quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Música Digital: Futuro da Música ou Assassinato de Bandas?

Os mais antigos devem se lembrar. E podem me chamar de saudosista, pois sou mesmo. Lembra quando você juntava aqueles trocados de fundo de bolso e comprava aquele LP de vinil da sua banda favorita? Aquele cheiro de disco novo e aquele encarte gigantesco onde você acompanha as letras sem forçar nada da vista?
Pois bem, naquela os lançamentos de rock eram aguardados ansiosamente pelos fãs. Até os discos live eram motivos de festa. A tecnologia avançou e lançaram o CD, um disquinho bem menor com encarte minúsculo, mas com uma qualidade de reprodução sonora magnífica, que encantou os velhos consumidores do vinil.

Após mais uma década e os gravadores de CD e a internet avançaram de tal forma que a pirataria de loja, ou aquela de rua, deixou de ser a ameaça ao poderio de mercado das gravadoras. O computador hoje é accessível a uma infinidade de pessoas, até mesmo nas classes sociais menos privilegiadas. Com isso o consumo de música deixou de depender de se gastar qualquer dinheiro para a compra de CDs, original ou pirata. Quando se busca algum trabalho, é só baixar na internet, gravar centenas de músicas em MP3 players ou em CDRs.

As grandes gravadoras que investem em músicas populares já sentiram o peso dessa tecnologia há muito tempo. Muitas delas se fundiram, reduziram o investimento em lançamentos, dispensaram artistas. Muitos artistas populares que vendiam 2 milhões a cada álbum, se venderem 100 mil hoje já são recordistas.

E no mundo rock? Até onde isso prejudicou. Mesmo que os apreciadores de rock and roll sejam os mais fiéis consumidores de produtos originais dentre todos os estilos, muita gente, principalmente os mais jovens (muita vezes sem recursos próprios e com maior facilidade de acesso à internet) raramente compra CDs ou DVDs originais. É tudo download mesmo.

Muitas das grandes bandas tiram grande parte de seu sustento através das grandes produções de seus shows. Artistas top do rock como AC/DC, Metallica, Iron Maiden, U2, Aerosmith, Kiss e outros continuam não tendo problemas com gravadoras, mesmo que a venda de seus álbuns esteja sendo dilacerada pela troca de músicas digitais. Mas e as bandas pequenas e médias? Qual a expectativa de músicos dedicar suas vidas a viver e trabalhar da música sendo que não vai conseguir ganhar nada com ela e praticamente não ter cachês astronômicos pela escassez de shows?

E as indústrias fonográficas? Vão investir cada vez menos na produção de lançamentos em CDs. Afora os novos trabalhos de estúdio, como ficamos nós, os colecionadores de trabalhos de bandas dos anos 70 e 80? A discografia de bandas como Beatles, Led Zeppelin, Black Sabbath, Floyd ou Maiden sempre terão várias e novas edições. Mas será que os primeiros trabalhos de bandas como ELF, Foghat, Queensryche, UFO, Lynyrd Skynyrd, Anthrax, terão edições nacionais por exemplo? Os pequenos e médios selos investem em bandas novas, mas será que investiriam verba no lançamento de antigos trabalhos de bandas médias sabendo que as vendas dessas cópias raramente ultrapassariam a casa da dezena de milhares?
Mesmo o mais compulsivo dos compradores de produtos originais se assusta ao ver um CD importado que tanto procura a R$ 130,00 nas lojas (Galeria do Rock) ou na Internet.

Parece mesmo um caminho sem volta. Falam muito em vender música digital, para tentar abocanhar os consumidores de música via internet. Mas se o garoto já utiliza programas como E-mule, Bittorrent ou blogs para baixar suas músicas gratuitamente, por que pagariam por elas?

Na minha visão, e muita gente vai me odiar por isso, seria uma alguma inovação tecnológica na rede seria uma maneira de banir a disseminação de MP3 na rede. Tipo proibir que arquivos deste tipo fiquem hospedados em servidores ou serem barrados em roteadores,e por conseqüência dificultaria downloads e uploads. Uma política tecnológica agressiva em cima disso seria mais um aliado para bandas e fãs fervorosos dos CDs originais.

Em contrapartida, as grandes gravadoras deveriam mudar a política de visar lucros astronômicos e não forçar as lojas a colocar, por exemplo, o último do Slayer a R$ 40,00 a exemplo. Ou então cobrar R$ 35,00/38,00 por cada trabalho dos Beatles. Quando a EMI colocou os trabalhos do Queen a R$ 12,00/14,00, foi a chance de eu trocar todos os meus velhos LPs por toda a obra em CD.

A modernidade tem seus benefícios. Mas quando o avanço tecnológico no mercado fonográfico ameaça uma cultura de se adquirir e colecionar trabalhos originais. Essa cultura acompanha os amantes do rock há 50 anos. Quem sabe se a molecada de hoje não se conscientiza de que priorizando seus IPODs estão acabando com essa cultura apaixonante.

Um comentário:

Brena Braz disse...

Oi, Julio.
Obrigada pela visita!
:)