quarta-feira, 25 de maio de 2016

Vivemos épocas de um absolutismo devastador


O mundo está muito na berlinda. Qualquer mera opinião é alvo de ódio. A força invisível e protetora das redes sociais transforma pessoas sem qualquer mínima condição de debate numa forte e guerreira defensora de uma opinião muitas vezes inútil. Como alguns literários já cravaram: a internet é o território livre dos imbecis.

Eu posso escrever um título chocante e polêmico de qualquer artigo ou matéria e serei crucificado, e aposto que 70% do corpo de carrascos não vão ler o conteúdo da publicação. As pessoas buscam coisas rápidas e superficiais. As pessoas pré julgam. Qualquer sinal ou símbolo de que uma opinião fira seus pensamentos é motivo de escracho, de condenação prévia, sem ao menos se dar ao trabalho de ouvir ou ler o que a pessoa tenta transmitir em seu embasamento sobre qualquer assunto.

Alguém tem sempre que escolher um lado popular. Ou é a favor ou contra o governo. Ou é favor ou contra os homossexuais.  Qualquer ideia bem construída sobre qualquer posicionamento é descartada se não se escolher um lado.  Porque temos de ser obrigados a carregar um bandeira definida por alguém? Porque não posso discordar dos gays e dos padres/pastores ao mesmo tempo? Porque não posso discordar da Dilma/PT e da (dita) situação PMBD/governo? É obrigatório escolher um lado?

Se sou contra a cota racial nas faculdades sou racista. Se sou contra o Bolsa Família vão dizer que sou coxinha. Estamos vivendo um momento de absolutismo. Ninguém quer ouvir o que penso, apenas julga pelo "Sim" ou "Não".  Parece que a impaciência e a intolerância transformaram as pessoas em absolutistas, margeando os pensamentos xiitas de muitas ideologias religiosas do extremo oriente.


Será que essa condição de julgar e definir lados, sem a disponibilidade de ouvir, ler, entender argumentações (quando elas existirem claro) é apenas reflexo do poder de rapidez na forma moderna das comunicações? Estaríamos (todos) nos acostumando à objetividade de mensagens em celulares ou símbolos e imagens de redes sociais? Em que pese o universo dinâmico deste formato, não seria ele uma maneira de banalizar e criar padrões de superficialidade no teor profundo da informação? Estamos nos tornando cegos e resistentes à necessidade de se aprofundar nas informações, em como se desenvolvem as situações sociais , morais e políticas? Me recuso a aceitar que a tecnologia da informação seja a única responsável por isso. Senão, qual futuro teriam nossos próximos célebres escritores e jornalistas?

domingo, 3 de abril de 2016

O país dividido, mas todos querendo mudanças


O ano de 2016 entrará para a história do Brasil como um dos mais tumultuados nos campos da política e economia. Mas ao mesmo tempo será lembrado quando a lama foi espalhada pelos holofotes da mídia. Eu imagino que corrupção exista no mundo todo e no Brasil desde os tempos imperiais. A diferença é que hoje, de forma boa ou deturpada, é divulgada pra sociedade. E vemos uma divisão entre as mentes pensantes do país e as celebridades. Enquanto o governo atual faz manobras pra se livrar de uma derrocada, uma ala esquerdista conservadora cita algo chamado de "GOLPE".

É aterrorizador imaginar que, na queda de Dilma, qual será o grande e avassalador sucessor, visto que a fila de sucessão não conta exatamente com defensores da liberdade, da democracia e do progresso econômico e social da nação. O vice do Trancedo foi Sarney. E todo mundo sabe onde deu. O vice de Collor foi Itamar, que apesar de rejeição, tentou colocar as coisas nos prumos. Passaram-se 20 anos de governo do PSDB e PT e chegamos num ponto onde a sucessão está entregue em mãos de pessoas que não tem o apoio nem a simpatia populares.

Ninguém é mais bobo. Hoje a classe consumidora pensante está entre 30 e 50 anos, alguns nem nascidos quando se brigavam pelas diretas já em 1984. Essa geração é informada, tem noção política, alguns claro com relações de bons interesses comerciais/políticos, mas bem diferente de um jovens de 30 anos lá pelos idos do início dos 80.

A Dilma cavou sua sepultura política ao fazer as manobras para proteger o Lula. Quem não deve não teme. Então essas manobras demonstram um comando da nação mais preocupado em manter um partido no poder do que focar esforços para resolver problemas econômicos. Artistas, jornalistas, acadêmicos, se dividem entre exorcizar do Partido dos Trabalhadores do poder e entregá-lo ao PMDB. No meio elege-se um herói da nação, Sr. Moro, como já aconteceu com Joaquim Barbosa. Certos ou errados, no âmbito de legalidade judiciária, sempre estiveram buscando quebrar barreiras e atuando de forma radical em busca de apontar quem está cometendo crimes.

O que é certo é tem de haver mudanças. O PMDB pode ser um monstro disposto a afundar o país numa buraco social nas próximas décadas. Mas não vejo cenário diferente se o PT continuar no comando. E o que nos penaliza e nos deixa às margens do enjoo e desilusão com a política é o fato desse esforço medonho das manobras do governo para defender quem deveria ser investigado.
Se existe alguma boa expectativa talvez seja o fato de que, nas próximas gerações, as incursões de corrupção entre governos (de todos os âmbitos) e grandes empresas, serão freadas, visto que, espero que não apenas momentâneas, as atuações do judiciário e polícia federal têm tentado ao menos expor esses chacais do grande escalão que embolsam milhões, que poderiam salvar milhares de vidas em hospitais pelo Brasil, ajudar a melhorar a educação de pessoas das gerações futuras e a conter a violência que tira o sono de praticamente todo país. Quem sabe essas ações da década atual não gerem melhores governantes, representantes do povo melhor eleitos e que façam da insatisfação pública um motivo forte para não aceitar hipócritas, ladrões e falsos baluartes do povo no comando dos destinos de nossa sociedade.

Não queremos esquerda, direita, PT, PMDB, PSDB, artistas pró ou contra essa ou aquela ideologia partidária. Queremos bons administradores, que pensem e atuem mais pelas políticas sociais, do que conchavos partidários ou doações generosas de empresas privadas.