Este ano deve estrear nos cinemas o filme baseado no livro "O Doce Veneno do Escorpião", de autoria de Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna Surfistinha, ex-garota de programa.
O filme cria muita expectativa, acerca de sua produção e seus atores conhecidos. Afinal é sempre desafiador pra quem vive da arte cênica interpretar personagens que vivem na marginalidade, ou envoltos em tabus.
Mas será que a estória (ou as estórias) de vida de uma garota de programa, estampadas numa película de um longa, não se aproxima muito de uma heroização muito pretensiosa de algo que no meu entender não merecia tanto?
Acredito ser desnecessário relembrar e enfatizar meu respeito às escolhas de cada um, a forma como conduzem e vivem a vida e mostrar o quão nulo é algo que não vive em mim: o preconceito.
Minha avó Maria de Jesus, veio de Portugal no começo do século passado, de navio, casada novinha, teve nove ou mais filhos, veio enfrentar uma terra desconhecida, cuidar de lavoura, enfrentar as barras de uma vida sem muitas expectativas, recursos ou vislumbres de riqueza.
Assim como ela, milhares de imigrantes de todas as raças assim o fizeram.
Será que essa estória de vida não seria algo que mais se aproximava de uma brava e heróica epopéia?
Não queria aqui banalizar a discussão daqueles jargões populares na linha: "lavar roupa ninguém quer".
A prostituição é um assunto polêmico, desde as eras bíblicas. Por isso mesmo ilustra hoje as palavras deste post.
Em entrevista ao programa do Jô Soares a autora do livro (também atriz de filmes pornográficos), afirma que chegou a situações onde manteve relações com cinco pessoas ao mesmo tempo.
Pra alguns isso seria heróico, pra mim não.
Entendo as dificuldades da vida, muito bem obrigado. Vivemos num país em desenvolvimento mas com pés e mãos ainda no terceiro mundo. Oportunidades de bons empregos e crescimento pessoal são cada vez mais disputadas. Mas tudo isso não seria desculpa pra se vender o corpo, perder os valores próprios, os valores de honra. Uma das coisas mais preciosa de uma pessoa é sua intimidade, que acredito deva ser compartilhada de maneira especial e emotiva. Não de uma forma brutalmente comercial.
Evidentemente que a classe dos profissionais do sexo tem a visão deles e não concordariam muito com alguns dos pontos de vista aqui sinalizados.
Em suma, a intenção deste post não é deflagrar opiniões acerca do conceito de sexo por dinheiro mas sim colocar em discussão em torno de uma vanglorização exarcebada que um filme possa dar a atividades marginais (pros mais desatentos, atividades que vivem à margem dos padrões sociais) em detrimento a outras estórias de vida consistentes de suor, sangue, amor, dedicação e fé.
Muito mais dignas, em minha opinião, de simbolizar heroísmo.
Cinema é arte, e arte não deve ter limites. Deve navegar pelo belo, pelo bizarro, pela angústia, pela alegria, pelo medo e pelo prazer.
Mas cinema biográfico tem lá sua parcela de impacto social.
O filme cria muita expectativa, acerca de sua produção e seus atores conhecidos. Afinal é sempre desafiador pra quem vive da arte cênica interpretar personagens que vivem na marginalidade, ou envoltos em tabus.
Mas será que a estória (ou as estórias) de vida de uma garota de programa, estampadas numa película de um longa, não se aproxima muito de uma heroização muito pretensiosa de algo que no meu entender não merecia tanto?
Acredito ser desnecessário relembrar e enfatizar meu respeito às escolhas de cada um, a forma como conduzem e vivem a vida e mostrar o quão nulo é algo que não vive em mim: o preconceito.
Minha avó Maria de Jesus, veio de Portugal no começo do século passado, de navio, casada novinha, teve nove ou mais filhos, veio enfrentar uma terra desconhecida, cuidar de lavoura, enfrentar as barras de uma vida sem muitas expectativas, recursos ou vislumbres de riqueza.
Assim como ela, milhares de imigrantes de todas as raças assim o fizeram.
Será que essa estória de vida não seria algo que mais se aproximava de uma brava e heróica epopéia?
Não queria aqui banalizar a discussão daqueles jargões populares na linha: "lavar roupa ninguém quer".
A prostituição é um assunto polêmico, desde as eras bíblicas. Por isso mesmo ilustra hoje as palavras deste post.
Em entrevista ao programa do Jô Soares a autora do livro (também atriz de filmes pornográficos), afirma que chegou a situações onde manteve relações com cinco pessoas ao mesmo tempo.
Pra alguns isso seria heróico, pra mim não.
Entendo as dificuldades da vida, muito bem obrigado. Vivemos num país em desenvolvimento mas com pés e mãos ainda no terceiro mundo. Oportunidades de bons empregos e crescimento pessoal são cada vez mais disputadas. Mas tudo isso não seria desculpa pra se vender o corpo, perder os valores próprios, os valores de honra. Uma das coisas mais preciosa de uma pessoa é sua intimidade, que acredito deva ser compartilhada de maneira especial e emotiva. Não de uma forma brutalmente comercial.
Evidentemente que a classe dos profissionais do sexo tem a visão deles e não concordariam muito com alguns dos pontos de vista aqui sinalizados.
Em suma, a intenção deste post não é deflagrar opiniões acerca do conceito de sexo por dinheiro mas sim colocar em discussão em torno de uma vanglorização exarcebada que um filme possa dar a atividades marginais (pros mais desatentos, atividades que vivem à margem dos padrões sociais) em detrimento a outras estórias de vida consistentes de suor, sangue, amor, dedicação e fé.
Muito mais dignas, em minha opinião, de simbolizar heroísmo.
Cinema é arte, e arte não deve ter limites. Deve navegar pelo belo, pelo bizarro, pela angústia, pela alegria, pelo medo e pelo prazer.
Mas cinema biográfico tem lá sua parcela de impacto social.