A mais recente polêmica, patrocinada pelo deputado Jair Bolsonaro, que em entrevista recente ao programa CQC, da TV Bandeirantes, externou opiniões racistas sobre homossexuais e negros, acende uma discussão delicada entre sociedade, legislação e imprensa.
Até onde o direito de expressar opiniões sai do campo da liberdade de expressão e entra no campo de promoção do racismo e intolerância. Esse deputado vive freqüentando programas de televisão propagando suas idéias. E de tão extremo em suas afirmações, talvez muitos destes programas transformam essas idéias absolutas em combustível para sensacionalismo.
Evidentemente que sempre creio na igualdade entre pessoas e repudio qualquer forma de agressão por diferenças étnicas, sexuais ou religiosas. Mesmo agressões verbais.
Tenho claros meus pensamentos acerca do que acho uma vida saudável socialmente. Qualquer ramo social pode viver decentemente ou como disse o deputado Jair Bolsonaro, promiscuamente. Não importa se hétero, homossexual, hippie, evangélico, umbandista, asiático, índio, não importa qual inclinação a essa ou aquela condição social. O cidadão pode ser uma pessoa honesta, trabalhadora, de boa vivência familiar, de boa índole e educação. Ou pode ser e viver ao contrário de tudo isso.
Somos todos iguais. E por conta disso também sou contra qualquer coisa que especifique ou diferencie uma pessoa. Sou contra quaisquer leis que possam trazer benefícios específicos. Alguém pode dizer que estou sendo confortável em falar disso. Mas eu acredito, por ter vindo de um berço dos mais humildes, tudo que conquistei foi fruto de trabalho árduo, estudo, dedicação. Não sou dono da MMX mineradora, nem Ministro do STF, mas ainda estou lutando pelo meu espaço. E acredito que qualquer pessoa possa ter o espaço e vivenciar o que vivi, não importa a cor da pele, a preferência sexual ou a inclinação religiosa. Todos podem crescer e amadurecer, só depende de cada um.
Não podemos permitir que o ódio às diferenças se transforme em intolerância e agressão. Desde os primórdios de nossa existência, pessoas se matam por diferenças religiosas, milhões foram mortos em guerras por diferenças raciais, gays são atacados por grupos extremistas, negros sofreram muitas agressões e segregações, foram escravizados. Pura e simplesmente porque uma pessoa pensa - e pensa coletivamente - que é melhor que outra.
Mas também temos que ter todo o cuidado pra que nossas opiniões sinceras desde que não ofensivas, sejam consideradas ofensas e incitações gratuitas. Por exemplo, seu eu chego a público e digo: "Não gostaria que meu filho nascesse ou adquirisse tendências homossexuais. Essa é minha preferência, mas se acontecer vou amá-lo e apoiá-lo pra ter uma vida digna". Isso é afrontar alguma organização anti-preconceito? Isso é espalhar ódio racial? Agredir alguém que não pensa ou viva com eu?
A palavra é poderosa. A expressão tem que ser livre, desde que não machuque ninguém.
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