segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A Era da Impaciêcia




Os tempos modernos nos transformaram em seres imediatistas, onde a paciência e a calma não mais residem. O avanço da tecnologia, que nos propiciou um nível de conforto cada vez mais ágil, nos tornou dependentes de soluções e ações rápidas e práticas.

Há cerca de 20 anos, operávamos computadores sem interface gráfica com 30kb de memória, que levava minutos a estar apto ao uso. Hoje chamamos de lerdos equipamentos de muitos gigas de memória, com clocks de milhões de pulsos por segundo. Passávamos horas em filas de banco e passamos segundos xingando uma máquina de auto-atendimento que demorou alguns minutos pra não obedecer nossa operação. Tínhamos alguns parcos canais de TV pra assistir, hoje com 300 canais disponíveis ainda dizemos: "essa televisão não tem nada pra ver".

Dirigíamos horas num carro que atingia poucas velocidades, que dobrava o banco pro passageiro de trás entrar e sair, e cujo único sistema de ventilação era o propiciado pelo vidro descerrado. Hoje, num carro automático, com ar condicionado até nos bancos, reclamamos que nosso GPS fica corrigindo rota a todo instante.

Perdíamos horas nos locomovendo entre lojas de móveis e eletrônicos/eletrodomésticos em busca dos melhores preços e aguardávamos uma semana pra receber o produto em casa. Hoje, se uma mercadoria demora mais que 2 dias pra chegar, já desqualificamos a loja virtual.

È certo de que, seja pelo crescimento econômico ou social, ou pela própria maturidade, atingimos patamares de conforto e primamos hoje pela excelência da qualidade. Não basta, por exemplo, um restaurante ter uma saborosa comida. Queremos qualidade, no atendimento, nas instalações, na iluminação, na decoração, no entretenimento. Esse contexto, no entanto, tem haver com o progresso econômico, que faz com que cada vez mais a qualidade de serviços e produtos, seja um (excelente) fator de exigência do público consumidor. Não está diretamente ligado ao comportamento social, tema dessa nossa reflexão.

O que talvez se discuta aqui é a perda do poder do exercício da paciência. Não conseguimos mais, na maioria das vezes, aguardar, esperar ou mesmo respeitar pequenos e por vezes irrisórios atrasos em nossas ações do dia a dia. Num mundo, onde imperam a agitação, a velocidade da informação, as constantes mudanças mercadológicas e profissionais, acredito ser cada vez mais difícil recuperarmos esse poder.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Agressão ou Correção? Crimes contras as crianças




A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe pais de baterem em seus filhos.


É evidente que o ser humano, pelo ritmo de vida dos tempos contemporâneos, se tornou mais frio, mais disperso e mais agressivo. E essa agressividade se revela também em âmbito familiar. Basta lembrar-nos de tantos casos de violência contra esposas e até mesmo contra filhos. Para nos afinarmos nesta reflexão, deixemos de fora casos monstruosos como, por exemplo, o do Nardoni. O que talvez devamos pensar é: qual a fronteira que separa violência contra crianças de uma educação um pouco mais rígida?

Vivenciamos hoje em dia a era do caos, onde tudo é polêmico, tudo é hiper-dimensionado, tudo é confundível. Até que ponto um singelo beliscão aplicado por uma mãe numa criança desobediente pode ser categorizado como agressão?

Qual o parâmetro que a justiça adotará para definir se uma criança foi ou está sendo espancada ou apenas levou uma correção um pouco mais áspera?

Acredito que quase todos conhecemos casos de pais que permitem que seus filhos façam o que querem. E em alguns casos acham até bonito aquele rebento arteiro, desbocado e sem modos. É perfeitamente imaginável que essa criança torne-se um adulto com hábitos desagraveis e de difícil socialização. É a mais perfeita prática do popularesco tratamento "falta-de-educação".

Seria um mundo familiar perfeito se apenas conversas fossem suficientes para direcionar o comportamento infantil para o lado da boa índole. Mas, infelizmente, sabemos que dependendo da personalidade da criança, é necessária a aplicação de castigos ou uma óbvia moderada repreensão física. É o consciente da criança sendo construído para que seu pensamento sempre saiba que se fizer algo errado, terá que pagar por isso. Terá que prestar contas com a sociedade. O ato de corrigir dos pais na infância será a do poder judiciário na fase adulta.

Os efeitos dessa lei podem, por que não, inibir a atitude dos pais nesse tipo de correção disciplinar. Às vezes pequenas repreensões podem gerar denúncias por contas de vizinhos ou outras pessoas próximas, alardeados pela nova lei.

É louvável qualquer iniciativa legislativa que vise proteger e defender a vida saudável e a integridade de seres mais frágeis. Mas nunca é descartável a discussão em torno dos efeitos que essa iniciativa possa causar, tratando-se, principalmente, de algo que envolva mudança de comportamento familiar e social.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

As várias faces da liberdade



Claudia Fernanda sonhava em viver no exterior. Nasceu numa cidadezinha pequena do interior. Filha de carteiro e copeira, a filha do meio de mais três irmãos. Desde cedo, menina recatada, responsável. Sempre com ótimas notas na escola, sempre ajudando a mãe em casa. Desde muito cedo se apaixonou pela língua inglesa. Sonhava em ser tradutora/interprete, mudar pra cidade grande e depois pra fora do país. Mas aos 17 conheceu Roberto. Morador próximo de sua cidade. Rapaz ativo, peão de rodeio, sempre conquistador e boêmio. Em poucos meses de namoro Claudia engravidou do primeiro filho. Aos trancos e barrancos, e contando com a pouca, mas possível ajuda das famílias, o casal alugou uma edícula pra começar a vida e a família. As coisas não foram fáceis. Claudia arrumou um trabalho como atendente de uma quitanda, enquanto o marido cuidava de gado, numa fazenda próxima. Algum tempo depois, veio o segundo filho. O casamento não ia bem. Roberto começou a se envolver com outras mulheres, nas festas de rodeio que freqüentava. Brigas domésticas, dificuldades financeiras. A quitanda onde Claudia trabalhava fechou as portas, e ela ficou meses em casa a procura de nova colocação, tendo que contar com a ajuda de familiares pra sobreviver. Entre brigas e beijos, veio acidentalmente a terceira filha. Se a situação já era difícil, ficou às raias do desespero, quando Roberto morreu num acidente de carro, quando voltava com amigos de uma festa. Tristeza, desespero, agonia, falta de vontade de viver. Tudo isso amenizado por um emprego de doméstica que Claudia conseguiu pra manter seus filhos. O sonho de estudar se formar parece definitivamente enterrado, junto ao corpo de seu marido.

Apesar da única alegria da vida de Claudia vir de seus três rebentos, a pergunta que faço Claudia é livre?

Em nosso cotidiano, costumamos nos deparar com dois tipos clássicos de liberdade: aquela onde nos vemos livres de algo que nos prende (escravidão, presídio), e a do livre arbítrio (escolher nossos caminhos e nossos atos). Mas com base na vida de Cláudia, podemos nos deparar com outro tipo de liberdade: aquela de estar vinculado a uma vida de luta, que gerou felicidades naturais, mas que a impede de ter contato com a vida que ela realmente quer.

Quantas e quantas pessoas se prendem a relacionamentos, empregos, igrejas, moradias, e como o próprio verbo rege, assimila essa vivência como verdadeiras prisões.

Em que pese muitos fatores que levam a isso, segurança, resignação, respeito, conceito de certo e errado, é intrínseco é visível que isso é culpa da própria pessoa. Pois ela mesma se condiciona a essa prisão. Mas às vezes palavras são mais fáceis de serem pronunciadas do que a vivência de situações.

Em suma, são prisões consentidas. A liberdade passa pela janela, mas o preço a pagar por ela é caro demais pela história e pelo caminho percorrido. Voltar e corrigir a rota pode ser dolorido demais.

Em muitos casos a solução talvez resida em tentar ignorar tal sonhada liberdade e colher as pequenas e esporádicas flores perfumadas neste ambiente lúgubre e desolador que tais prisões nos proporcionam.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Que o passado descanse em paz



É inegável que devemos reconhecer os valores do passado.
Nossas raízes, nossas lembranças, nossa educação familiar. A construção de nosso caráter se deu no passado. Muitas das escolhas que fizemos e que hoje vivenciamos - de modo prazeroso ou sacrificante - foram feitas lá. Lá ficaram nossos erros, dos quais procuramos não repetir. Por lá estiveram emoções de algumas fases da vida que hoje não mais podem ser experimentadas.

Quem nunca se deparou com aquelas colocações ideológicas do tipo: recordar o passado, mudar o presente e projetar o futuro?

Mas penso ser muito triste quem vive do passado. Apenas do passado.
O quão comum é ouvir de alguém: "naquela época que valia a pena". Conheço muitas (infelizmente muitas) pessoas que vivem presas a seus passados. Cospem no presente e praguejam apocalpticamente o futuro. Como se nada mais existisse. Como se não valesse a pena nada de novo que possa ser iniciado no hoje.

Triste isso. Vislumbro um cenário muito triste prender-se ao um tempo que já passou por mais maravilhoso que ele tenha sido. Soa pra mim como se a pessoa já tivesse morrido, e nada mais vai vivenciar hoje e amanhã.

Gosto muito do meu presente e do meu futuro. E olho quase que totalmente pra ambos. Mas isso não significa que me esqueci de meu passado, por mais doloroso que ele possa ter sido.

Claro que alguém pode combater minha reflexão com a idéia de que, um idoso de 98 anos, preso a um leito por alguma doença, nunca concordaria com minhas palavras aqui esculpidas. Evidentemente que não. E talvez esse mesmo senhor nem as leria. Mas o intuito daqui é justamente discutir esse tipo de comportamento que partem de pessoas que nem chegaram ainda à metade da vida.

Existe peça de teatro e músicas (da Rita Lee, se bem me recorda) que apontam para o "primeiro dia do resto das nossas vidas".
O termo "resto" aqui aplicado transmite o sentimento de que, o "bom já passou", agora vamos catar o que sobrou. É uma terminologia agressiva demais. É possível sermos mais felizes do que já fomos em todo passado? Eu acredito que sim. Mesmo para aqueles que ontem tinham uma vida social, familiar e econômica invejável e hoje vivem talvez, na marginalidade das ruas. Basta fazer do hoje passado e a partir de amanhã buscar sua melhoria.....O teu futuro vai agradecer.

sábado, 24 de setembro de 2011

O Eu que as pessoas querem ver




Uma das coisas mais difíceis, pra não dizer impossíveis, é enxergarmos com precisão como os olhos dos outros nos vêem. Como nos portamos, como nos relacionamos, como tratamos e destratamos nossos próximos.
Muitas vezes em nosso pensar, estamos oferecendo ao exterior atitudes máximas de compreensão, companheirismo, solidariedade, apoio. Muitas vezes isso ocorre mesmo. Mas muitas outras isso não é bem verdade.

Evidentemente que o que citei acima apenas diz respeito a ações do bem que a vivência social nos permite praticar. Imagine então atitudes corrosivas e dolorosas que praticamos aos outros, sem nos darmos conta disso....

O outro lado também é real. Às vezes algumas pessoas esperam além do limite a prática de nossas ações.
Eu sou daqueles caras chatos que odeiam favor dos outros. Vou a pé, mas não peço carona, por exemplo. Sempre em mente que estou incomodando, e nunca levando em conta que algumas pessoas próximas podem ter prazer em me apoiar, seja da maneira que for. Claro. Sou humano, tenho um container de defeitos. E esse pode ser um deles.

E pelo outro lado da moeda, quantas pessoas conhecemos cujo defeito pode ser exatamente o contrário deste meu? Aquela pessoa pegajosa, que vive no nosso pé, pra tudo. Não descola. Algumas delas, suportamos talvez por tratar-se de pessoa amiga da qual nutrimos grande afeição. Já outras praticamos um "chega pra lá", de forma polida ou agressiva, com muita facilidade.

Algumas pessoas e isso talvez se aplique a nós mesmos, sem que tenhamos ciência, não conhecem muito bem a fronteira entre a real necessidade e a constante dependência, algumas vezes muito cômoda. É aquela velha estória de se ajudar algum pedinte à sua porta. Muitos não o fazem não por falta de humanidade, mas por defender a tese de que essa pessoa necessitada sempre será um pedinte se tiver ajuda constante.

Mas como melhorar nosso "Eu" exterior, se não sabemos exatamente se ele precisa de melhora?
Uma reflexão social junto a amigos seria uma das formas mais diretas de isso acontecer. Mas também sabemos que praticar isso é como encontrar um lírio no deserto. Às vezes nos privamos de diálogo como nossas próprias esposas/maridos e filhos, o que dirá de praticar um "abre-coração" com amigos próximos?

Às vezes nossa consciência nos dá alguns beliscões. "Puxa, não deveria ter falado assim com tal pessoa", "Devo estar mais presente junto desse ou daquele", "Fulano ou fulano precisa me ouvir e fui impaciente". Quantas e quantas vezes a gente não sente isso cutucando a mente....

Algumas pessoas têm um poder de auto-análise muito bom. Diferente de mim, que não tenho a mínima capacidade de imaginar como é minha imagem perante olhos externos. Essas (afortunadas) pessoas por ter essa capacidade, talvez consigam se corrigir constantemente, e por conseqüência, se transformar em alguém muito querido e desejável de se conviver.

Se você não é uma pessoa pública - um político, um líder religioso, um artista - talvez não tenha como necessidade se preocupar tanto com o que as pessoas pensam de você. Mas imagino o quão mais perfeitas seriam as relações humanas se conseguíssemos nos corrigir a partir de nós mesmos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A motivação nossa de cada dia




O substantivo Motivação talvez seja o mais auto-explicativo termo da junção de duas palavras “motivar” e “ação”. Ações são motivadas por meio de muitas causas: obrigação, necessidade, compaixão, companheirismo, e a principal delas, mas nem sempre a mais utilizada: o interesse sincero.

Numa de minhas passagens profissionais, lidei com equipes de venda. E a aplicação da motivação nesse ambiente funcionava como uma ferramenta elementar para o sucesso do objetivo comercial da área. Campanhas, eventos, padrões comportamentais eram freqüentemente inovados com o intuito de motivar cada profissional em questão na busca de atingir suas metas e por conseqüência, seus ganhos.

Mas, mesmo que essa motivação viesse de fora, ou seja, ela tinha que ser imputada no dia a dia de cada profissional, e que por muitas vezes funcionava, acabava por tornando uma ação obrigatória. E, nem sempre algo que é obrigatório, é algo prazeroso de se praticar.

A motivação tem que vir de dentro. As ações que praticamos em nossas vidas sempre vão visar nosso bem estar, material e psicológico. E muitas dessas ações nos causam tensão, stress, desconforto e desgaste.

Acredito, por exemplo, que a grande maioria das pessoas trabalha em algo que não amam fazer. Mas o fazem pela necessidade óbvia. Para essas pessoas, acordar todo dia, enfrentar sempre a mesma rotina entediante é algo que as faz basear os “motivos” dessa “ação” na subsistência. Em contrapartida, pessoas que amam seu trabalho, têm um prazer interno extasiante, que o faz às vezes nem se preocupar com horários, condições ou atritos pessoais. Elas o fazem por prazer, o “motivo” da “ação” nesses casos é a satisfação de desenvolver o trabalho.

Eu costumo sempre usar o exemplo do livro. Quando você ganha um livro, e invariavelmente, trata-se de assunto que nem sempre lhe interessa, você não vai se esforçar muito para sua leitura. Agora, quando você vai à livraria, e paga por um livro cujo teor é algo sublime pra se consumir, você não vê a hora de estar no conforto de sua casa, para poder navegar horas por suas páginas. É a diferença da motivação por obrigação da motivação por prazer.

E isso se aplica a qualquer de nossos momentos da vida. Social, familiar, religiosa, amorosa. Há alguns meses vi uma matéria na TV sobre o jogador Castilho, goleiro que atuou pelo Fluminense na década de 1950. Poucos dias antes de uma final de campeonato, Castilho fraturou o dedo mindinho da mão esquerda, e sua recuperação levaria dois meses. Ou seja, ficaria de fora da final. Questionado, o médico lhe disse que a única maneira de se ter uma recuperação rápida a tempo dele poder jogar em tal final, seria a amputação do dedo. Assim a cicatrização seria rápida e não impediria sua atuação. Castilho não pensou muito, solicitou a amputação e esteve em campo defendendo sua equipe. Sua paixão pelo clube, por estar no grupo nessa final, era sua maior motivação a ponto mesmo de se mutilar. Diferente e muito da quase totalidade dos atletas de hoje que motivam suas ações nós dólares do futebol estrangeiro.

São histórias de vida que ilustram bem a reflexão deste tema. Uma casa nova, uma namorada nova, uma viagem, o nascimento de um filho, uma final de campeonato, são eventos que sempre nos despertam um clímax motivacional que às vezes exalam até pela pele. Que bom se pudéssemos ter essa motivação para as obrigações que enfrentamos diariamente para vivenciar esses eventos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Uma lágrima pela África





Uma reportagem da TV Record mostrou domingo a trágica realidade dos refugiados da seca no chamado "Chifre da África" - conjunção dos países Somália, Etiópia e Quênia, no continente africano. Segundo esse excelente trabalho jornalístico, é a pior seca dos últimos 60 anos na região.

Foi de um impacto profundo ver imagens deste flagelo da humanidade que ceifa vidas lenta e dolorosamente, principalmente de crianças. Ver animais agonizando por falta d’água. Ver campos de refugiados, onde se aglomeram famílias desesperadas pela falta de comida e bebida. Ver crianças, bebês completamente destruídas, em formas físicas praticamente cadavéricas ao aguardo da morte. São cenas fortes e impactantes.
Cenas tão trágicas que nos faz refletir quão felizes somos, no tocante do básico da vida.

Tantos milhões de dólares consumidos em guerras, programas espaciais, luxos aristocráticos, enquanto parte da humanidade perece e se degenera por falta de água.

Evidentemente que não vamos cometer a hipocrisia de dizer que não buscamos nossos prazeres e nosso conforto pelo suor de nosso trabalho no dia a dia. Quem vive em países ricos ou em desenvolvimento, quem vive em classes econômicas acima dos níveis mais baixos, se dá ao direito de realizar contato com (mesmo que pequenas) situações de luxo, envoltas muitas vezes em desperdícios.

Mas, vendo cenas desse tipo não posso mentir que me sinto envergonhado por poder ter certo conforto, poder gastar com cultura, tecnologia, turismo e gastronomia diversa, por mais que eu mereça isso, enquanto centenas de vidas estão se esvairindo e dissolvendo na fome e na sede.

E o infortúnio desse povo é tão trágico, que mesmo muitos setores da humanidade se mobilizem pra arrecadar fundos e ajuda, por muitas vezes guerrilhas urbanas locais impedem que elas cheguem até esses necessitados.

Muitas calamidades já assolaram nossa estória, como pestes, guerras, desastres naturais, e a fome é um mal que sempre se inseriu nesse drama. O que talvez seja muito triste e desolador é o fato que com tanto avanço, desenvolvimento e evolução, não há união nos povos da terra pra sanar as mais simples necessidades de subsistência a seres de países com tão torturante níveis de pobreza.

Só nos resta, das diversas formas que cada um entenda de Deus, é esperar que Ele olhe pra essas criaturas desafortunadas e suas almas.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Alguns valores são incorruptíveis?



Vamos falar agora sobre uma questão, que antes de ser filosófica, abrange muitas mudanças comportamentais no ritmo de vida que enfrentamos neste século.

Abstendo-se do ponto de vista religioso, até que o ponto os três grandes valores do ser humano - humildade, honestidade e serenidade - tem seus níveis intactos durante todas as transformações sociais e econômicas que uma pessoa sofre durante sua vida?

É tão comum encontrarmos uma pessoa muito bem sucedida financeiramente que ostenta um nível agradabilíssimo de humildade, como nos depararmos por pessoas que enfrentam muitas dificuldades de subsistência e detém uma aura de soberba que nos causa náuseas.

Hoje em dia a vida acelerada que vivemos nos exige uma bagagem feroz de adaptações. Não só em âmbito profissional e empresarial. No meio desse tornado de mudanças, esses valores são colocados à prova dia após dia.

Quantas e quantas vezes nos questionamos se nossa maneira serena de tratar pessoas e situações é mesmo válida, em meio a tanta carga de agressões que encontramos constantemente.

Como é difícil sermos corretos com o fisco e sermos bombardeados diariamente com notícias de desvios de verbas, escândalos financeiros e super-enriquecimento de nossos comandantes da nação.

Muitas vezes nossa humildade é questionada por pessoas que não nos conhecem mesmo que superficialmente. Todos vivemos pra progredir, espiritualmente e materialmente. Todos sempre buscamos melhorar nosso patrimônio, móvel e imóvel. Trabalhamos para o bem do nosso conforto. E quando atingimos alguns degraus acima desta escada, podemos transparecer detentores de soberba. E às vezes duvidamos, até pela falta de tempo no lide com os próximos, se realmente não deixamos um pouco nossa humildade ser corroída.

Algumas organizações utilizam-se do ato de servir, para exercitar tais valores. Acredito que isso deveria ser uma reflexão de cada um. Sempre praticando uma releitura do quão pequenos somos perante o universo e o criador.

Evoluir sem corromper nossos valores. Uma missão que se torna cada dia mais difícil.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A Palavra

A palavra é mais poderosa do que jamais pensamos

Ela faz um bebê sorrir
Ela faz a mãe chorar

A palavra traz aconchego
A palavra traz sossego

A palavra pode criar inimizades
Ela pode aproximar
E afastar

A palavra faz amar e faz odiar
A palavra pode levar à vitória
A palavra pode unir
A palavra pode destruir

A palavra mostra força
A ausência dela, derrostismo

A palavra boa é sinal de liderança
A palavra boa quando repetitiva é sinal de falsidade

A palavra em abundância é chata
A palavra em escassês é temerosa

Ela é a parte mais rica de um discurso
E a mais pobre de uma desculpa

É a mais alegre quando o bebê a pronuncia pela primeira vez
É a mais triste quando é a última antes de partir

Ela as vezes dá prazer
Outras dá dor...

Ainda assim, sem ela somos obscuros aos outros
E ainda assim é nossa principal expressão da alma

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Descriminalização da Maconha: Água ou Gasolina?





Os primeiros meses de governo de nossa primeira presidente mulher têm sido, no mínimo, polêmicos. Sua primeira crise política com o caso Palloci, a aprovação da união homoafetiva, as discussões do Kit-Gay e o desfecho do caso Battisti (presente de seu predecessor). Alheio a tudo isso, nasce a discussão, através de movimentos, declarações e passeatas a possibilidade da descriminalização do uso da maconha.

Desnecessário enfatizar que o consumo e tráfico de drogas no país é um problema crônico, influenciando fatores como violência, morte, família e saúde pública. As drogas ilícitas estão presentes hoje em todas as classes sociais. Essa passeata que ocorreu, por exemplo, em prol da descriminalização da maconha (pra ficar claro: deixar de ser crime o uso desta droga) teve motivação de pessoas de classe média/alta.

Não é apenas um grupinho de maconheiros da mais obscura periferia da cidade que está engajado nessa campanha. Gente do porte de Fernando Henrique Cardoso tem opinado contudentemente sobre o assunto, trazendo casos bem sucedidos aplicados em países da Europa. Isso pode ser visto no documentário produzido por Fernando Grostein Andrade, chamado "Quebrando o Tabu" (http://www.quebrandootabu.com.br/).

Todos já ouvimos dizer que a maconha pode ser considerada a porta de entrada para drogas mais pesadas. Essa escalada do vício, claro, deve levar em consideração muitos fatores - faixa etária, situação social e econômica, personalidade. Mas talvez o grande objetivo desta proposta seja acabar com o estigma de proibido, fator com que faz com que muita gente entre nessa. Além de desafogar os trâmites judiciais e policiais.


Será mesmo que, o consumidor de maconha, sabendo que não será indiciado, vai deixar de consumir? Eu vejo exatamente o contrário. Isso soa pra mim como um aumento nas vendas do tráfico, além de dificultar ações de combate ao mesmo. Traficantes e envolvidos irão usar pra si o argumento de consumo (mesmo nas quantidades mínimas estipuladas na Lei) pra encobrir as atividades de tráfico.


Nas festas, boates e demais baladas, onde o consumo hoje é (nem sempre) sutil, haverá uma verdadeira orgia do cânhamo. Crianças e adolescentes que hoje adquirem o vício do cigarro de nicotina comum (nas turmas de escolas, família) vão fazê-lo diretamente com a maconha, e mesmo em casos de menores de idade, não poderão ser repreendidos pela Lei.


Talvez na visão de quem use, não vê crime algum nisso. Sempre haverá o discurso de que inalar fumaça de uma erva não é tão prejudicial à saúde do que as dezenas de substâncias químicas do cigarro convencional. Sempre se esquecendo é claro dos efeitos alucinógenos que a droga oferece. Alinear a mente é alienar a responsabilidade.


É evidente que o nível de responsabilidade difere de pessoa pra pessoa. Como o álcool, que é uma droga lícita, pessoas consomem e não afetam sua vida social e pessoal, e outras destroem vidas e emoções, próprias e alheias.


Enquanto os Estados Unidos cada vez mais tentam combater o consumo do cigarro comum, aqui parece que essa discussão vai gerar efeitos exatamente na contramão desta intenção.


Acho que o fiel da balança será a atuação do Ministério da Saúde. Este é o órgão que deve, com argumentos científicos, embasar o nível de prejuízo que o consumo de maconha traz à saúde de uma pessoa.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A difícil arte de perdoar




O perdão é uma das atitudes mais difíceis que o ser humano encontra para pôr em prática.
Quando nos magoamos com alguém, diferentes níveis de sentimentos transitam em nosso interior. Desde decepção, passando por rancor, e chegando até mesmo ao ódio.

O ato de perdoar é um exercício de intenso mergulho interior, onde nosso orgulho e vaidade são praticamente isolados. Uma viagem aos limites dos sentimentos. Como é uma ação praticamente impossível de mensurar, acredito que pouquíssimas pessoas conseguem fazê-la de verdade.

Quando alguém nos trai, nos rouba, nos fere física ou psicologicamente, é natural, instintivo que taxamos essa pessoa de horrível, monstruosa, alguém de quem se quer distância, quando não muito desejamos todos os infortúnios do mundo a ela.

De um ponto de vista filosófico acho que perdoar é algo sublime, cujo estigma de quem o pratica é de alguém com uma superioridade de vida muito além. Em diversas passagens da Bíblia sempre o perdão se faz constante.

Muitas vezes confundimos relevar com perdoar. Pois acredito que sempre fica uma mancha, uma péssima lembrança do ocorrido.
É bem comum ouvir-se dizer: perdoa-se desde que a pessoa se arrependa do erro cometido e não mais o faça.

Mas em certas situações isso dificilmente se aplica. Tomemos com hipótese uma pessoa que se configure no mais ferrenho dos seguidores religiosos, independente qual caminho seguiu. Essa pessoa faz de tudo para por em práticas os ensinamentos que desenvolve em seu templo. De repente essa mesma pessoa passa por uma tragédia onde perde um filho assassinado. Por mais que pratique os rumos de sua crença, não vejo forças suficientes para que essa pessoa perdoe o assassino em questão.

Mesmo para casos digamos menos trágicos, com pessoas próximas de nosso dia a dia, pessoas com que convivemos familiar, social ou amorosamente, que às vezes fazem coisas e nos sentimos prejudicados, passamos a vê-las, tratá-las ou considerá-las de maneira diferente. Mesmo quando ocorre sem a mínima intenção, carregamos e atribuímos a elas uma carga de culpa, que dificilmente cessa. Muitas vezes até injustamente, diga-se de passagem.

"Talvez" perdoar soe como uma limpeza. Esvaziamos nosso coração de sentimentos ruins e o deixamos apto para coisas novas, boas, motivadoras e regozijastes emoções. Como se fosse retirar o lixo de dentro da casa, como se limpasse a sujeira com água e sabão, deixando um odor agradável para se ambientar.

Mas, em tom de ênfase, praticar isso é uma arte, é realmente algo que se aproxime do divino, de quem detém uma luz muito mais intensa do que a que exalamos a cada dia. Aos olhos externos, não é incomum a pessoa que perdoa ser taxada de idiota, tola. Mas no interior dela com certeza transitam doses incontáveis de felicidade.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Bullying - palavra nova, prática antiga





Muito em voga ultimamente está o tal do bullying.
Atribui-se inclusive ao psicopata protagonista da tragédia na escola do Rio de Janeiro.

A palavra, oriunda do inglês Bully ("valentão) refere-se a atos de violência física ou verbal, praticada com constância contra vítimas incapazes de se defender.

Normalmente praticada em idade escolar, onde os primeiros grupos sociais são formados na vida das pessoas, o bullying agride indefesos, deixando em alguns casos, marcas psicológicas em suas vidas adultas.

Concordo, mas uma coisa também sei.
No mundo moderno a palavra pode ser nova, mas esses atos ocorrem há muito e muito tempo. Quem nunca viu isso em escola? Seja dos anos 50, 60, 70, 80 ou nos atuais?

Os filmes americanos sobre adolescente sempre mencionam ações das fraternidades contra nerds ou esquisitos.
Quem nunca viu o Bart Simpson sofrer nas mãos do Nelson, na série de desenho animado que leva seu sobrenome?

Nunca fui exatamente "agredido", mas tive vivência disso no meu tempo de escola primária (como era chamada na época). Quem nunca viu criança por apelido em criança? Um misto de ingenuidade com os primeiros passos de malícia, faz com a criança invariavelmente atinja outra, principalmente em termos de aparência física. Noções de respeito às diferenças, tolerância, senso de convívio social são elementos que só se instauram na personalidade de uma pessoa numa fase pós-adolescência....(Em muitos casos infelizmente eles nunca chegam.....).

Nem por isso tivemos um exército de psicopatas oriundo de décadas passadas, praticando atos terroristas hoje em dia....

Temos casos isolados, de pessoas com personalidades inconstantes que podem sim ser afetadas por esses atos.
São as mesmas crianças que podem vir a se tornar agressivas ou problemáticas em sua fase adulta, ao verem os pais brigando, ao serem exploradas sexualmente, ao serem escravizadas com trabalho infantil.

E muitas vezes as crianças que sofrem com esses abusos não se manifestam aos pais ou pessoas próximas. Talvez por vergonha, ou por tentar querer esquecer, elas guardam consigo, alimentando e amadurecendo seu ódio.

Outra coisa que podemos colocar em reflexão é a violência muito mais presente hoje na criação de nossos pequenos indivíduos, seja na TV, na família, nas ruas...Com muito mais profusão do que nas décadas passadas.

O Youtube se tornou uma fonte de informação. Recentemente um vídeo que teve bastante repercussão foi a reação de um garoto gordinho que, ao cansar de ouvir gozações de um colega, o agarra e o arremessa ao chão, ferindo-o consideravelmente. Apesar das imagens fortes, o vídeo surtiu um sentimento de justiça pra muita gente. Era a vingança do mais fraco (em termos de coragem pelo menos) contra seu agressor.

Hoje pais e educadores buscam soluções para reduzir essa prática, que nasce no intuito de alguém querer se impor e se sentir melhor que outro. E que se torna poderoso quando ocorre a formação de grupos. Desavenças sociais de cunho infantil e adolescente sempre existiram e sempre existirão. O que acredito que devemos evitar é a facilidade com que a violência conviva nesse meio e expurgar desde cedo nessas crianças a idéia da impunidade. Transformar a "beleza" dessa valentia em punição corretiva.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vidas à mercê da demência humana



Não existem muito mais palavras para impactar ainda mais o transtorno que essa tragédia com as crianças do Rio de Janeiro, assassinadas por aquele demente.


Citar o nome dele é relembrar, dar a ele o que ele queria: seu lugar na história. Ele não deve ser lembrado. Ele sequer merece que saibamos que ele existiu entre nós e que foi chamado de humano.


Estamos à mercê de loucos. Sempre houve dementes que sangraram o mundo com suas demências. Mas a maioria histórica o fez por poder ou fundamentalismo religioso.


Podem dizer quaisquer causas psicológicas, falta de Deus no coração, falta de estrutura familiar, stress da vida moderna, drogas. Mas não é concebível, não consigo processar em meu cérebro a idéia de que, mesmo alguém com tanta alteração psíquica possa ter tanto sangue frio a ponto de fazer tal ato contra seres tão indefesos e inocentes.


Agnósticos ou ateus poderiam questionar onde estava Deus quando essas 13 crianças precisavam de sua proteção? Claro que até mesmo o mais distante crente na fé, sabe que as promessas Dele são além terrestres, e sua influência em nosso dia a dia incide em abrandar corações. Não existirão nunca ações físicas.


Um animal ataca quando se sente ameaçado. Mas um animal não pensa. Não raciocina. Não cria idéias anarquistas ou macabras, não faz nada por vaidade.


Claro que centenas de discussões acerca de reforço de segurança nas escolas vão inundar a mídia nas próximas semanas.


Mas além de nos sentirmos inseguros dentre de nossa casa, dentro de nosso carro, no trabalho ou na diversão, por conta da violência patrocinada pelo bandidismo, temos agora mais uma dose de medo para conviver: a ação de psicopatas.


Mesmo que tornemos as escolas verdadeiros quartéis do exército, talvez não estejamos livres de doentes que possam cometer atos brutalmente similares, em shoppings, igrejas, restaurantes. Quem não se lembra do atirador do cinema do shopping?


Não existe uma solução para que nossos jovens se deixem deturpar. Mas talvez exista um pacote de soluções. Como um coquetel de remédio para tratar uma doença. Um pacote que inclua: educação familiar, escolaridade, combate ao uso de armas.


Enquanto isso, temos que viver sob a aura da loucura. Sangramos na dor junto com esses pais, cuja vida de agora pra frente não poderá viver sem o elemento desespero.


Somos parceiros na dor e no inconformismo deles. Mas somos ao mesmo tempo alvos. Alvos da demência humana.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Liberdade de Expressão X Racismo



A mais recente polêmica, patrocinada pelo deputado Jair Bolsonaro, que em entrevista recente ao programa CQC, da TV Bandeirantes, externou opiniões racistas sobre homossexuais e negros, acende uma discussão delicada entre sociedade, legislação e imprensa.


Até onde o direito de expressar opiniões sai do campo da liberdade de expressão e entra no campo de promoção do racismo e intolerância. Esse deputado vive freqüentando programas de televisão propagando suas idéias. E de tão extremo em suas afirmações, talvez muitos destes programas transformam essas idéias absolutas em combustível para sensacionalismo.


Evidentemente que sempre creio na igualdade entre pessoas e repudio qualquer forma de agressão por diferenças étnicas, sexuais ou religiosas. Mesmo agressões verbais.


Tenho claros meus pensamentos acerca do que acho uma vida saudável socialmente. Qualquer ramo social pode viver decentemente ou como disse o deputado Jair Bolsonaro, promiscuamente. Não importa se hétero, homossexual, hippie, evangélico, umbandista, asiático, índio, não importa qual inclinação a essa ou aquela condição social. O cidadão pode ser uma pessoa honesta, trabalhadora, de boa vivência familiar, de boa índole e educação. Ou pode ser e viver ao contrário de tudo isso.


Somos todos iguais. E por conta disso também sou contra qualquer coisa que especifique ou diferencie uma pessoa. Sou contra quaisquer leis que possam trazer benefícios específicos. Alguém pode dizer que estou sendo confortável em falar disso. Mas eu acredito, por ter vindo de um berço dos mais humildes, tudo que conquistei foi fruto de trabalho árduo, estudo, dedicação. Não sou dono da MMX mineradora, nem Ministro do STF, mas ainda estou lutando pelo meu espaço. E acredito que qualquer pessoa possa ter o espaço e vivenciar o que vivi, não importa a cor da pele, a preferência sexual ou a inclinação religiosa. Todos podem crescer e amadurecer, só depende de cada um.


Não podemos permitir que o ódio às diferenças se transforme em intolerância e agressão. Desde os primórdios de nossa existência, pessoas se matam por diferenças religiosas, milhões foram mortos em guerras por diferenças raciais, gays são atacados por grupos extremistas, negros sofreram muitas agressões e segregações, foram escravizados. Pura e simplesmente porque uma pessoa pensa - e pensa coletivamente - que é melhor que outra.


Mas também temos que ter todo o cuidado pra que nossas opiniões sinceras desde que não ofensivas, sejam consideradas ofensas e incitações gratuitas. Por exemplo, seu eu chego a público e digo: "Não gostaria que meu filho nascesse ou adquirisse tendências homossexuais. Essa é minha preferência, mas se acontecer vou amá-lo e apoiá-lo pra ter uma vida digna". Isso é afrontar alguma organização anti-preconceito? Isso é espalhar ódio racial? Agredir alguém que não pensa ou viva com eu?


A palavra é poderosa. A expressão tem que ser livre, desde que não machuque ninguém.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Fumaça Tóxica, garantida pelo Ministério da Saúde



O assunto agora é cigarro.
Pra deixar claro que este post é tão somente uma reflexão e não uma tendência, gostaria de dizer que não fumo. Experimentei uma vez enquanto pré-adolescente e não gostei. Meu pai fumava, tive namoradas que fumavam, tive e tenho amigos que fumam. Mas não sou daqueles que se incomodam tanto com fumaça de cigarro no ambiente, como muita gente que conheço.

O que me motivou a levantar a idéia a seguir foi um cartaz que vi recentemente num posto à beira de rodovia.

O Ministério da Saúde lançou em 2001, uma campanha onde obrigou os fabricantes a estamparem fotos chocantes nos maços de cigarro, no intuito de tentar reduzir o consumo. Imagens fortes, de pessoas em estado terminal, fetos, pessoas mutiladas. Além da obrigatoriedade de exibir mensagens informando dos males do produto, em jornais, TVs, rádio e em qualquer veículo de mídia.

Mas mesmo assim eu acredito que a pessoa que tenha dependência do cigarro pouco vai mudar seu hábito por conta destas campanhas, pelo menos quase todas as pessoas que conversei disseram que isso não faz efeito.

Mas o que eu realmente gostaria de saber é o seguinte: se o Ministério da Saúde afirma que: "Este produto tem mais de 4.700 substâncias tóxicas.....", "...que causa dependência física e psicológica...", porque ele o libera para o consumo?

Eu lhe pergunto, se você freqüentasse uma piscina que tivesse o seguinte cartaz: "Esta água contém substâncias químicas que fazem mal à saúde", você deixaria seu filho se banhar nela?

Se fosse ao supermercado e no açougue tivesse o seguinte aviso: "A carne vendida aqui tem 5.000 substâncias químicas", você compraria algo pra servir no seu jantar familiar?

Se estivesse num shopping ou em qualquer outro lugar público, e lá se deparasse com dois bebedouros. Um deles dizia: "Água Pura", e o outro: "Água com substâncias cancerígenas". De qual dos dois você se utilizaria pra saciar sua sede?

Evidentemente que sabemos dos interesses econômicos que ocorrem por traz da venda de cigarros. Impostos arrecadados, empregos, ações, muitos agentes sociais envolvidos.

Se os Estados Unidos estão sofrendo pra impedir o consumo aberto de tabaco por lá, imagina a guerra de interesses que seria por aqui....

Mas é impossível não ser racional o mínimo que se possa ser, e pensar que nosso Ministério da "Saúde", libera pra consumo público algo que faz mal à "saúde". Pelo menos pra mim isso é incoerência.

Também brinca de ser óbvio o fato de que muitos alimentos vendidos que contém conservantes, bebidas alcoólicas, também possuem muitos elementos químicos em sua fabricação. Mas nenhum deles necessita de alertas tão tonificados quanto os avisos dos maços de cigarro.

Com respeito a quem consome, mas esses avisos me lembram mais aquela caveira estampada em vidros de veneno.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Melhorar


Os dicionários descrevem o verbo melhorar como o ato de tornar algo melhor. Fugindo da obviedade, os dicionários categorizam o termo melhor de várias formas, "Mais bem, de modo mais perfeito, com mais justiça ou verdade, com mais apreço, comparativo irregular de bom, que é mais bom, superior a outro em bondade ou em qualidade". Em suma sair de um estágio e ir para outro, acarretando satisfação pela mudança.

Na vida moderna, a nossa melhora geralmente está vinculada às melhoras de nossos bens e pertences. Melhorar o padrão de nossa residência, melhorar o modelo do carro, melhorar o nível de decoração, melhorar o guarda-roupa e o que tem dentro dele.

Do ponto de vista orgânico, melhora-se saudavelmente, seja curando-se de algum mal que lhe atormenta, seja melhorado a aparência física.

Do ponto de vista social, melhora-se o cargo, o emprego, melhoram-se os resultados de sua empresa, melhora-se a organização de seu ambiente de trabalho.

Um time de futebol tem um certo desempenho; aplicando-lhe melhorias, vai obter resultados mais abrangentes, ou seja vai ter mais vitórias.
Uma músico ou banda quando melhora seu desempenho, pratica melhores shows e melhores composições.

Ou seja, deixamos pra traz resultados indesejados e passamos a ter outros que nos satisfazem mais.

Mas talvez a grande melhora que devamos buscar, mesmo que não consigamos no ver externamente, é a melhoria como ser humano. Essa é uma mudança tão complicada.

Filosofias orientais pregam que o amadurecimento do espírito faz o ser humano ter atitudes mais racionais e comedidas.

Todo mundo acha é bom. Acha que é o mais trabalhador, acha que o mais justo, o mais inteligente, o mais sensato.

Difícil enxergamos nós mesmos como realmente somos aos outros.

Muitas vezes devemos nos perguntar, será que somos tão pacientes como acreditamos ser? Será que ajudamos pessoas atacando as suas verdadeiras necessidades? Será que somos tão amigos assim de nossos amigos? Será que somos tão bem educados? Será que somos os melhores pais, maridos e esposas do mundo, como acreditamos ser?

É evidente que, em nosso meio social, nos deparamos com pessoas extremamente agradáveis, daquelas que se dá gosto conviver e outras no exato sentido contrário, que só de pensar, bate aquela vontade de estar a milhares de quilômetros de distância. Mas tanto essa pessoa extremamente alegre e que exala luz, quanto o seu reverso, que é rude e emburrado, não têm a exata noção de como eles são aos olhares e ouvidos alheios.

E no meio deles estamos nós, levando lampejos de luz de um e de trevas do outro às pessoas a nossa volta.

O que sei é que algo bom querer melhorar como ser humano.

Eu costumo dizer que ninguém é perfeito. Mas buscar a perfeição, usando-se de bom censo, é algo extremamente positivo.

Tentar melhorar já é melhorar.
O pouco que conseguirmos com essa tentativa, nos trará bons frutos juntos às pessoas de nosso convívio, e por conseqüência, resultados mais felizes.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O amargo veneno do escorpião



Este ano deve estrear nos cinemas o filme baseado no livro "O Doce Veneno do Escorpião", de autoria de Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna Surfistinha, ex-garota de programa.

O filme cria muita expectativa, acerca de sua produção e seus atores conhecidos. Afinal é sempre desafiador pra quem vive da arte cênica interpretar personagens que vivem na marginalidade, ou envoltos em tabus.

Mas será que a estória (ou as estórias) de vida de uma garota de programa, estampadas numa película de um longa, não se aproxima muito de uma heroização muito pretensiosa de algo que no meu entender não merecia tanto?

Acredito ser desnecessário relembrar e enfatizar meu respeito às escolhas de cada um, a forma como conduzem e vivem a vida e mostrar o quão nulo é algo que não vive em mim: o preconceito.

Minha avó Maria de Jesus, veio de Portugal no começo do século passado, de navio, casada novinha, teve nove ou mais filhos, veio enfrentar uma terra desconhecida, cuidar de lavoura, enfrentar as barras de uma vida sem muitas expectativas, recursos ou vislumbres de riqueza.
Assim como ela, milhares de imigrantes de todas as raças assim o fizeram.

Será que essa estória de vida não seria algo que mais se aproximava de uma brava e heróica epopéia?

Não queria aqui banalizar a discussão daqueles jargões populares na linha: "lavar roupa ninguém quer".

A prostituição é um assunto polêmico, desde as eras bíblicas. Por isso mesmo ilustra hoje as palavras deste post.

Em entrevista ao programa do Jô Soares a autora do livro (também atriz de filmes pornográficos), afirma que chegou a situações onde manteve relações com cinco pessoas ao mesmo tempo.
Pra alguns isso seria heróico, pra mim não.

Entendo as dificuldades da vida, muito bem obrigado. Vivemos num país em desenvolvimento mas com pés e mãos ainda no terceiro mundo. Oportunidades de bons empregos e crescimento pessoal são cada vez mais disputadas. Mas tudo isso não seria desculpa pra se vender o corpo, perder os valores próprios, os valores de honra. Uma das coisas mais preciosa de uma pessoa é sua intimidade, que acredito deva ser compartilhada de maneira especial e emotiva. Não de uma forma brutalmente comercial.

Evidentemente que a classe dos profissionais do sexo tem a visão deles e não concordariam muito com alguns dos pontos de vista aqui sinalizados.

Em suma, a intenção deste post não é deflagrar opiniões acerca do conceito de sexo por dinheiro mas sim colocar em discussão em torno de uma vanglorização exarcebada que um filme possa dar a atividades marginais (pros mais desatentos, atividades que vivem à margem dos padrões sociais) em detrimento a outras estórias de vida consistentes de suor, sangue, amor, dedicação e fé.

Muito mais dignas, em minha opinião, de simbolizar heroísmo.

Cinema é arte, e arte não deve ter limites. Deve navegar pelo belo, pelo bizarro, pela angústia, pela alegria, pelo medo e pelo prazer.

Mas cinema biográfico tem lá sua parcela de impacto social.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ano Novo......Novo?


Mais um novo ano.

E as mesmas aporrinhações de sempre......
Reality shows "globais", praias lotadas, os preços disputando campenonato de salto com vara, trânsitos caóticos por conta das "garoas" tradicionais de janeiro, IPVA, promessas de regimes...

O verão. Época linda. De pouca roupa, sorvete, cerveja com gosto melhor, época de sonhos, de amores, de férias e descanso...

Sempre quando se inicia um ano, parece que morre o passado e começa o futuro. Apenas uma mundança de calendário que parece marcar o fim de uma era. Como se 01 de Janeiro fosse o início de um novo mundo, de uma nova vida....

Então tá...Peguemos carona nessa idéia mística.....
Já que é "ano novo", "vida nova"...Então façamos um pacto..

Peguemos essas promessas de renovação, mudanças, planos ambiciosos, renovações espirituais, e as transformemos em coisas reais...

O já tradicional regime, que o faça pra valer...
Troque de carro amanhã então..

Fale pra aquela colega de classe, de trabalho, que você a quer muito, quer amá-la, conhecê-la
Dê entrada no seu apartamento, dane-se os riscos, o temor...
Faça as pazes com aquela pessoa que te atormentou tanto nos últimos meses...Dê o primeiro passo...

Você é dono do seu mundo e do seu futuro, faça acontecer.....

Comece amanhã a tornar os planos reias, porque 31 de dezembro de 2011 tá logo ali...

Pague aquela promessa que fez..
Quer fazer plástica no corpo? Vá atras......Manda ver
Cansado do atual emprego? Do atual patrão? Do atual salário? Então despache dezenas de curriculuns por aí, busque o classificados, headhunter, agências de emprego, estude hoje mesmo pra concursos públicos....

Quer economizar? Então não vá no bar que quer ir hoje......Não compre a trufa que estão te oferendo na porta da empresa...Deixa pra comprar o sapato daqui a alguns meses.......

Quer comprar aquele sapato caro que tanto titubeou ano passado? Vai na loja e parcele em 5 vezes...

E aquela viagem? Porque não começar a pagar amanhã?

O mundo não vai parar de girar, mais algumas dezenas de milhares de 01 de Janeiro ainda vão dar as caras por aqui...
Mas tua vida, não vai ficar aqui muito tempo não..

Então misture sonhos, responsabilidades, inteligencia, ambição e planejamento, tempere com um pouco de audácia...E vá atraz de realizar o que você tanto quer....

Porque lá na frente, pode apostar comigo, mesmo que um de nós não estará mais aqui pra receber, VOCÊ VAI SE ARREPENDER DE NÃO TER TENTADO.........

Como se ouve muito em músicas (de bom gosto, claro) por ai.....Fight for your life, fight for your dreams...