segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A intolerância nossa de cada dia



Que o mundo mudou muito nos últimos 30 anos, até o coqueiro do meu jardim sabe disso.

Que a multiplicação das atividades, das comunicações, das possibilidades sociais, multiplicou o ritmo de vida das pessoas, até uma criança de 3 anos que começa a ter aulas de inglês hoje em dia, sabe disso.

Aliada à explosão demográfica e os problemas que ela originou, a luta cada vez mais feroz pela sobrevivência fez com que o ser humano se tornasse intolerante.

Essa intolerância faz com que não ajudemos mais as pessoas como fazíamos no passado. Nos faz ser mais egoístas, nos fechar em nossos mundos.

Um fato que ocorreu esses dias me fez pensar muito nisso. Estava numa bela tarde de fim de expediente, com um trânsito tolerável, mas chato a minha frente.

Na pista a minha direita, pouco a frente um veículo parou por problemas mecânicos, conduzido por uma senhora.

O motorista do carro a minha frente parou seu veículo, e consecutivamente parou a fila de carros na minha pista. E foi empurrar o carro da senhora, retirando da pista do meio e conduzindo-o ao acostamento.

Uma atitude louvável, que nem eu fiz, apenas cumprimentei-o com um sinal positivo. Mas, inacreditáveis foram os xingamentos de motoristas que estavam atrás da fila de nossa pista. Como que criticando aquele bondoso homem por ter ajudado à senhora.

Uma inversão de valores. Pessoas querem cuidar de suas vidas, fingindo que não há ninguém a nossa volta precisando de ajuda. E pior, criticando acidamente quem o faz.

É o Império do Egoísmo.

Não estou me excluindo disso. Este ritmo de vida contamina a todos. O que talvez temos que ter é consciência e tentar reduzir o máximo possível os efeitos dessa intolerância.

Essa intolerância não está apenas nas ruas, com pessoas desconhecidas. Isso floresce também dentro dos lares. Até mesmo entre pais e filhos. Marido e mulher. Irmãos.

O quão comum hoje é a preferência que muitos maridos e esposas dão a encontros com amigos após o expediente do que a companhia de sua família? Jovens hoje podem ficar dias, semanas sem conversar com seus pais e irmãos. Mas tire uma só noite o Orkut deles pra ver o que acontece......

As relações humanas enfim estão cada vez mais frias.
Evidentemente que existem as maravilhosas exceções. Pessoas que ajudam e trabalham para instituições de caridade, pessoas que mesmo sem compromissos, visitam idosos em asilos, crianças em hospitais, ajudam pessoas carentes das ruas. Mesmo sendo desconhecidos.

Será que a tecnologia e o ritmo dos novos tempos estão matando dentro de nós nosso lado humanitário, solidário, sociável e participativo?

Eu ainda acredito no ser humano. No lado bom do ser humano. Acredito em mudanças. Acho que podemos, mesmo num ritmo frenético e alucinante de vida, voltar a cultivar dentro da gente esse lado solidário, acreditar que 10 minutos de nosso tempo pode significar uma doação de vida pra quem está agoniado ao nosso lado.

Só precisamos aprender a enxergá-lo novamente.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Os Dois Natais



O que é Natal? Pergunta que ao mesmo tempo soa brega, faz muito sucesso nessa época de fim de ano.

Não precisa forçar muito o motor do cérebro pra entender que existem 2 natais. O religioso e o comercial.

Vamos, por respeito à histórica e duradoura vida do cristianismo, falar do primeiro.
Celebra-se em 25 de Dezembro o nascimento de Cristo. Mesmo que já fora provado que Ele não tenha nascido nessa data, que muitas religiões apontam sinais bíblicos de que isso realmente não aconteceu, que somente a partir do 5º século que a Igreja Católica Romana instituiu oficialmente a celebração da data, mesmo que nos dias atuais a mesma igreja admite que o filho de Deus não tenha nascido nessa data, a grande maioria das igrejas cristãs "celebram" este aniversário.

Mas a celebração da NATALidade movimenta a fé de muita gente. Seus ritos e suas supostas reafirmações da fé estão presentes na maioria dos lares deste planeta, especialmente no Brasil, a nação mais católica que existe.

Mas será mesmo que o personagem principal desta festa é mesmo o salvador?

Eu penso que até mesmo a grande massa de católicos, nos dias que precedem o Natal, esteja mais preocupada com as compras de presentes, planos para férias, volumosas iguarias para a ceia, o almoço, do que explodir seu coração com um forte símbolo de fé como esse.

Ora, se quem "celebra" aniversário em 25 de Dezembro é Cristo, porque existe esta tradição de dar presentes a outras pessoas?

É uma época onde o comércio ferve, aquecido pelos bolsos cheios de 13º salário, bônus e outros tipo de renda extra que o fim de ano proporciona.

É uma época onde o Papai Noel (ô figura sinistra essa) toma a atenção das crianças, das lojas, das propagandas de todo tipo.

Essa figura que foi americanizada (vermelho e branco) de um certo São Nicolau (Saint Nicholas) e adotada pelos brasileiros. Assim como os pinheiros com neve, bem "comuns" em nosso verão.

O Natal Comercial é a celebração do consumo, dos exageros gastronômicos, dos abraços falsos de pessoas que se odeiam o ano inteiro.

Empresas fazem amigos secretos, empresas fazem festas onde os funcionários enchem a cara.
Os supermercados, os açougues, as lojas esvaziam seus estoques.
Não vejo nada errado, pois isso acelera a economia, gera empregros, garante empregos. Quem jamais pensou em trocar de carro no fim de ano, comprar uma geladeira nova, ir pra praia, renovar o guarda-roupa?

O que questiono é que os 2 Natais se fundem e o primeiro perde o sentido de ser, mesmo sendo apenas uma celebração cultural.

É uma data histórica que nunca vai mudar.

Mas que não me convence. Pode apostar seu filtrado e seu frango assado nisso.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A Cúpula da Hipocrisia



Tudo muito lindo. Tudo radiante.
Os países estão se "unindo" para controlar os estragos ambientais que estão fazendo ao planeta.

Neste final de 2009, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi agraciado com o prêmio Nobel da Paz, em consequência de "seus esforços para reduzir os estoques de armas nucleares e por seu trabalho pela paz mundial".
Será mesmo?

Durante a Cúpula do Clima, em Copenhague (Dinamarca), o novo dono do "Nobel da Paz", pediu que mundo enfrente "unido" o aquecimento global.

Opa....Peraí......

"Unido"?

O Estados Unidos não assinaram o Tratado de Quioto (1997-1999) que abria para países compactuarem com medidas econômicas, sociais e tecnológicas que pudessem reduzir os danos ao clima do planeta, já drásticos à época.

Bush se recusou a assinar, por conta de danos irreparáveis à economia americana que o Tratado poderia causar.

Isso é união?

A ex-governadora do Alasca e ex-candidata à vice-presidência pelo Partido Republicano, Sarah Palin, declarou o seguinte nessa convenção de Copenhague:

"Não podemos dizer com certeza que a atividade do homem causa mudanças climáticas", no entanto, "podemos dizer que qualquer possível benefício da proposta para a redução (das emissões) de gases estufa está longe de recompensar os custos econômicos".

É lindo a nação mais rica e poderosa do planeta dizer que os países devem se unir para combater um problema de ordem mundial, quando ela mesma se recusa a participar de programas de "união mundial".

Deveriam criar o prêmio "Nobel da Hipocrisia".

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Reabastecendo



Após um ano marcado por conquistas, desilusões, mágoas, revoltas, esperanças (aliás, como todo mundo tem...), vamos virar a página, certo?


Queridos e respeitados leitores e amigos, ano que vem, talvez verão alguém aqui até mais ácido, criativo, pensativo, refletivo........


Aquela frasezinha tosca, vale às vezes, o que não mata, fortalece......


2.010 o que espero desse blog é atropelar qualquer padrão comum de informação e pensamento, e falar a linguagem de cada um de nós, dos leitores que acompanham o espaço com feeling...


É dar algo a se pensar....


Que se afaste o boring, que se afaste o trivial, o insoço, o banal.....


Quem pisar aqui, espero que se depare com algo bem esclarecido e polêmico....


Se não for assim, melhor é sair fora....


Mas vocês sabem que eu não saio fora.....


Eu cutuco, incendeio e coloco às favas...


Mesmo que não seja sempre tão politicamente correto....



See you soon

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O perigo do ódio coletivo



O caso da estudante Geisy Arruda, que chegou a tomar bom espaço da mídia internacional semana passada, expulsa da faculdade Uniban por ter frequentado a entidade trajando roupas provocantes traz à tona uma realidade bem comum nos meios sociais.

Em que pese a atitude, em minha opinião, exagerada da entidade ao expulsá-la (mesmo que reintegrada posteriormente).

Em que pese a atitude da própria, que mesmo diante de tantas desculpas, parecia mesmo querer se mostrar com tais trajes.

Mas o mais alarmante é o perigo do ódio coletivo. Manifestações de hostilização isoladas são comuns em qualquer situação. Mas o que se viu, e se noticiou, foi a investida coletiva de dezenas de jovens, tomados por um sentido coletivo de indignação, o que levou a romper a barreira da comunicação verbal e adentrar ao campo da agressão física.

Mesmo que 10/20 pessoas viessem a ofendê-la moralmente, mesmo que politicamente incorreta, seria uma atitude de protesto, que partindo de alunos ingressantes numa universidade, qual forma mais racional não seria do que reclamar junto à direção de tal entidade?

Mas a agressão física não tem justificativa em caso algum.

Claro que muito se exagerou também. A tal vítima não teve ferimentos. Mas as imagens mostram que a hostilização esteve sim bem avizinhada à agressão.

Isso remonta outros casos onde o ódio coletivo atropela as raias do bom censo e respeito às diferenças.

Briga de torcidas organizadas. Invariavelmente quando ocorre, muitos torcedores de um mesmo time, agridem, destroem propriedades e até tiram a vida de torcedores rivais, sem pensar em consequências ou na própria razão do ato em si. O que importa nesse caso é defender o gosto por seu time, mesmo que cause prejuízos vitais a outros.

Talvez a origem deste ódio coletivo seja o mesmo que as crianças que nascem em berços judeus e palestinos têm. Elas aprendem a odiar antes de entender o conflito secular. Quando juntas ou em bando, transformam aquele ódio em combustível para destruição.

E assim foi em muitos casos, aqui mesmo no Brasil, de skinheads contra homossexuais e por aí vai.

Parece que a total perda de controle, quando de defende um simples ponto de vista, faz com o esses integrados percam a noção de que agredir, fazer mal, matar alguém que não esteja de acordo com os seus pontos de vista, seja uma solução prática para engrandecer sua causa.

Muitas explicações podem ser jogadas ao vento nesses casos. Falta de educação familiar, falta de
comportamento cristão, a convivência violenta do jovem do século 21, impunidade judicial. Ou todas elas juntas. Seja como for, o ódio coletivo está se tornando infelizmente um perigo cada vez mais próximo da sociedade.

É o homem investindo contra o próprio homem. Apenas por uma diferença de pensamentos e filosofia.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um ótimo exemplo do emprego do dinheiro público



É uma característica muito comum do ser humano reclamar. Quando algo não vai bem, antes mesmo de pensar em soluções é instintivo a atitude de reclamar.

Quando pensamos então nos serviços públicos que nos abastecem nesse país, virou na verdade uma mania nacional.

Claro que não podemos deixar de responsabilizar os orgãos governamentais por tão lastimável desabastecimento popular, no que tange a saúde, a educação, a segurança.

Mas gostaria de fazer algo diferente hoje. Elogiar um serviço público.

Necessitei hoje de um deles, e pela primeira vez fui conhecer o tal progama Poupa Tempo, do Governo de SP.

Quando adentrei ao posto de atendimento do serviço fiquei maravilhado com o que vi.
Instalações enormes, bem planejadas, atendentes para informação a cântaros.
Um deles me indicou o setor no instante que ficou sabendo da minha necessidade. Quando me dirigi ao tal setor, outro atendente me encaminhou para a área do serviço desejado. Um setor de triagem adiantou os documentos necessários para meu propósito, me entregou uma senha e me encaminhou à sala de espera. Em menos de 5 minutos o luminoso chamava meu número e confortavelmente sentado fui atendido com simpatia e agilidade pela encarregada do serviço. Até o atendimento foi diferenciado, com ela me questinando se eu havia entendido e se tinha mais alguma dúvida. E ao final, um suporte com um teclado para o cidadão avaliar o serviços prestados. Sinal claro de que, pelo menos, está sendo medido e avaliado pelo cidadão os serviços deste programa.

Saí de lá com sensação de que faz muito tempo de um serviço público não me deixava tão satisfeito, a ponto de não me recordar de outro tão positivamente prestativo.

Se olharmos do ponto de vista racional, não temos obrigação de elogiar algo que é obrigação do governo, atender a contento ao cidadão.

Mas estamos tão acostumados com o deserviço, desrespeito e a burocracia de nossos adorados órgãos públicos que nos dá prazer dizer que um deles funciona como deveriam funcionar todos.

Pelo que pesquisei, são 15 postos em todo o estado, sendo 11 no interior.

A gente se enche se satisfação em saber que finalmente o dinheiro público está sendo empregado num programa que realmente atende à pópulação.

Quem dera se todo serviço público funcionasse dessa maneira.

Quem sabe os governos estadual e municipal, não adequem os demais serviços públicos utilizando o padrão Poupa Tempo.

Assim quem sabe, essa mania nacional de reclamar não perca forças nas próximas décadas.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Covil


O mundo corporativo moderno se traduz numa perfeita selva urbana. Valores como bondade, lealdade, sinceridade e uma infinidade de “dades” são atributos mínimos devotados. Passa-se por cima de tudo em busca da sobrevivência ou pela ganância de crescer e atingir patamares mais elevados na escalada da carreira.

Numa selva “animal”, o leão persegue a zebra pra devorá-la e saciar suas necessidades básicas. E a zebra foge quando e como consegue. A diferença desta analogia é que a zebra sabe das intenções do leão. E fica esperta, se protege, vive em alerta.

Quantos e quantos leões disfarçados de zebra estão em nosso convívio diário...
Na espreita, esperando o momento certo para dar o bote.

Nem sempre a premissa básica da sobrevivência impera: “antes eu do que você”.

Se, por ocasiões, este leão tiver que te ferrar para aparecer e subir na vida, não pensará 2 vezes para fazê-lo.

Isso às vezes nos faz questionar se nossa conduta ferrenha baseada apenas no caráter e competência não se traduzem em obstáculos que atravancam nosso sucesso nessa selva moderna.

É algo que traz náuseas, é algo como: “pare o mundo que quero descer”.

Temos que ser agressivos? Sim. Temos que ser atuantes, fortes? Sim. Mas será que, além disso, temos que ser lobos em pele de cordeiros? Leões em pele de zebras?

Minha fé no honesto, no verdadeiro, no bom, é mais consistente que uma parede de concreto, e ainda penso assim, mesmo que às vezes alguns tremores fazem nela alguns trincos. Meu caráter vai estar sempre protegido por ela, mesmo abalada, não vai cair não.

sábado, 3 de outubro de 2009

Mãe Solteira. E Agora?


Vamos brincar de tagalerar sobre um assunto delicado...

Uma condição social não tão nova, mas sempre presente em nossas vidas......

Quem já ouviu o termo Mãe Solteira?
Já sei........TODO MUNDO + 1

A revolução sexual veio junto com a cultural, na metade superior dos anos 60......

Desde então as pessoas passaram a viver sua vida intensamente, aleatoriamente aos costumes familiares e tradicionais...
As relações amorosas passaram a ter nova conotação, sem apenas ser um fator histórico: paquere, namore, case, seja mãe/pai, seja avó e morra.......

Os jovens passaram a se consumir, entregarem-se ao amor, às descobertas da sua liberdade, da sua sexualidade....
O que foi uma afronta aos estabelecimentos religiosos e morais para uma geração, foi uma conquista de vida para geração próxima.

"Eu escolho quem amar, com quem relacionar, e eu decido com quem vou me deitar e casar"...

Perfeito. Maravilhoso.....O ser humano decidindo sua vida e o que fazer de seu corpo...

Mas, sempre o mas...

Aconteceu o seguinte......As pessoas se relacionaram amorosamente e sexualmente, num conto de fadas psicodélico, de uma mundo perfeito de paixão, e se esqueceram de um detalhe: elas são capazes de reproduzirem-se.

Olha que coisa? O cara: "vou namorar e pegar qualquer mulher que eu quiser e conquistar".
A garota: "Que cara gato: quero ele pra mim".

E aí....
Aí, vem a gravidez.

Esqueçamos o aborto, isso é um tema picante para futuros posts...

Que legal....
Agora a moça está grávida. O rapaz pensa: "eu casar? Acha? Sou novo. Nem gostava dessa mina. Queria apenas ter prazer"

E de repente, temos uma mãe solteira.

Parece meio que da natureza. No meio selvagem. O macho acasala e vai embora. E a fêmea cria os filhotes e espera o próximo macho para acasalar de novo. Mas somos humanos. Pensamos, temos sentimentos, responsabilidades, futuro.

E vemos tantas moças com um filho.
Primeiro a pressão tradicional e imbecil da família que vai saber que "todo mundo" vai perceber que a filinha querida transou com o namorado antes de casar.......Dãaaaaaaaaa...Como se não se faz isso há quarenta anos....

Depois a cobrança da família: Já que você pôs no mundo, agora se virar pra sustentar...
Algumas dão pra adoção, outras deixam os pais criarem....Mas algumas com um mínimo senso de caráter, vão cuidar do pequeno ser.

Mas aí vem outros fatores: o PAI SOLTEIRO vai continuar vivendo, procurando seu caminho sem maiores problemas...
Forneceu a semente e vai fornecer a pensão e vai continuar procurando seu futuro relacionamento.

E a mãe vai ficar com o filho(a). Mal pode ter uma vida social. Quando a tem e conhece alguém pra se relacionar. mal pode dizer que é mãe, porque, na cabeça do atual pretendente é um crime capital.....

E, quando a bem intencionada mãe solteira, encontra finalmente um namorado sério que a aceite e tope o desafio de tentar uma família já pronta, ela pensa: "quero que ele aceite minha cria, e não queira intervir na educação dele(a)".

Ao menor sinal de qualquer insignificante diferença entre o pimpolho e o novo amado, cadeira elétrica pra "esse traste que só quer cama comigo".

E o tempo passa, o moleque ou a girl vai crescendo, e a pobre mãe não se encontra, talvez nem socialmente, nem amorosamente...

E o famoso e procriador pai solteiro, já namorou mais umas 6, se casou, e tá lá tomando sua cerveja e achando que a pensão do filho primeiro tá alta...Que a mãe trabalha e não precisava receber nada dele......

CLARO, que sabemos de casos, em que pessoas com um potencial especial de personalidade, superaram todas essas dificuldades.

Mas, você culto leitor, sabe que é minoria.
Um filho sem casamento ferra mesmo é a mulher..

Ou estou errado?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Crimes Passionais



Dentre centenas de casos similares, vi outro dia na TV a estória de um policial que matou a ex-mulher. Típico caso de crime passional. Possivelmente inconformado com a separação, decidiu tirar a vida da ex-companheira.

Quase certo de que ele se baseou naquela filosofia: “se não vai ser minha, não vai ser de mais ninguém”.

Típico caso de desespero, extremo desequilíbrio emocional. O lado psicológico ofuscado pela perda, não medindo conseqüências de seus atos.

Claro que isso não é novo. Pessoas fracas emocionalmente, dependentes, inseguras, quando se sentem ameaçadas transforma amor, bem-querer em outro sentimento. Vingança. Violência. Em alguns casos, a pessoa tomada por esse descontrole tira até mesmo a vida de um terceiro, que possa estar envolvido amorosamente com seu/sua ex-companheiro(a). Como se tirasse também dela alguém, assim como ele a perdeu.

Ou mesmo caso de pessoas que ferem os próprios filhos pra atingirem seus desafetos. Quem não se recorda do pai que atirou um avião contra um shopping em Brasília, ocasionando a morte de sua própria filha.

Uma pessoa perturbada dessa maneira não pensa em mais nada. Não pensa na prisão que vai enfrentar, nas seqüelas que vai causar às famílias, nem sequer na vida de alguém a quem pôs no mundo. Ela não enxerga vida sem o antigo parceiro, não tem planos, não quer se associar, se envolver, buscar e criar novos vínculos amorosos, familiares.

Evidentemente que a ciência psicológica deve deter muitas aplicações que enquadram pessoas desse tipo. Mas o que me intriga é como um sentimento antes tido como bom, o amor, o querer-bem, o carinho, o cuidado possa se transformar em algo negativo na mais extrema forma de pensar.

Acho que uma pessoa dessas não perde o valor próprio do dia pra noite. Acho que ela sempre foi insegura, não admite, em nenhuma hipótese que alguém que ame, deixe de amá-la. E todos estamos sucintos a isso. Me lembro de outras estórias, uma por exemplo de que uma policial matou o ex-marido por motivos semelhantes. Quem é casado, namorado, ou tem algum envolvimento com alguém talvez não conheça realmente a fundo a personalidade de seu parceiro(a). Qual dano a mente dele sofreria em um rompimento e qual caminho ele procuraria seguir. Da vingança ou olharia pra frente, tentaria recomeçar sua vida?

E quando for conhecer pode perder a própria vida ou de pessoas próximas.

Ciúmes, todos temos. Alguns brandos, outros exagerados. Mas a ponto disso se transformar em combustível para usar sua vida para agredir, matar, ferir, destruir, acho que é a mais perigosa forma de comportamento humano. É o paradoxo do sentimento. É a inversão do valor. Não se enquadraria na categoria amor, desejo ou paixão. Isso é posse. Como se possuir um carro pelo qual se tem um apreço enorme e ver alguém roubando ele.

A questão é? Existirá algum recurso para que se detecte essa instabilidade psicológica, essa falha comportamental, antes de se envolver pra valer com alguma pessoa?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Álcool, um abismo à espreita



Vamos falar um pouco sobre algo delicado: alcoolismo.

Passando esses dias por uma igreja próxima de casa, pelo vidro do carro avisto, sob a marquise do templo, um homem se levantando. A aparência típica de um mendigo, andarilho, recolhendo sua coberta e seus pertences após uma noite gélida desta época. Mesmo com a considerável velocidade do carro, consegui reconhecer aquele desafortunado indivíduo. Por diversas vezes, quando de passagem por uma padaria, eu me deparava com o vizinho do estabelecimento chegando em sua casa num estado visivelmente embriagado. Ele era ou é um eletricista, que tinha casa e aparentemente agora vive nas ruas.
Aparentemente perdeu família, casa, trabalho, respeito e a dignidade humana.

Imagino que o agente causador dessa decadência nesse caso possa ter sido a bebida.

Alcoolismo é uma doença que, em estado crítico, tira da pessoa o senso da realidade, a capacidade de associar-se, ter uma conduta moral, lutar pela sobrevivência com dignidade.

Não vou bancar o puritano aqui, mesmo porque estou há anos luz de distância disso. Eu também bebo. Evidentemente que só tomo cerveja. Bastante às vezes, especificamente em fins de semana. Seria eu então um doente? Um viciado?

A palavra vício, numa intuitiva interpretação, está intimamente ligada à dependência. E podemos entender que no caso do alcoolismo o doente como dependente de seu vício no dia a dia. Como um drogado que apresenta sintomas físicos e metabólicos na ausência da droga. Pensando por esse prima, diria que não sou um viciado não. Nem muitos amigos de churrasco, mesmo que exagerem um pouco às vezes.

Acho que no caso do alcoólatra, isso faz parte de seu dia a dia. Invariavelmente, se apegam à bebida (na maioria das vezes do tipo destilada), perdem o sentido da responsabilidade, da preocupação com os outros e com si próprio. Não se preocupa tanto com aparência, higiene, alimentação. É enfim, uma pessoa que está entregando a vida pelo prazer de conturbar seu cérebro com a alienação que o álcool provoca.

O consumo de bebidas alcoólicas descende da antiguidade. Por séculos, o homem desenvolveu o gosto pela bebida, refinou-o, o transformou num ingrediente similar aos produtos alimentícios. Mas é nos dias atuais, com a loucura e o stress que a modernidade causa na mente humana, que esse consumo quase que se confunde com uma prática medicinal. Em muitos casos, a ingestão de álcool, suprime a atuação de um psicólogo, infelizmente.


A graduação GL (Gay Lussac, 1778-1850, cientista pesquisador de gases e álcoois) indica que para cada 95 ml de água há 5 ml de álcool.

A tabela abaixo mostra, resumidamente, aproximadamente, o conteúdo de GL de alguns tipos de bebidas.


Isso significa que, se um indivíduo tomar 4 copos de 250 ml de whisky, estará ingerindo quase meio litro de álcool.


Em suma, alcoolismo é um câncer social. Degrada a vida, faz familiares sofrerem, causa agressões, mata gente inocente no trânsito. Quantos e quantos casos conhecemos de adultos que cresceram com traumas de infância, pelo fato de conviverem com as dores que pais alcoólatras lhes causaram.

Cada pessoa tem seu limite, sua resistência, sua consciência. O grande problema é que, para descobri-los, a grande maioria dos jovens acaba por testando-os na prática com essas drogas. E alguns deles matarão seu futuro, sua vida, em prol dessa fuga da dura realidade diária.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A preservação da imagem


Esta semana ocorreu em Rio Preto um fato, até de certa forma curioso. O padre Donizete, titular da catedral da cidade, fora detido por policiais, após avançar sinal vermelho e atropelar motociclistas. Levado à delegacia, o reincidente padre apresentava sinais de embriaguês.

Este fato me despertou a idéia de que muitas vezes existe uma necessidade especial de algumas pessoas, mais do que outras, em preservar sua imagem.

Todos nós temos às vezes uma necessidade de extrapolar o comum, ir além de nossos limites normais. Não estou dizendo que devemos fazer como o padre, dirigir supostamente sobre o efeito do álcool e colocar em risco a vida de outrem. Isso é crime, é invadir o direito dos outros, não é extrapolar.

Mas em alguns casos, em algumas posições não há concessão para esse tipo de válvula de escape. No caso do padre, que lidera um braço de uma instituição religiosa, uma atitude dessas denigre não só a sua imagem, como suposto disseminador da ideologia de amor instituída por Cristo, mas também da organização a que pertence.

O ato de extrapolar muitas vezes pode se confundir com o ato de irresponsabilidade. Mas nem sempre isso pode ser levado a tal extremo. Quem nunca se deu ao simples direito de se levantar um pouco mais tarde um dia? Tomar algumas a mais quando numa festa? Dançar até mais tarde numa boate? Demorar um pouco mais no banho quente? Comer aquele doce proibido pela sua dieta? Comprar aquela roupa que você achava super cara e que não podia no momento? Faltar daquela aula chata de sexta feira pra curtir um happy hour com os amigos? Esticar uns dias a mais numa praia? Fazer enfim o que chamam de politicamente incorreto.......

Em muitos casos, a pessoa pública, um servidor público, um artista, um professor, um jogador de futebol, um comandante religioso, um diretor comercial, às vezes não se pode dar ao luxo de cometer inocentes excessos, pois num deles, mesmo que uma única vez, pode manchar toda uma carreira marcada pela idoneidade, assim como manchar a instituição que representa.

Muito disso também é nossa culpa. Culpa do preconceito com que tratamos e muitas vezes julgamos alguém mais por sua imagem do que por sua essência. Quando vemos alguém se divertindo numa festa, de forma descontraída, podemos ocasionalmente colocar em dúvidas a seriedade desta pessoa no tocante profissional.

Conduta, ética, assiduidade, integridade. Isso tudo faz parte de pessoas que visam ter uma vida saudável através de seu crescimento, como pessoa, como profissional, como chefe de família, como líder de comunidade. E acho que uma vida toda dedicada a isso não pode e não deve ser manchada por momentos que dedicamos a nós mesmos e que nos damos ao direito de extrapolar um pouco. É o que eu chamo sempre de excesso gerenciável.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Guerra de Egos

Quem nunca ouviu aquela velha prática: “Futebol, Política e Religião não se discute”.
Muito disso obviamente embasado na obsessão fanática por uma ideologia, sem dar muita bola à razão e ao bom censo.

Há algum tempo era comum encontrarmos Malufistas assumidos. E aquele torcedor fanático que às vezes até mata e morre por seu time sem querer reconhecer a realidade comercial e de marketing que vive o futebol hoje.

Vamos respeitar então nossa querida e batida frase e vamos evitar a discussão. Vamos então chamar os comentários disso de reflexão.

Um assunto que tomou da mídia grande fatia de repercussão semana passada foi a guerra entre as 2 maiores emissoras populares de televisão: Record x Globo.

Acusações de lado a lado. Reportagens especiais. O horário nobre (nobre ou popularesco?) virou ringue, onde cada telejornal jogava cada vez mais aquela coisinha feia no ventilador.

A origem do embate: “Ministério Público oferece denúncia contra Edir Macedo e mais nove pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus, por lavagem de dinheiro, organização criminosa e formação de quadrilha”.

Uma notícia que poderia ser normalmente divulgada por qualquer órgão da imprensa. Mas evidentemente que a Sra. Globo não iria perder a chance de dar uma ênfase bem acima da média em se tratando do proprietário de uma forte concorrente. Em contrapartida, a Record lançou no ar dúvidas sobre negócios escusos da família Marinho, inclusive ligações com governo militar nos anos 60, 70, fraudes e todo e qualquer tipo de argumento que pudesse servir de arma nessa guerra pelo poder da mídia televisiva.

Até mesmo outro embate famoso da semana, Collor, Renam e Simon, fora ofuscado pela guerra das grandes TVs.

Respeito qualquer crença e acredito que cada um faz com seu dinheiro o que bem entender. Em outros momentos, até mesmo defendi uma fé cega, que se por um lado enriquece os defensores da fé, por outro traz mais dignidade a um lar, melhores condições de educação para uma família, que poderia estar exposta à violência do mundo atual.

A grande diferença entre o conceito de outras casas da fé com a IURD e (porque não) outros braços da religião evangélica é que, enquanto as primeiras oferecem uma vida plena e feliz num mundo futuro, governado por Deus, as segundas oferecem prosperidade agora, no mundo terreno. Eliminando sofrimentos, provendo sucesso profissional e empresarial. Isso funciona como uma conquista de clientes, onde a palavra chave é: consumo.

Mas ou menos assim: levo minha fé para quem puder trabalhar melhor ela e me trazer os maiores benefícios. Parece um leilão da fé. A crença no invisível, nas promessas de um reino futuro, na ressurreição, são suprimidas por soluções imediatas.

O crescimento do segmento evangélico mostra o desespero das pessoas, que vivem num mundo onde a luta pela sobrevivência, aliados aos problemas comuns do ser humano, como falhas nos relacionamentos, emprego, segurança, e precisam se apegar a algo imediatamente.

Quem está certo? Quem está feliz. Conheço pessoas evangélicas que vivem mais felizes hoje do que antes de se tornarem. Se estão deixando um homem bilionário cada dia mais, talvez o julgamento não seja de nossa alçada humana.

Enquanto isso, vez ou outra, surge essa guerra comercial entre os detentores do poder da comunicação. Veículos de forte impacto na opinião pública disputando a audiência no tapa.

Irregularidades fiscais, fraudes, e qualquer outro tipo de atividade que afronte à lei têm mesmo que ser investigadas e DIVULGADAS. Mas com imparcialidade, afinal para qualquer canal de imprensa, credibilidade é fundamental no tocando da notícia. E, como passar credibilidade quando se usa a divulgação de uma notícia com interesses comerciais próprios?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

As mães nem sempre estão certas


A imagem da mãe é uma das mais puras e idolatradas. Tirando alguns casos freak de filicídio, mãe sempre foi sinônimo de proteção, confiança e exemplo.

E tem porque sê-lo. Afinal mãe, mais que o pai, é a autêntica criadora. A coisa mais perfeita que se aproxima de Deus no tocante da criação. Uma mãe sempre vai cuidar, amar, proteger e defender suas crias. Mãe de assassinos, mãe de políticos, mãe de juiz de futebol, mãe de vencedores, mãe de crianças excepcionais, todas perdoam, todas cuidam, todas lembram.

Mas as mães nem sempre estão certas. Claro que ninguém é perfeito. Até desnecessário mencionar isso. Quem nunca ouviu falar de uma mãe superprotetora? Ou de uma mãe, que por orgulho e vaidade próprias influenciam as escolhas do(a) filho(a)?

Criar um filho com educação, esmero, higiene. Dar-lhe e enraizar-lhe noções de bom comportamento, tato e bom censo pra lidar com as coisas, mesmo que nem sempre aconteça, é uma dádiva de mãe que visualiza o futuro dos filhos.

Mas muitas vezes as mães pretendem incorporar em seus descendentes sua maneira de ver o mundo. De querer viver, de viver emoções, de ter sua personalidade.

Antes que alguém aí pense que esse raciocínio descenda de alguma experiência de vida de minha pessoa, já adianto que lido muito bem com isso. Tenho minha personalidade e meu espaço e minha criadora outros.

Talvez a folclórica imagem da sogra, aquela que é maquiavélica, sempre disposta a infernizar a vida de genros e noras, se originou justamente nessa idéia de querer para os filhos uma vida que ela acha que é a mais correta, mas pra ela.

Não sei se alguém se lembra do filme Ray, uma película cinematográfica baseada na biografia de Ray Charles, aliás uma excepcional filme em todos os sentidos. No filme, que remonta a história do cantor desde a sua infância, mostra o início de sua deficiência visual e as dificuldades que enfrentou daí pra frente. Mas uma das cenas que me chamou a atenção foi uma que mostra a mãe de Ray. Sempre batalhadora, numa vida de pobreza, enfrenta os infortúnios do mundo, quando o filho mais novo morre acidentalmente e descobre que o mais velho está ficando cego.

Numa cena pra lá de emocionante, Ray já não consegue enxergar, entra em casa chorando e chamando pela mãe. Ela num canto, se degladiando em lágrimas, ouve o chamado, mas não vai a seu encontro. Deixa ele descobrir sozinho os caminhos do barraco, até chegar no local onde ele desejava. Ela, numa visão onde muitos pudessem supor ser cruel, estava começando a preparar o filho pras dificuldades que a vida de um cego lhe reservaria. Ela o estava estimulando a se virar sozinho, a desenvolver demais sentidos. E essa sempre foi a tônica da educação que ela lhe daria. Mesmo sem enxergar, nunca dependeria de ninguém na vida.

Em que mais pese talvez os exageros da adaptação, essa idéia é mais que apropriada pra ilustrar um exemplo de educação voltada mesmo para que a pessoa saiba enfrentar o mundo em sua fase adulta.

Criar um filho, colocando nele a idéia de que o mundo é lindo, perfeito, as pessoas são sempre legais, amigas, bem intencionadas, talvez seja um erro estratégico de educação.

Nem vou entrar no mérito da educação e influência religiosa, porque isso gera vários posts.

Mas o que quis passar aqui é essa idéia. Por mais perfeita que seja nossa admiração pelas mães, às vezes elas nem sempre acertam.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Lei Anti Fumo


O papo é: tabagismo.

O governador de São Paulo, José Serra, aprovou no início de Abril, a chamada Lei Anti Fumo, que proíbe o consumo de cigarro ou derivados de tabaco, em locais públicos ou privados, parcialmente fechados.

A lei deverá entrar em vigor no inicio de Agosto de 2009.

A lei não prevê penalizações para quem consumir cigarros nesses ambientes, mas os proprietários dos estabelecimentos podem ser multados. A previsão é que podem ser aplicadas multas de R$ 782,00 a R$ 3 milhões.

A lei prevê ainda suspensão das atividades do estabelecimento autuado, em caso de reincidência.

Eu, não-fumante convicto, mas complacente socialmente, acredito que 3 grupos de pessoas vão reagir de formas diferentes com relação à nova Lei.

As pessoas que odeiam cigarro no sentido mais extremo da coisa, vão festejar.

Os fumantes, que junto com a cervejinha, torna-se impossível não alimentar seu vício, vão ter que se virar pra cumprir as novas normas.

E por fim, os donos dos estabelecimentos, que podem sofrer baixa na freqüência de clientes fumantes.

No Brasil, às vezes uma lei não “pega”. Quem se lembra do Kit primeiro socorros?

Mas, se a Lei Anti Fumo pegar, mesmo que apenas no começo, muitas mudanças vão ocorrer nos hábitos gastronômicos dos paulistas pelo menos. Evidentemente que a fiscalização vai se concentrar em grandes estabelecimentos, onde a presença de público é grande. Botecos de periferia só se for por capricho.

Além do mais vai intensificar a cobrança dos não-fumantes radicais junto aos proprietários de bares e restaurantes, caso se situem em mesas próximas de quem traga um cigarro.

Bom, pra quem acompanha meus textos aqui, eu plotei uma enquete aqui no blog, sobre esse assunto. Logo abaixo do perfil. Quem quiser participar, fique à vontade.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Quem Está (Certo?)?

Quem está certo?

Aquele que busca a simplicidade de um vida pra ser feliz? O sorriso de um filho, o prazer de manter a família unida, a honra de dizer que trabalha há décadas numa mesma empresa, a moral de dizer que vai à missa todos os domigos, de dizer que nunca atrasou uma conta na vida, que nunca mentiu no imposto de renda, que nunca bolinou a colega de trabalho?

Ou aquele que é porra loca...Politicamente incorreto, o sacana confiável, que sorri e mete o pau em todo mundo ao mesmo tempo, que busca refúgio na boemia, que critica o parente por comportamento moral incomum mas quer pegar a prima, que tomou todas com as colegas e disse à mulher que tava numa reunião de trabalho, que busca sua felicidade e pensa que os outros tem que se fuder, que toma todas numa mesa e deixa cincão, que vê a Luciana Gimenes e se acha catedrático pra falar da crise econômica mundial?

Quem está certo? O falso santo, ou o santo falso?

Quem tem moral nesse mundinho bisonho pra falar o que é certo? rssss

Fica a frase do Catalau: "Todo pecado é perdoado, quando ele é feito sem ter machucado".......

E La Nave Va..........

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Criminalidade Juvenil


O programa Debate MTV dessa semana explanou o assunto: “Redução da Maioridade Penal”.

Evidentemente que o cerne do temo girou em torno de que a alteração da lei em relação a essa redução pudesse gerar resultados positivos no tocante à diminuição da violência.

No Brasil onde a impunidade é uma prática social bastante abrangente, existe uma verdadeira nação de menores envolvidos nos mais extremos níveis de delitos. De pequenos furtos, consumo e tráfico de drogas a assassinatos.

A idéia de punir judicialmente menores infratores se baseia no fim da impunidade. Em muitas situações já nos deparamos com menores que assumem a culpa por algum crime grave, para livrar os responsáveis de sua gangue ou quadrilha, sabendo que algum tempo numa Febem é o máximo que lhe reserva.

Quem nunca ouviu a batida frase: “Se com 16 uma pessoa pode votar e escolher os comandantes da nação, porque não pode ir pra cadeia?”.

Também acho que um jovem de 16 anos tem total consciência de seus atos, principalmente no mundo atual, onde a informação chega cada vez mais cedo na vida de uma pessoa.

Mas essa lei, se implementada, pode trazer ainda mais caos ao sistema penitenciário brasileiro. Que aliás, a razão de existir dessa instituição é retirar indivíduos perigosos da sociedade, e durante sua reclusão, prepara-los para reintegração social.

Acho que nem nos países mais desenvolvidos isso funciona como deveria. Imagina aqui...
É de fato uma faculdade do crime, como popularmente se diz.

Jogar menores nesse ambiente é na certa jogá-los num programa de aperfeiçoamento do crime. É torná-los assaltantes e assassinos com PHD.

Não tem jeito. Sempre tudo vai sempre cair na questão da educação. Discutir punições antes ou depois dos 16 anos é atacar o efeito não a causa.

Uma sugestão bem vinda, ou bem a se pensar, foi dada por um dos participantes do referido programa de debates, que sugeriu que, desde os primeiros anos de ensino fundamental, a criança comece a ter noção de leis, direitos civis e criminais, obviamente adaptados à condição de aprendizagem infantil.

Mesmo que não seja o “licor dos deuses” da solução real desse problema da criminalidade juvenil, ao menos seria uma tentativa de dar consciência de direitos e deveres à mente de um jovem de 16 anos.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Expectativas

"Para algumas pessoas o nosso máximo é o mínimo. Mas pra outras, o nosso mínimo é simplesmente o máximo"

JV

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O paradoxo da Educação


Os serviços públicos no Brasil passam por um verdadeiro paradoxo.

No quesito da saúde, a classe média/alta, paga por um atendimento de qualidade em clínicas e hospitais particulares, enquanto o serviço público atende de forma caótica os cidadãos de classes menos privilegiadas.

Já na Educação a coisa não funciona desta maneira. Até o ensino fundamental, a similaridade com a Saúde é perfeita. Ricos pagam por educação privada e dão a seus filhos a melhor base de aprendizado, enquanto filhos de pobres sofrem com a falta de estrutura da educação pública.

Justamente por isso é que ocorre o que eu chamaria de inversão de valores na incursão dos brasileiros na vida universitária. Faculdades públicas, mantidas pelo Estado ou Governo Federal, que deveriam atender às necessidades de estudantes sem estrutura econômica, acabam abrigando os filhos de classe média-alta, cuja preparação no ensino fundamental veio de escolas particulares, garantindo suas melhores chances nos vestibulares.

Enquanto isso o jovem pobre, oriundo de escolas públicas, acaba por financiando, às duras penas, sua estada em faculdades privadas.

Várias pessoas ligadas à educação freqüentam este blog, e têm muito mais conhecimento de causa para avaliar este assunto. Mas essa é minha visão sobre a educação brasileira.

Sem entrar na polêmica das diferenças estruturais entre as universidades públicas e privadas, onde a segunda apresenta, na maioria das vezes, carências similares a Saúde Pública. Outra inversão de valores. E essa inversão impacta diretamente na qualidade de profissionais que essas instituições despejam no mercado a cada ano.

Na minha visão a solução pra isso é uma só: a melhora extrema e intensa na qualidade de educação pública do ensino fundamental. Jovens pobres e ricos chegariam ao vestibular público com igual carga de preparação.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Jacko e o Rock and Roll




O que era um breve comentário num fórum pode se transformar num assunto de discussão mais profunda.

Qual a importância de Michael Jackson na história do rock and roll e suas vertentes?

Pra mim nenhuma. É inegável o império e a fama que ele construiu no mundo pop, no show business. Mas para música rock, nada acrescentou ou diminui. É outro universo. Suas parcerias com Eddie Van Halen e Paul Mc Cartney por exemplo não passaram de inserções de artistas rock no oceano da música pop.
Evidentemente que a notícia sobre sua morte causou um verdadeiro pandemônio em todos os meios de comunicação, a ponto de ser mais focada que a do o acidente do avião que caiu no Iêmen.

As polêmicas notícias de sua vida, supostas homossexualidade e pedofilia, vitiligo, clareamento de pele, paternidade falsa, falsos casamentos, falências, foram muito mais devoradas pela mídia do que seus discos e sua música.
Claro que no mundo da música muito vai da opinião de cada um. Para os fãs uma perda lastimável, um ídolo único. Para a mídia o "rei do pop".
Canso de ver em sites, nomes fortes do rock homenageando e lamentando sua morte.

Mas como postei no twitter, Luiz Gonzaga, Frank Sinatra e John Lennon foram mais relevantes para o universo da música popular mundial do que Jacko.

Pro universo rock and roll então, nem preciso falar de relevância sobre isso.

Agora eu pergunto, Madonna teve ou tem o mesmo status no mundo pop. Se morresse, teria também impacto no universo rock and roll?

Por mais que muitos dizem que música é música, é preciso separar sim os estilos. Cada um pode gostar do que quiser. Um músico de Death Metal pode adorar qualquer ídolo pop. Música é sentimento.

Se falarmos de Elvis, Chuck Berry, Bill Haley, Jimi Hendrix, Joplin, Freddie Mercury, Cliff Burton, e muitos outros que se foram, a história é muito outra. Foram personalidades influentes, percurssoras, que moldaram estilos que hoje fazem parte do rock nas útlimas décadas.

O portal Terra profetizara que Jacko faria nos próximos meses a maior turnê da história do rock.
Mesmo que essa denominação não seja tão importante, pessoas como eu que vive o universo rock and roll há quase 3 décadas, se incomodam com essa associação.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Atos Secretos


A notícia rolou há alguns dias. Parentes de nosso excelentíssimo ex-presidente e atual presidente do Senado Federal, Sr. José Sarney, teriam sido contratados para o governo através de ATOS SECRETOS.

Peraí....Atos Secretos?

Então agora falcatrua tem um instrumento oficial e judicial pra existir?

Ato Secreto. O nome já é uma vergonha.
Quantas e quantas pessoas se matam pra estudar pra concursos públicos, às vezes concorrendo com 1.000, 10.000 candidatos por uma vaga, vazando noites sobre livros, angariando as últimas economias pra custear cursos.......

E parentes de nossos amados comandantes são inseridos no funcionalismo público por Atos Secretos.

E querem saber? O buraco é muito mais profundo do que se imagina.

O portal Terra publicou hoje (24/06/09) que 662 Atos Secretos estão sendo investigados. Isso mesmo 662.

Quanta lama.

No domingo, a TV mostrava um caso de uma menina de 28 anos, que por conta de um problema de tireóide, não cresceu. Tem o corpo e a mente de um bebê de 1 ano.

Então, Mr. Sarney, crie por favor um Ato Secreto para ajudar essa menina.

Meu tio, Mr. Sarney, está com câncer em estado crítico e mal tem recursos pra se tratar. Tem como o Sr. criar um Ato Secreto pra ajudá-lo?

Em regiões brasileiras de poucos recursos, muitas das escolas públicas funcionam a céu aberto, sem estrutura de livros, cadeiras, lousas. Muitas vezes pela ideologia de professores, que nem sempre recebem salários. Sugiro, querido ex-presidente, que seja criado um Ato Secreto para melhorar a situação destas instituições.

No Brasil, um trabalhador que começou sua atividade profissional aos 12 anos, só pode se aposentar com quase 60 de idade, recebendo 70% da média de seus últimos salários. Pra (sobre) viver o resto de sua vida, muitas vezes convalescido, dependendo das péssimas condições da saúde pública, em busca de uma vida digna nos parcos anos que ainda lhe restam, e muitas vezes nunca alcançada.

Que tal um Ato Secreto pra melhorar as regras de aposentadoria?

Acho que, já que as leis deste país não atendem às condições sociais básicas dos cidadãos, quem sabe os Atos Secretos não seriam a revolução que esse povo precisa?

Com certeza muita gente deve ter se beneficiado e muito com esses 662 Atos Secretos. Quem sabe o restante da população brasileira, também não gostaria de experimentar esses benefícios?

terça-feira, 23 de junho de 2009

A corrosão do respeito humano

Às vezes as relações humanas são dignas de náuseas.

O comportamento que algumas pessoas têm para com as outras é dingo de revolta.

As pessoas julgam outras pessoas sem conhecê-las. Estabelecem com elas uma relação de pré-conceito. Além do julgamento, ainda popularizam essa imagem, fazendo com que um grande número de pessoas tenham uma opinião distorcida.

Eu tenho com certeza dezenas de defeitos, como qualquer ser humano imperfeito que perambula por este planeta. Mas uma coisa que nunca faria seria difamar, classificar, conceitualizar alguém sem conhecê-la.

Posso estar errado, mas pra mim todo mundo é bom até que me prove o contrário.

Eu acredito nos seres humanos. Ainda acredito na bondade, na lealdade, na sinceridade das intenções. Mas cada vez mais a gente se depara com a hipocrisia, ganância, individualismo, falta de caráter. E parece que cada vez mais isso se torna muito comum na sociedade. Aceitamos isso como se fossem a mudanças de valores, e nos sentimos às vezes como se nós estivéssemos errados.

Aquela máxima que se ouve sempre, "o mundo é dos espertos", ou "tenho que defender o meu, dane-se os outros". O humilde, o bom, o leal, o brando de coração é relegado a uma posição de derrotado, onde não há pra ele mais lugar nesta luta selvagem pela sobrevivência.

Acho que já passou da hora de parar de confundir inocência com benevolência.

A impressão que se dá é que estamos numa parábola. A evolução trouxe conforto, a globalização aproximou as pessoas, mas a contra tempo, trouxe o caos na forma em que as pessoas se tratam e se respeitam.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Movimentos e Passeatas patrocinados pelo Governo

Antes de comentar o teor deste post, gostaria de deixar claro que respeito qualquer tipo de manifestação em prol da liberdade e de direitos requeridos.

A Parada de Gay de São Paulo de 2009, que luta pelo respeito às opções sexuais dos indíviduos e contra a homofobia (ódio aos homosexuais) - e aqui cabe apenas uma opinião, onde acredito que gente desnuda e dançante e gente fantasiada gera muito mais piadas e chacotas do que respeito -teve o patrocínio de estatais como Petrobrás e Caixa Econômica Federal e o financiamento da Prefeitura da Capital.

Nada contra, um evento que segundo consta favorece o turismo e o apelo social, pode ser apoiado por qualquer instituição, privada ou pública.

Mas isso também me dá o direito de pensar que qualquer outro movimento de protesto deve então receber o mesmo tipo de apoio.

Organizações que protestam sobre falta de segurança, educação, saúde. Que lutam contra as mordomias e desrespeito ao dinheiro público dos homens do congresso (se contar matérias de capa em revistas sobre isso vai pra cada das dezenas). Que lutam contra o aborto. Que lutam contra a exploração sexual infantil, o trabalho infantil.

Organização que possam vir a protestar contra a alta carga tributária (se bem que instituições governamentais não vai pagar a pedra nas suas janelas). Que lutam contra a má utilização das verbas públicas, muitas vezes utilizadas em obras puramente políticas sem atender as necessidades reais do cidadão.

Todas esses protestos tem os mesmos direitos de serem patrocinados e financiados que o movimento GLSBT têm. E na minha opinião, desculpe se incomodar, com muito mais razão de ser.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Convergência

O contrário da auto-desvalorização é o egoísmo.

O segredo pra tocarmos bem essa nossa vidinha, é viver no ponto onde eles se cruzam, onde acaba a primeira e onde começa o segundo.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O poder do YouTube


A Internet é hoje o brinquedo eletrônico do mundo. Muito da economia mundial depende da rede, além de grande parte do entretenimento. As comunicações pessoais são feitas através de programas de trocas de mensagens. Da já fóssil carta escrita a mão ao telefonema, tudo vai sendo preterido pelas palavras transferidas por bits.

Em feiras tecnológicas, a cada ano são apresentados aperfeiçoamentos de equipamentos, velocidade de banda, sistemas, que em breve abrangerão os programas de televisão, transmissão de músicas, notícias.

Um dos exemplos maiores do poder que a Internet exerce sobre os hábitos da informação é o Youtube. O site de armazenamento e divulgação de vídeos virou uma febre mundial. Assim como o recente Twitter.

A economia sofre grande impacto desse novo mundo virtual, dessa mudança de hábitos.

O recente caso de Susan Boyle, a britânica anônima que, de pretensa atração bizarra, virou sensação em programa de calouros, é uma prova de que a massificação de um fato, gera uma forte possibilidade de lucro comercial.

O programa inglês Britain´s Got Talent, transmitido pelo canal ITV1, obteve um crescimento espantoso de 355% em sua audiência em relação a outras edições, pela participação de Susan. Dos 3,8 milhões de expectadores, a atração chamou a atenção de 17,3 milhões este ano. Estima-se que tal programa tenha gerado uma receita de £30 milhões em publicidade.

Foi uma jogada de marketing que talvez nunca pairasse nos mais otimistas sonhos de seus produtores. O vídeo de Susan deixando boquiabertos jurados e platéia na belíssima execução de “I Dreamed a Dream” foi mundialmente difundido pelo Youtube. O que fez com que Susan virasse notícia em telejornais, portais da net e revistas mundo afora.

Isso pode significar que estamos diante de um novo filão a ser explorado. O aumento da demanda de consumo em alguns segmentos, a partir da divulgação de fatos em canais de abrangência gratuita da Internet.

Susan pode ter até mesmo sido criada e propositalmente jogada no Youtube pelos produtores. Acredito mais que tenha sido o acaso. De qualquer forma o sucesso comercial do programa só foi possível pela expectativa criada a partir da febre que o Youtube criou com isso.

Vamos fazer o seguinte ensaio: imagine que um vídeo qualquer, caseiro mesmo, que apresente uma cena cômica ou inusitada, enfatize um certo produto ainda não existente no mercado. O sucesso desse vídeo pode funcionar como a alavanca para que esse produto, assim que manufaturado, seja sucesso de vendas. Claro que depende de programas de qualidade industrial e logística pra isso. Mas de qualquer forma a semente foi plantada.

Muitas Susans podem ainda aparecer e muitos vendedores de Susans podem gerar receitas milionárias com divulgação gratuita de produtos nos canais de comunicação da Internet.

A Internet, antes uma plausível inimiga de alguns setores da economia, como mercado fonográfico, cinematográfico e jornalístico, agora pode vir a ser um oásis publicitário, onde o diferente, o bizarro, o curioso venha chamar a atenção do público em massa, deixando-o como provável comprador.

Talvez seja o início da ideal adequação da Internet aos interesses comerciais da tão surrada economia mundial dos dias atuais.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Olhar pra frente e pra trás

Domingo, 20 horas. Normalmente um dia de descanso e relax, antes de se iniciar outra semana de trabalho.

Fui até uma lanchonete no bairro onde moro.
No caminho, olho sem querer para uma casa da redondeza.
Uma casa humilde, onde uma porta aberta revela possivelmente a moradora junto a uma máquina de costura industrial. Isso me fez pensar.

Muitos de nós, às vezes numa situação econômica e social razoáveis, quando nos deparamos com alguns problemas emocionais, achamos que somos as pessoas mais desafortunadas da terra, que o mundo é injusto com a gente, que Deus nos esqueceu.

Aí eu me pergunto. Aquela senhora, num domingo à noite, costurando em sua casa, sabe-se lá desde que hora, o que deve pensar?

Pessoas que às vezes não tem direito a alguns confortos básicos, como comprar um lanche num domingo à noite, como lidam com suas mazelas emocionais?

Imagem a desesperança de lidar ao mesmo tempo com as dificuldades financeiras e possíveis depressões?

Isso me traz à tona algo que sempre digo a amigos, em rodas de conversas sobre a vida.
Pra o mim o segredo da vida é o meio-termo, o equilíbrio.
Acredito que temos que simultaneamente, olhar pra frente e pra trás.

O que isso quer dizer?

Se a gente apenas mira pessoas que estão melhores que a gente em termos financeiros, sociais e familiares, e pensarmos que temos à todo custo, crescer, ter coisas, ganhar dinheiro, poderemos deixar nosso lado ganancioso fazer esquecermos de vivenciar as coisas simples, o prazeres, as conversas com amigos. Quando tem gente em situação bem pior que a nossa.

Se apenas pensarmos em pessoas que vivem um padrão de vida pior que o nosso, poderemos cair na armadilha do comodismo. Pensando que "vou ficar com o que eu tenho, que está bom demais. Tanta gente não tem isso...". E deixamos de crescer, querer sempre melhorar, evoluir, conquistar.

Pé no chão e foco no futuro.
Ao mesmo tempo em que somos muito pequenos perante Deus e a esta estrutura complexa que é a vida, somos os seres mais importantes deste sistema todo. Nossa história, nossa vida, nossas conquistas, estão em nossas mãos.

Nunca se lamente por que seu vizinho tem um carro ou casa melhor que sua, lute pra ter também.
Nunca se conforme se o seu carro ou sua casa estão bons demais para você "apenas" porque o seu vizinho tem um carro ou uma casa inferior, mais simples.

Valorize o que tem. Seus bens, sua saúde, seu emprego, seus amigos, sua fé. Mas não pare no tempo. Como otimista convicto, vou pegar carona naquela frase que diz: não há tão ruim que não se possa piorar,

NÃO HÁ NADA TÃO BOM QUE NÃO SE POSSA MELHORAR.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ode à Noite


(Palavras de um tal de Júlio Verdi...rsss)


Ó noite bela e misteriosa
Porque és tão atraente
Porque escondes os pecados?
Escondes os desejos?

Porque nos sentimos atraídos por viver nas suas sombras?
Talvez porque nos cobre com generosas doses de solidão
Nos faz escondermos do mundo
A verdade que somos

Ou porque tens a ousadia de ocultar a luz
De ser a renegada do tempo
Ó noite, porque teu sabor é tão irresistível?

Porque nos faz querer suas horas?
Porque são tão saborosos seus cantos
Por mais que as luzes se esforçam em apagar seu charme
Tú sempre consegues nos envolver

Como és bela noite
Como é doce o planar sobre tu
Como é doce seus segredos, seu perigo, seu atrevimento
Como é bom contar com sua cumplicidade

Tentadora é sua proposta
Adentramos em seu tempo
Nos perdemos em seu tempo
Mas queremos que seu tempo pare para nós

Encantadora e bendita sejas tú, linda noite
Que embriaga o poeta
Acolhe as loucuras dos amantes
Abrevia e ameniza o suor dos humildes

Sem tu, o amor não teria poesia
A música não teria melodia
A vida sua simpatia
O exagero sua serventia

Ó querida noite
Prove ao mundo que sem tu
O dia não seria o dia

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Frase do Jô Soares ontem (19/05), em entrevista à Marília Gabriela:

"Se você gosta de achar que sabe alguma coisa, então continue aprendendo sempre"

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ensaio sobre a Saudade


Pegando carona numa das mais clichês frases que existe – saudade só existe na língua portuguesa – o brasileiro criou o termo saudade para definir que sentimos falta de algo que vivenciamos e não temos mais.

Para incrementar este ensaio eu sugiro que existem 2 tipos de saudade. A saudade do bem e a saudade do mal. Aí o querido leitor(a) pensa: esse cara tá com embromation, tá enchendo linguiça.

Vamos aos argumentos.

Saudade do Bem, em meu sóbrio ponto de vista, são lembranças sadias que carregamos de pessoas e fatos que encontramos no passado, que nos fazem sorrir, que construíram experiências positivas em nossa vida e em nosso caráter. Que não fazem nos refugiar de nossa vida atual nem repudiá-la.

Já Saudade do Mal eu encaro como uma prisão ao passado. A pessoa só tem em mente uma situação que viveu, compara com a atual e se prende a uma vida que não volta mais. Praqueja contra sua vida de hoje em dia, não olha pra frente. Sempre vai encontrar algo de ruim nas coisas atuais, em alusão ao passado.

Vejam essa frase da música “Lampião de Gás” (Zica Bérgami):

“Lampião de Gás, Lampião de Gás
Quanta saudade você me traz”

A saudade não é do Lampião de Gás (com tanto conforto que a energia elétrica traz, ninguém pode sentir saudade disso). Meu próprio pai falecido há 23 anos dizia que o bom é água encanada, luz elétrica, fogão à gás – em alusão a essas tecnologias domésticas que inexistiram na sua infância.

Talvez o lampião de gás represente uma fase rural de tranqüilidade. Uma clara falta de adaptação à vida urbana. De uma infância ingênua e sem contato com a crueldade e a mentira que imperam invariavelmente na vida adulta.

Vamos ver outro exemplo (“Ai Que Saudades Da Amélia” - Ataulpho Alves - Mário Lago):

“Ai, meu Deus, que saudade da Amélia

Aquilo sim é que era mulher


Às vezes passava fome ao meu lado

E achava bonito não ter o que comer”

Saudade da Amélia. Que coisa. Um exemplo de exaltação à submissão feminina. Sem entrar no mérito, porque são ideologias de 50 anos atrás. Mas voltando para o nosso ensaio, ele tem saudade de uma mulher que se anulava, que não tinha vaidade pra viver o mundo dele.

Mas não é da Amélia. Se encontrasse outra trouxa que achasse bonito não ter o comer ao lado dele, estava feliz, a Amélia que se dane onde quer que ela estivesse.

Conheço algumas pessoas que trabalharam comigo no passado e até hoje quando as encontro parece que o tempo não parou pra elas. Elas enaltecem o passado, criticam pessoas que estiveram conosco lá, algumas que até já morreram. Estão presas numa vida que elas consideram a única maravilhosa que tiveram.

Viver exclusivamente do passado é anular-se. Mesmo que os tempos de outrora foram de enorme bonança. É sempre motivador acreditar que o melhor ainda está por vir, e lutar por ele.

Certa vez, Chico Anísio, numa dessas balelas mensagens televisivas de fim de ano, disse uma coisa muito sábia. Algo como: “Que o ano que está por vir seja melhor do que o que passou e pior do que o próximo que virá”. Quer pensamento mais otimista que isso?

Já vivi coisas muito legais na minha vida. Mas quero viver ainda coisas bem melhores.
Já vivi momentos inesquecíveis com amigos, mas quero que eles estejam comigo no futuro em momentos mais inesquecíveis ainda.

Se ontem sorri, amanhã eu quero gargalhar.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Essa não podia deixar passar em branco

Notícia veiculada hoje no portal Terra:


"Deputado quer passagem para familiar que estiver de aniversário

O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) se posicionou contra as restrições no uso da cota de passagens dos parlamentares que foram apresentadas nessa quarta-feira. Conforme ficou acordado pela Mesa Diretora da Câmara, os bilhetes aéreos serão de uso restrito dos políticos. "No aniversário dos familiares precisamos tê-los aqui, ou vamos acabar ficando nos Estados", ameaçou Barros.

Também ficou decidido que quando assessores precisarem viajar para representar o deputado em algum lugar do País, uma comunicação oficial deverá ser feita para a terceira secretaria que irá autorizar ou não a emissão da passagem custeada pela Casa. Outra medida é a divulgação desses gastos na internet.

O deputado Sílvio Costa (PMN-PE) também protestou contra as restrições. "É preciso acabar com esse teatro da hipocrisia. A maioria dos parlamentares desta Casa é casado. Então, agora, só quem pode ser candidato a deputado é o solteiro? As mulheres dos deputados não podem vir a Brasília? Os filhos dos deputados não podem vir a Brasília? Que onda é essa? Onde é que foram buscar essa lei? Que decisão esdrúxula é essa?", perguntou.

"

Os nobres deputados estão reclamando que o governo não "quer mais" bancar passagens de seus familiares? Ainda dizem e "ameaçam" que vão acabar ficando em seus estados?

E chama a Lei de esdrúxula?

Deviam ser cassados só por defender abertamente esse tipo de regalia.

Qualquer trabalhador comum quando se emprega em outra cidade ou estado leva consigo seus entes mais próximos. E visita seus mais distantes semanalmente ou mensamente. Isso poque concorda com a mudança por conta de se manter empregado.

Essa cambada, essa corja de salafrários, que ganham horrores, tem benefícios diversos, auxílio-desodorante, regalias, deixam o congresso vazio a maior parte do ano, ainda reclamam?

"Brasil, mostra sua cara"

São estas pessoas que aprovam leis que regem nossa sobrevivência, nossa condição de cidadão. É na mão dessas pessoas que está o futuro de nossos filhos. Na mão dessas pessoas estão nossa educação, nossa segurança, nossa assistência médica.

Ou seja, estamos, desculpe o termo querido leitor, "fudidos".

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Balanço da Vida


Eu acho que quando a gente morre, se isso for possível, devemos fazer uma balanço de nossa vida. Se valeu a pena viver.


Eu acredito que a resposta será positiva, se no balanço for constatado que:


tivemos mais alegrias que tristezas
mais amigos que inimigos
mais vitórias que derrotas
mais sorrisos que lágrimas


se fizemos mais pessoas felizes do que infelizes
se ajudamos mais que atrapalhamos


se estivemos mais perto que longe
se tivemos mais força de vontade do que desânimo


se deixamos mais luz entrar em nossa vida do que trevas
se perdoamos mais do que guardamos rancores


enfim, se não passamos nossa vida apenas morrendo um pouco desde o dia que nascemos


Eu errei muito no passado, erro hoje e vou errar amanhã
Somos imperfeitos, mas temos, mesmo diante de tanta dificuldade e desesperança que às vezes se prostam diante da gente, que buscar o lado luz da vida, pensar e viver o bem


Acredito que não podemos viver culpando ninguém por nossas chagas
É muito mais fácil pra muita gente jogar a responsabilidade por nossos fracassos nas pessoas, no sistema, no mundo, no clima, nos espíritos, em Deus, do que assumir o comando de nossa vida e fazer mudanças


Claro que ninguém é 100% inclinado a resolver tudo sobre si próprio


Mas se na maioria das vezes a gente conseguir enxergar que somos nós que comandamos nossas tristezas e alegrias, e fazemos delas grandes ou pequenas, podemos sim gerenciar nossa felicidade


Não quero entrar no campo espiritual da coisa, mas eu sempre acreditei que nada está definido pra gente......


Não temos que sofrer porque temos que "pagar" por erros de outras vidas....


Um planta brota da semente, pra crescer, florescer, dar frutos, expandir
Ela não nasce pra secar e morrer minutos depois de brotar


Assim somos também.....


Filosófico demais? Impossível de por tudo em prática?
Pode ser.


Mas prefiro pensar e respirar assim, do que deixar os dois maiores símbolos da morte infectar minha vida: o comodismo e o negativismo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Deve Chamar Tristeza

Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.

Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a Ter.

Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó

(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Sobra pra Quem?


O nosso "querido" e "amado" presidente da república, em suas voltinhas disneylandescas pela Casa Branca, disse que o Brasil está enfrentando muito bem a crise mundial, mas que "talvez" tenha que mexer na Caderneta de Poupança.

Mexer significa cortar os juros da aplicação. Cortar significa zerar os juros, pois a Poupança oferece hoje rendimentos de 0,5% ao mês em média.

Mais uma prova de que é sempre o pobre que acaba pagando por tudo neste país.

Porque o querido presidente não revê taxas de aplicações da classe alta?

Porque não vira a cara e mexe com as gorduras concedidas ao deputados? Auxílio Moradia pra Deputado é o fim da picada......

Aposentadoria para parlamentares aos 8 anos de mandato?

O direito de cada deputado e senador de contratar dezenas de assessores a salários anos luz da realidade brasileira?

Enquanto deputados constroem castelos, o povo morre por falta de atendimento nos hospitais públicos.

Escândalos financeiros já não assustam nem polemizam mais ninguém.

Ninguém mais confia nos governantes. O povo é iludido, é influenciado a votar em pseudo representantes populares que querem mais encher os bolsos do que desenvolver projetos que visem melhorar a qualidade de vida do brasileiro.

O governo adora que cada vez mais venham novelas, Big Brothers, Campeonatos de Futebol, Copa do Mundo, carnaval.......

Parodiando Nelson Rodrigues, tudo isso é o "ópio do povo", alienia massas, mascara a realidade.

Não sou nada em termos de religião, mas sou obrigado às vezes em concordar com algumas crenças: o governo humano tá mesmo falido, o brasileiro então é a maquiagem da vergonha.

Além disso acredito que todos nós temos nosso lado corruptível. Ninguém se conforma em ver esses desníveis sociais. Então eu lhe pergunto. Se você que está lendo isso agora, se lhe oferecessem um salário mensal de R$ 20.000,00 para ir à Brasília, enrolar o que puder lá, ter todas as regalias que você critica hoje, você aceitaria?

Aceitaria, faria o pé de meia seu e da sua família e dane-se a moral, a índole?
Ou recusaria porque são essas as pessoas que você critica e os culpa pela situação caótica da má distribuição de renda?

Claro que aceitaria, Eu aceitaria, todos aceitaríamos.

Então somos tão culpados quanto eles. Somos todos corruptíveis.

Hoje se uma pessoa encontra uma bolsa na rua com R$ 4.000,00 dentro e a devolve a um empresário (que a perdeu hipotéticamente), 96% das pessoas chamam essa pessoa honesta de imbecil, burro, otário.

É a inversão dos valores mesmo. Será que chegaremos mesmo numa era apocalíptica onde o que se fala hoje vai ser regra: quem é honesto, trabalha corretamente, nunca vai crescer, ter uma vida de conforto?

Que venha logo então os 4 cavaleiros e acabem logo com tudo....
Aí quem sabe melhora?

segunda-feira, 16 de março de 2009

"A grande imbecilidade de uma pessoa é limitar-se sem conhecer seus verdadeiros limites"

JV

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O irreversível ataque da informação eletrônica


Pegando carona num artigo publicado por Silvio Meira no Portal Terra, onde discute com dados, o fato de a Internet ter ultrapassado jornais e TVs na preferência pública, eu acredito sim que a forma como as pessoas vão consumir notícias e entretenimento já mudou.

Talvez ocorra com a notícia impressa o mesmo que ocorreu com a música paga. A diferença é que a música baixada pela internet é a mesma produzida pelo artista. Quanto aos textos, podem ser manipuláveis, tendo seu teor alterado em relação ao que fora criado originalmente pelo jornalista. A questão toda é: será que as próximas gerações vão se preocupar muito com teor de textos?

A saída seria mesmo os grandes veículos de informações manterem seus sites gratuitos, patrocinados por publicidade. Isso garante a fidelidade das notícias reais.

Hoje, com a massificação da tecnologia, é comum que cada um de nós busque alternativas mais interessantes para gastar nosso dinheiro. Pegue o celular por exemplo. É uma guerra entre as operadoras, que cada dia ofertam cada vez menos centavos por minuto.

E a TV paga? Chega a um nível onde o morador chega a pagar até R$ 30,00 mensais para ter acesso à programação fechada.

Me recordo que há 20 anos, era uma briga com os despachantes para licenciar os documentos de nossos veículos. Hoje se faz isso em 2 minutos num caixa de auto-atendimento bancário, e de graça.

Os veículos de comunicação vão ter que se adaptar sim. Os hábitos de leitura têm mudado drasticamente há anos. Ou você acha que quase a grande totalidade da juventude de hoje, que serão os comandantes da sociedade nos dias vindouros, devoram diariamente e inteiramente os jornais impressos, ou assistem por completo 2 ou 3 telejornais?

E quanto desses jovens (inclua a gente aí também, por que não?) você acredita que acessa as notícias em portais da Internet?

O grande desafio das empresas de comunicação será migrar a receita proveniente de seus anunciantes para a Internet. Os custos serão menores, claro, mas ainda há resistência das grandes empresas em aderir à publicidade eletrônica. Isso deve mudar, pois para os produtos das grandes empresas, o público alvo é a grande massa. E a grande massa cada vez mais se aproxima do mundo virtual.

Tudo se adapta. Quem não se adaptar o mais rápido possível, corre o risco de se tornar escasso comercialmente. Ou você acha que o número de despachantes tem duplicado ano a ano? Dos fabricantes de BIPs? De máquinas de escrever? Vendedores de enciclopédias? Das reveladoras de foto em papel?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ser nobre...

"Ser nobre é abdicar do que você mais gosta em prol da felicidade de muitos. Ser nobre é ser nobre e tolo ao mesmo tempo."

J.V.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O mundo de Marley


Marley é meu cão. Antes que alguém pense que sou modista ou pouco criativo para nominar bichos e coisas, Marley tem 2 anos, ou seja existe bem antes do filme famoso ultimamente. Mas se alguém pensar que me inspirei no livro pra batizar o cão, aí eu cumprimento e pago uma cerveja.

A história de Marley não é tão diferente da de muitos dos animais urbanos. Abandonado filhote nas ruas, vagou pelo meu bairro até encontrar uma alma bondosa (ou iditota?) para acolhê-lo. Por dias ele nos recebia em minha calçada, tão contente em nos ver, como todo pet é: alegre e brincalhão. Mas o máximo que ele participava da minha casa e da minha vida era assim: da calçada. Evidentemente que nossos corações caridosos e nossa afeição a animais não deixaria todo este esforço do bicho em vão, e sempre jogávamos um pouco de ração na calçada pro faminto se deleitar.

Numa bela noite de chuva, o cão estava lá embaixo de uma árvore todo encolhido, mas ainda perseverante de que, daquela rua, sairia o seu futuro dono. Corações partidos, solidários àquela solidão e infortúnio do abandonado filhote, resolvemos dar a ele uma noite de conforto em minha garagem. Mas seria apenas aquela noite, pois depois arrumaríamos urgentemente um dono para ele.

Ele nunca mais saiu de minha garagem. E Marley cresceu, cresceu, cresceu e virou um baita dum cachorro grande e forte. Mas, assim como no livro, seu temperamento é terrível. Marley é arteiro, bagunceiro, e apesar das alegrias que um cão doméstico traz a seus donos, ele também testa nossa paciência até as últimas conseqüências.

Mas toda essa balela, apenas pra relatar a história de um cão de rua adotado de nome famoso?

Queria apenas traçar um paralelo entre a condição de Marley e muitas de nossas dúvidas que temos durante nossa vida. Marley vive o paraíso dos cães; come ração das mais caras (e como come a fera), tem brinquedos, tem guloseimas caninas, abiscoita vez ou outra nacos de bolos e doces, visita a veterinária regularmente, faz exames, toma banho 3,4 vezes ao mês. Mas o que faria então de Marley um cão triste? A falta de liberdade. Evidentemente que Marley não possui razão, pensamento. Mas se ele pudesse escolher, entre uma vida confortável mas eternamente preso entre minha garagem e meu jardim da área social, e entre a liberdade que ele mesmo visualiza através da grade, dos cães que vivem nas ruas, cheirando tudo, fuçando nos lixos, urinando nas árvores, namorando as cachorras....Qual seria a decisão de Marley?

Assim talvez também nos deparamos com dilemas parecidos. Às vezes vivemos economicamente felizes, mas estamos mesmo? Será que temos a liberdade que tanto queríamos? Quantos e quantos de nós nos graduamos num curso superior apenas por ser a tendência profissional da era, mas não é o queremos. Quantos mantemos um emprego que nos paga bem, paga nossas contas, mas não estamos felizes nele? Quantos vivemos em entidades religiosas apenas por precisar vivenciar algum tipo de fé mas sabemos que não estamos com os corações sinceros nesta prática? Quanto vivenciamos um ambiente familiar onde temos que suportar as tradições e os comportamentos politicamente corretos em prol dos padrões?

Quantas vezes tivemos vontade de gritar, aprontar, nos acabar, fugir do óbvio, mandar pro inferno aquilo que as pessoas esperam de nós, em prol de lampejos de felicidade? Mesmo tendo atitudes pouco ortodoxas.....

Mas, na maioria das vezes, nos prendemos mais no valor de nossa ração de qualidade do dia a dia, nosso abrigo anti-chuva, nossos caros veterinários, e apenas olhamos para nossa liberdade do outro lado da grade, fuçando no lixo, namorando as cadelas no cio, correndo e pulando, e apenas imaginando, que vida poderíamos ter tido.

No fundo, no fundo, somos todos Marleys. Buscamos nosso destino, acertamos ou erramos em nossas escolhas, e muitas vezes deixamos de viver as coisas que queremos em prol do que a maioria das pessoas chamam de estabilidade.

A grande vantagem da gente para o Marley, e que, temos o poder de abrir o portão e vivenciar mesmo que, em doses mínimas, as loucuras que a vida nos proporciona. Um porre, uma festa até tarde, um doce que engorda, um dia sem academia, estourar a conta bancária pra viajar, chegar atrasado no trabalho por acordar tarde, um restaurante caro, falar besteira perto dos pais......

Quebramos o protocolo em prol do gostinho da liberdade, de viver fora dos padrões, mas depois voltamos para nossa ração.

Pobre Marley, a natureza não lhe deu o poder da escolha. Mas como toda moeda tem 2 lados, talvez nos surpreenderíamos se pudéssemos conhecer a escolha daquele companheiro do Marley, que não teve a chance de ser adotado, e que vive seus parcos dias comendo do lixo, da piedade dos freqüentadores de botecos, em contato com doenças, sol e chuva.