quinta-feira, 31 de março de 2011

Liberdade de Expressão X Racismo



A mais recente polêmica, patrocinada pelo deputado Jair Bolsonaro, que em entrevista recente ao programa CQC, da TV Bandeirantes, externou opiniões racistas sobre homossexuais e negros, acende uma discussão delicada entre sociedade, legislação e imprensa.


Até onde o direito de expressar opiniões sai do campo da liberdade de expressão e entra no campo de promoção do racismo e intolerância. Esse deputado vive freqüentando programas de televisão propagando suas idéias. E de tão extremo em suas afirmações, talvez muitos destes programas transformam essas idéias absolutas em combustível para sensacionalismo.


Evidentemente que sempre creio na igualdade entre pessoas e repudio qualquer forma de agressão por diferenças étnicas, sexuais ou religiosas. Mesmo agressões verbais.


Tenho claros meus pensamentos acerca do que acho uma vida saudável socialmente. Qualquer ramo social pode viver decentemente ou como disse o deputado Jair Bolsonaro, promiscuamente. Não importa se hétero, homossexual, hippie, evangélico, umbandista, asiático, índio, não importa qual inclinação a essa ou aquela condição social. O cidadão pode ser uma pessoa honesta, trabalhadora, de boa vivência familiar, de boa índole e educação. Ou pode ser e viver ao contrário de tudo isso.


Somos todos iguais. E por conta disso também sou contra qualquer coisa que especifique ou diferencie uma pessoa. Sou contra quaisquer leis que possam trazer benefícios específicos. Alguém pode dizer que estou sendo confortável em falar disso. Mas eu acredito, por ter vindo de um berço dos mais humildes, tudo que conquistei foi fruto de trabalho árduo, estudo, dedicação. Não sou dono da MMX mineradora, nem Ministro do STF, mas ainda estou lutando pelo meu espaço. E acredito que qualquer pessoa possa ter o espaço e vivenciar o que vivi, não importa a cor da pele, a preferência sexual ou a inclinação religiosa. Todos podem crescer e amadurecer, só depende de cada um.


Não podemos permitir que o ódio às diferenças se transforme em intolerância e agressão. Desde os primórdios de nossa existência, pessoas se matam por diferenças religiosas, milhões foram mortos em guerras por diferenças raciais, gays são atacados por grupos extremistas, negros sofreram muitas agressões e segregações, foram escravizados. Pura e simplesmente porque uma pessoa pensa - e pensa coletivamente - que é melhor que outra.


Mas também temos que ter todo o cuidado pra que nossas opiniões sinceras desde que não ofensivas, sejam consideradas ofensas e incitações gratuitas. Por exemplo, seu eu chego a público e digo: "Não gostaria que meu filho nascesse ou adquirisse tendências homossexuais. Essa é minha preferência, mas se acontecer vou amá-lo e apoiá-lo pra ter uma vida digna". Isso é afrontar alguma organização anti-preconceito? Isso é espalhar ódio racial? Agredir alguém que não pensa ou viva com eu?


A palavra é poderosa. A expressão tem que ser livre, desde que não machuque ninguém.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Fumaça Tóxica, garantida pelo Ministério da Saúde



O assunto agora é cigarro.
Pra deixar claro que este post é tão somente uma reflexão e não uma tendência, gostaria de dizer que não fumo. Experimentei uma vez enquanto pré-adolescente e não gostei. Meu pai fumava, tive namoradas que fumavam, tive e tenho amigos que fumam. Mas não sou daqueles que se incomodam tanto com fumaça de cigarro no ambiente, como muita gente que conheço.

O que me motivou a levantar a idéia a seguir foi um cartaz que vi recentemente num posto à beira de rodovia.

O Ministério da Saúde lançou em 2001, uma campanha onde obrigou os fabricantes a estamparem fotos chocantes nos maços de cigarro, no intuito de tentar reduzir o consumo. Imagens fortes, de pessoas em estado terminal, fetos, pessoas mutiladas. Além da obrigatoriedade de exibir mensagens informando dos males do produto, em jornais, TVs, rádio e em qualquer veículo de mídia.

Mas mesmo assim eu acredito que a pessoa que tenha dependência do cigarro pouco vai mudar seu hábito por conta destas campanhas, pelo menos quase todas as pessoas que conversei disseram que isso não faz efeito.

Mas o que eu realmente gostaria de saber é o seguinte: se o Ministério da Saúde afirma que: "Este produto tem mais de 4.700 substâncias tóxicas.....", "...que causa dependência física e psicológica...", porque ele o libera para o consumo?

Eu lhe pergunto, se você freqüentasse uma piscina que tivesse o seguinte cartaz: "Esta água contém substâncias químicas que fazem mal à saúde", você deixaria seu filho se banhar nela?

Se fosse ao supermercado e no açougue tivesse o seguinte aviso: "A carne vendida aqui tem 5.000 substâncias químicas", você compraria algo pra servir no seu jantar familiar?

Se estivesse num shopping ou em qualquer outro lugar público, e lá se deparasse com dois bebedouros. Um deles dizia: "Água Pura", e o outro: "Água com substâncias cancerígenas". De qual dos dois você se utilizaria pra saciar sua sede?

Evidentemente que sabemos dos interesses econômicos que ocorrem por traz da venda de cigarros. Impostos arrecadados, empregos, ações, muitos agentes sociais envolvidos.

Se os Estados Unidos estão sofrendo pra impedir o consumo aberto de tabaco por lá, imagina a guerra de interesses que seria por aqui....

Mas é impossível não ser racional o mínimo que se possa ser, e pensar que nosso Ministério da "Saúde", libera pra consumo público algo que faz mal à "saúde". Pelo menos pra mim isso é incoerência.

Também brinca de ser óbvio o fato de que muitos alimentos vendidos que contém conservantes, bebidas alcoólicas, também possuem muitos elementos químicos em sua fabricação. Mas nenhum deles necessita de alertas tão tonificados quanto os avisos dos maços de cigarro.

Com respeito a quem consome, mas esses avisos me lembram mais aquela caveira estampada em vidros de veneno.