sábado, 30 de maio de 2015

Renovação de sonhos


O sonho, numa contextualização lógica, é o ato de misturar lembranças e sentimentos durante o período em que adormecemos, criando cenários, situações e ações muitas vezes surreais e longe de nosso cotidiano. No mundo dos acordados, sonhar nada mais é do que almejar uma situação futura onde realizemos algo que não acontece em nossos dias atuais. Ou seja, ter planos.

Brincando de categorizar pessoas, podemos separá-las em três grupos. As que nunca sonham, ou seja, não se importam com muita coisa no futuro. O que vier da vida elas vão levando e tudo bem. As que vivem sonhando, mas nunca fazem nada para alcançar tais planos, e muitas vezes vivem reclamando que não são felizes por isso. E numa terceira categoria, aquelas que encaram realmente sonhos como planos e atuam em suas vidas com organização, planejamento e mudanças para realizá-los. Esse é, na minha visão, o mais interessante grupo de pessoas. Pois a chance de ter sucesso nessa empreitada é a mais provável destas situações.

Mas não podemos nos ater a sonhos ou planos que estão longe de capacidade de realização. Vamos criar uma situação hipotética. Imagine uma pessoa que aos 50 anos comece a sonhar em ser piloto espacial, sem nunca ter se interessado por isso. Primeiro tal individuo pode não ter perfil ou condições físicas para tal atividade. Depois não haverá tempo suficiente para estudar, se ambientar no universo da profissão ou se preparar fisicamente para isso.

De um ponto de vista mais simples, quando sonhamos com uma casa nova, uma viagem, uma carreira bem sucedida, uma família estruturada, ou mesmo para coisas bem "atingíveis" como um sapato novo ou uma satisfação gastronômica, beira às margens do óbvio que devemos trabalhar e nos organizar para realizar tais aspirações. Muitas vezes esbarramos em dificuldades inesperadas que nos fazem desistir.

É ai que entra a necessária mudança de rota. Acredito ser muito saudável a renovação dos sonhos. Muitos deles às vezes não passam de ilusão. Você "acha" que quer vivenciar tal situação, sem ter pensado ou estudado como seria estar nela, se ela vale mesmo todo o preço que pagará, por longos anos às vezes. Ter em mente novos caminhos significa um amadurecimento na forma como você se enxerga no futuro. Em situações onde você realmente prevê que terá satisfação e prazer com as metas alcançadas.

Essa renovação, no entanto, não significa que você deva abandonar facilmente algo que muito quer. Isso pode lançar a pessoa num lago de descartabilidade emocional e social. Sonhos então devem ser planos objetivos e xiitamente refletíveis no sentido de que seja aquilo que realmente nos trará benefícios lá na frente.


Eu sempre penso que quem não tem objetivos ou planos e projetos futuros, simplesmente aposentou seu interesse no quesito motivação de vida, e fica apenas planejando uma morte tranquila. Não podemos parar de sonhar, apenas fazer como no sono: mudar os sonhos de tempos em tempos.

domingo, 15 de março de 2015

Que mudanças podem ocorrer por conta dos protestos?

Manifestações populares se revelam como o maior exercício livre da democracia política de um país. Se esse tipo de evento ocorresse em 1970, por exemplo, seria bombardeados com violência, cassetetes, cavalos, prisões. Pois naquela época o ar que respirávamos era ditatorial. Manifestações como essa também não ocorrem em países dominados pelo islã. Ou na Coréia do Norte.

Mas como mensurar os resultados dos protestos? De um ponto de vista juridicamente sintético, um presidente só pode ser retirado do cargo por impugnação (Impeachment) se provado for seu envolvimento criminal. Se isso ocorrer, quem assume será o vice - nos dias atuais - Michel Temer. O novo comandante vai abaixar o preço da gasolina? Vai reduzir os benefícios milionários dos deputados? Vai investir racionalmente nos serviços sociais básicos? Vai tratar com afinco os direitos trabalhistas? Vai reorganizar a carga tributária?

O que ocorrerá a partir de 16 de Março de 2015? A presidente Dilma foi à TV recentemente e disse que tudo está bem no país. Que o momento econômico será melhorado etc e tal. Mas o que está sendo feito pra isso? Qual melhoria no combate à crescente inflação que aponta no horizonte será implementada? O governo federal e seus asseclas vão se importar com essa voz do povo nas ruas?

Mas os movimentos devem sim existir e com mais frequência e aderência. Nós bancamos o país, com nosso trabalho, com nossos impostos. Não podemos deixar os desmandos por interesses pessoais corroerem nossa economia, enquanto centenas ficam cada vez mais ricas. Enquanto empresas privadas tiverem negócios escusos com o governo. E não importa que tipo de governo esteja no comando. PT, PSDB, PMDB. Se os problemas atuais do país estivessem sob o governo dos tucanos, as ruas estariam tingidas de vermelho, no lugar do verde-amarelo de 15 de Março. Não é a cor o importante, mas a solução dos problemas.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O desrespeito e a barbárie


O recente ataque terrorista que causou a morte de jornalistas e cartunistas da revista francesa Charlie Hebdo traz a tona uma reflexão sobre duas frentes que corroem e mancham o sentido de humanidade das pessoas. A primeira delas é bem clara e óbvia. Qualquer movimento no sentido de se colocar terror na vida das pessoas não só é condenável como uma ação que tem de ser extinta das práticas sociais no mundo, seja ela causadora de mortes ou não. Alguns estudiosos ou ideológicos políticos podem apontar a opressão econômica de países ocidentais contra os do médio oriente como uma forma similar de terrorismo. Quando existem conflitos militares, centenas e milhares de vidas se perdem em todos os lados. Mas quando civis são alvos da intolerância, torna-se uma clara expressão de quão expostas à barbárie estão as pessoas comuns, independente de viveram na Europa ou em qualquer continente.

Por outro lado, poderíamos discutir também qual a fronteira que divide a livre expressão do ato de desrespeito a costumes e crenças. Não se deve haver censura nas artes e nos meios de comunicação. Mas até que ponto devemos concordar com publicações que ridicularizam, envergonham ou agridem visualmente crenças, ideologias e modos de vida, por mais antiquadas e opressoras que sejam?

 


É verdade que muitos países do islã pregam o ódio e influenciam suas crianças a tornarem-se inimigos de países tradicionais, a ponto de tornarem-se suicidas e homicidas por uma causa religiosa? Sim. É vergonhoso para raça humana o modo como as mulheres são tratadas na maioria desses países? Sim. É repugnante nos depararmos com cenas de civis sendo degolados? Sim. Mas, vamos refletir. Suponhamos que eu tenha um vizinho canalha, que destrata sua família, não tem facilidade de convívio social e menospreza seus próximos. E tal atitude seja atrelada a uma crença ou a um grupo social a que ele pertence. Num belo dia eu faço uma publicação popular (um relato ou uma charge/montagem fotográfica) ridicularizando todas as pessoas que compactuam com as crenças desse vizinho. Aí ele vem e me assassina. Obviamente que ele agiu monstruosamente. Mas será que minha atitude inicial foi a mais sensata? Ao invés de tentar mudá-lo, ou denunciá-lo, processá-lo meu caminho foi partir para ridicularização popular de seu grupo social.


Nada nunca justificará a violência e o terror. Mas talvez a força da comunicação resida no uso da liberdade para denunciar, divulgar, chocar, conscientizar, criar movimentos e até mesmo incitar movimentos militares contra tais monstruosidades. Desrespeito somente fará aumentar o ódio, a opressão e a violência.