O mundo está muito na berlinda. Qualquer mera opinião é alvo
de ódio. A força invisível e protetora das redes sociais transforma pessoas sem
qualquer mínima condição de debate numa forte e guerreira defensora de uma
opinião muitas vezes inútil. Como alguns literários já cravaram: a internet é o
território livre dos imbecis.
Eu posso escrever um título chocante e polêmico de qualquer
artigo ou matéria e serei crucificado, e aposto que 70% do corpo de carrascos não
vão ler o conteúdo da publicação. As pessoas buscam coisas rápidas e superficiais.
As pessoas pré julgam. Qualquer sinal ou símbolo de que uma opinião fira seus
pensamentos é motivo de escracho, de condenação prévia, sem ao menos se dar ao
trabalho de ouvir ou ler o que a pessoa tenta transmitir em seu embasamento
sobre qualquer assunto.
Alguém tem sempre que escolher um lado popular. Ou é a favor
ou contra o governo. Ou é favor ou contra os homossexuais. Qualquer ideia bem construída sobre qualquer
posicionamento é descartada se não se escolher um lado. Porque temos de ser obrigados a carregar um
bandeira definida por alguém? Porque não posso discordar dos gays e dos
padres/pastores ao mesmo tempo? Porque não posso discordar da Dilma/PT e da
(dita) situação PMBD/governo? É obrigatório escolher um lado?
Se sou contra a cota racial nas faculdades sou racista. Se
sou contra o Bolsa Família vão dizer que sou coxinha. Estamos vivendo um
momento de absolutismo. Ninguém quer ouvir o que penso, apenas julga pelo
"Sim" ou "Não". Parece
que a impaciência e a intolerância transformaram as pessoas em absolutistas, margeando
os pensamentos xiitas de muitas ideologias religiosas do extremo oriente.
Será que essa condição de julgar e definir lados, sem a
disponibilidade de ouvir, ler, entender argumentações (quando elas existirem
claro) é apenas reflexo do poder de rapidez na forma moderna das comunicações?
Estaríamos (todos) nos acostumando à objetividade de mensagens em celulares ou
símbolos e imagens de redes sociais? Em que pese o universo dinâmico deste
formato, não seria ele uma maneira de banalizar e criar padrões de
superficialidade no teor profundo da informação? Estamos nos tornando cegos e
resistentes à necessidade de se aprofundar nas informações, em como se desenvolvem
as situações sociais , morais e políticas? Me recuso a aceitar que a tecnologia
da informação seja a única responsável por isso. Senão, qual futuro teriam
nossos próximos célebres escritores e jornalistas?