quarta-feira, 27 de abril de 2011

Bullying - palavra nova, prática antiga





Muito em voga ultimamente está o tal do bullying.
Atribui-se inclusive ao psicopata protagonista da tragédia na escola do Rio de Janeiro.

A palavra, oriunda do inglês Bully ("valentão) refere-se a atos de violência física ou verbal, praticada com constância contra vítimas incapazes de se defender.

Normalmente praticada em idade escolar, onde os primeiros grupos sociais são formados na vida das pessoas, o bullying agride indefesos, deixando em alguns casos, marcas psicológicas em suas vidas adultas.

Concordo, mas uma coisa também sei.
No mundo moderno a palavra pode ser nova, mas esses atos ocorrem há muito e muito tempo. Quem nunca viu isso em escola? Seja dos anos 50, 60, 70, 80 ou nos atuais?

Os filmes americanos sobre adolescente sempre mencionam ações das fraternidades contra nerds ou esquisitos.
Quem nunca viu o Bart Simpson sofrer nas mãos do Nelson, na série de desenho animado que leva seu sobrenome?

Nunca fui exatamente "agredido", mas tive vivência disso no meu tempo de escola primária (como era chamada na época). Quem nunca viu criança por apelido em criança? Um misto de ingenuidade com os primeiros passos de malícia, faz com a criança invariavelmente atinja outra, principalmente em termos de aparência física. Noções de respeito às diferenças, tolerância, senso de convívio social são elementos que só se instauram na personalidade de uma pessoa numa fase pós-adolescência....(Em muitos casos infelizmente eles nunca chegam.....).

Nem por isso tivemos um exército de psicopatas oriundo de décadas passadas, praticando atos terroristas hoje em dia....

Temos casos isolados, de pessoas com personalidades inconstantes que podem sim ser afetadas por esses atos.
São as mesmas crianças que podem vir a se tornar agressivas ou problemáticas em sua fase adulta, ao verem os pais brigando, ao serem exploradas sexualmente, ao serem escravizadas com trabalho infantil.

E muitas vezes as crianças que sofrem com esses abusos não se manifestam aos pais ou pessoas próximas. Talvez por vergonha, ou por tentar querer esquecer, elas guardam consigo, alimentando e amadurecendo seu ódio.

Outra coisa que podemos colocar em reflexão é a violência muito mais presente hoje na criação de nossos pequenos indivíduos, seja na TV, na família, nas ruas...Com muito mais profusão do que nas décadas passadas.

O Youtube se tornou uma fonte de informação. Recentemente um vídeo que teve bastante repercussão foi a reação de um garoto gordinho que, ao cansar de ouvir gozações de um colega, o agarra e o arremessa ao chão, ferindo-o consideravelmente. Apesar das imagens fortes, o vídeo surtiu um sentimento de justiça pra muita gente. Era a vingança do mais fraco (em termos de coragem pelo menos) contra seu agressor.

Hoje pais e educadores buscam soluções para reduzir essa prática, que nasce no intuito de alguém querer se impor e se sentir melhor que outro. E que se torna poderoso quando ocorre a formação de grupos. Desavenças sociais de cunho infantil e adolescente sempre existiram e sempre existirão. O que acredito que devemos evitar é a facilidade com que a violência conviva nesse meio e expurgar desde cedo nessas crianças a idéia da impunidade. Transformar a "beleza" dessa valentia em punição corretiva.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vidas à mercê da demência humana



Não existem muito mais palavras para impactar ainda mais o transtorno que essa tragédia com as crianças do Rio de Janeiro, assassinadas por aquele demente.


Citar o nome dele é relembrar, dar a ele o que ele queria: seu lugar na história. Ele não deve ser lembrado. Ele sequer merece que saibamos que ele existiu entre nós e que foi chamado de humano.


Estamos à mercê de loucos. Sempre houve dementes que sangraram o mundo com suas demências. Mas a maioria histórica o fez por poder ou fundamentalismo religioso.


Podem dizer quaisquer causas psicológicas, falta de Deus no coração, falta de estrutura familiar, stress da vida moderna, drogas. Mas não é concebível, não consigo processar em meu cérebro a idéia de que, mesmo alguém com tanta alteração psíquica possa ter tanto sangue frio a ponto de fazer tal ato contra seres tão indefesos e inocentes.


Agnósticos ou ateus poderiam questionar onde estava Deus quando essas 13 crianças precisavam de sua proteção? Claro que até mesmo o mais distante crente na fé, sabe que as promessas Dele são além terrestres, e sua influência em nosso dia a dia incide em abrandar corações. Não existirão nunca ações físicas.


Um animal ataca quando se sente ameaçado. Mas um animal não pensa. Não raciocina. Não cria idéias anarquistas ou macabras, não faz nada por vaidade.


Claro que centenas de discussões acerca de reforço de segurança nas escolas vão inundar a mídia nas próximas semanas.


Mas além de nos sentirmos inseguros dentre de nossa casa, dentro de nosso carro, no trabalho ou na diversão, por conta da violência patrocinada pelo bandidismo, temos agora mais uma dose de medo para conviver: a ação de psicopatas.


Mesmo que tornemos as escolas verdadeiros quartéis do exército, talvez não estejamos livres de doentes que possam cometer atos brutalmente similares, em shoppings, igrejas, restaurantes. Quem não se lembra do atirador do cinema do shopping?


Não existe uma solução para que nossos jovens se deixem deturpar. Mas talvez exista um pacote de soluções. Como um coquetel de remédio para tratar uma doença. Um pacote que inclua: educação familiar, escolaridade, combate ao uso de armas.


Enquanto isso, temos que viver sob a aura da loucura. Sangramos na dor junto com esses pais, cuja vida de agora pra frente não poderá viver sem o elemento desespero.


Somos parceiros na dor e no inconformismo deles. Mas somos ao mesmo tempo alvos. Alvos da demência humana.