aos argumentos.

Saudade do Bem, em meu sóbrio ponto de vista, são lembranças sadias que carregamos de pessoas e fatos que encontramos no passado, que nos fazem sorrir, que construíram experiências positivas em nossa vida e em nosso caráter. Que não fazem nos refugiar de nossa vida atual nem repudiá-la.

Já Saudade do Mal eu encaro como uma prisão ao passado. A pessoa só tem em mente uma situação que viveu, compara com a atual e se prende a uma vida que não volta mais. Praqueja contra sua vida de hoje em dia, não olha pra frente. Sempre vai encontrar algo de ruim nas coisas atuais, em alusão ao passado.

Vejam essa frase da música “Lampião de Gás” (Zica Bérgami):

“Lampião de Gás, Lampião de Gás
Quanta saudade você me traz”

A saudade não é do Lampião de Gás (com tanto conforto que a energia elétrica traz, ninguém pode sentir saudade disso). Meu próprio pai falecido há 23 anos dizia que o bom é água encanada, luz elétrica, fogão à gás – em alusão a essas tecnologias domésticas que inexistiram na sua infância.

Talvez o lampião de gás represente uma fase rural de tranqüilidade. Uma clara falta de adaptação à vida urbana. De uma infância ingênua e sem contato com a crueldade e a mentira que imperam invariavelmente na vida adulta.

Vamos ver outro exemplo (“Ai Que Saudades Da Amélia” - Ataulpho Alves - Mário Lago):

“Ai, meu Deus, que saudade da Amélia

Aquilo sim é que era mulher


Às vezes passava fome ao meu lado

E achava bonito não ter o que comer”

Saudade da Amélia. Que coisa. Um exemplo de exaltação à submissão feminina. Sem entrar no mérito, porque são ideologias de 50 anos atrás. Mas voltando para o nosso ensaio, ele tem saudade de uma mulher que se anulava, que não tinha vaidade pra viver o mundo dele.

Mas não é da Amélia. Se encontrasse outra trouxa que achasse bonito não ter o comer ao lado dele, estava feliz, a Amélia que se dane onde quer que ela estivesse.

Conheço algumas pessoas que trabalharam comigo no passado e até hoje quando as encontro parece que o tempo não parou pra elas. Elas enaltecem o passado, criticam pessoas que estiveram conosco lá, algumas que até já morreram. Estão presas numa vida que elas consideram a única maravilhosa que tiveram.

Viver exclusivamente do passado é anular-se. Mesmo que os tempos de outrora foram de enorme bonança. É sempre motivador acreditar que o melhor ainda está por vir, e lutar por ele.

Certa vez, Chico Anísio, numa dessas balelas mensagens televisivas de fim de ano, disse uma coisa muito sábia. Algo como: “Que o ano que está por vir seja melhor do que o que passou e pior do que o próximo que virá”. Quer pensamento mais otimista que isso?

Já vivi coisas muito legais na minha vida. Mas quero viver ainda coisas bem melhores.
Já vivi momentos inesquecíveis com amigos, mas quero que eles estejam comigo no futuro em momentos mais inesquecíveis ainda.

Se ontem sorri, amanhã eu quero gargalhar.