terça-feira, 19 de outubro de 2010

Um crime contra muitas vidas


Um dos assuntos polêmicos que poderá ser o fiel da balança na reta final da corrida presidencial é a legalização do aborto no país.
Nenhum dos candidatos, mesmo que simpáticos a tal idéia, não vai declarar apoio a ela, uma vez que grande parcela dos eleitores brasileiros pertencem à uma fatia representativa de católicos e evangélicos, que por questões óbvias se opõe a esta prática.

Além de polêmico, é um assunto delicado, pois trafega em várias esferas, religiosa, moral, de saúde pública, do direito à vida e às próprias escolhas.

Este tema já povou os posts deste espaço. Mas como voltou à tona pela briga eleitoral, é sempre interessante refletirmos sobre ele.
Muitos defensores da legalização do aborto, fixam os alicerces de sua defesa na idéia de que o ser humano deve ter total liberdade sobre seu corpo e as atitudes acerca dele. Em suma, fazer dele o que bem entender sem ter que dar satisfações a quem quer que seja.

A idéia de liberdade é muito linda. Viver e agir como bem entender, não importando o que pense pais, amigos, patrões, líderes religiosos.

E eu concordo com ela. Só que tem um detalhe que pra mim nunca será admissível. Cada um sabe o que faz. Sabe com quem se envolve, como se envolve e quais as expectativas desse envolvimento. Mas, quando os reflexos dessas atitudes representam a concepção de uma nova vida, não se trata mais de fazer o que quizer com o próprio corpo. Existe outro corpo e outra vida na estória. E sobre ela ninguém deve ter o direito de ceifá-la ou ferí-la, a não ser essa nova vida quando tiver consciência de seus atos.

Acredito que os seres humanos sejam dotados de desejo sexual numa forma natural de se perpetuar e garantir a continuação da espécie. Assim, nos séculos que precederam o 21, era bem comum famílias enormes, onde o contato sexual entre o casal invariavelmente culminava em um ou mais filhos por ano de casamento.

Mas as coisas mudaram. Acertadamente o ser humano viu a beleza do amor e do sexo, e descobriu que poderia vivenciar essas emoções sem necessariamente praticar a procriação. Portanto, não importa muito a condições econômicas dos parceiros, é possivel usar seu corpo para amar, e nesse caso sem julgar promiscuidade, evitando a criação de novas vidas, já que não é esse o objetivo principal. Caso não ocorram os cuidados, é de responsabilidade sim dos envolvidos cuidar da gestação e garantir pelo menos, o direito desse novo ser vir ao mundo.

Se eu me levanto agora e mato a tiros um colega de serviço, de bar ou de família, eu cometi um crime. Ceifei uma vida e vou responder judicialmente por isso. Não vejo diferença desse ato para com a idéia do aborto. E é até pior, porque a criança ali dentro do ventre, não tem a mínima condição de se defender, de tentar evitar tal ato cruel de sua mãe, nem mesmo de tentar dizer a ela que gostaria de vir ao mundo pra tentar por ela própria viver e buscar seu caminho.

E, pegando carona em algo que já mencionei tempos atrás, gostaria que esses defensores do aborto refletissem que, se suas mães e pais pensassem como eles, estariam eles aqui hoje? Vivendo, amando e buscando prazer?