sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Crimes Passionais



Dentre centenas de casos similares, vi outro dia na TV a estória de um policial que matou a ex-mulher. Típico caso de crime passional. Possivelmente inconformado com a separação, decidiu tirar a vida da ex-companheira.

Quase certo de que ele se baseou naquela filosofia: “se não vai ser minha, não vai ser de mais ninguém”.

Típico caso de desespero, extremo desequilíbrio emocional. O lado psicológico ofuscado pela perda, não medindo conseqüências de seus atos.

Claro que isso não é novo. Pessoas fracas emocionalmente, dependentes, inseguras, quando se sentem ameaçadas transforma amor, bem-querer em outro sentimento. Vingança. Violência. Em alguns casos, a pessoa tomada por esse descontrole tira até mesmo a vida de um terceiro, que possa estar envolvido amorosamente com seu/sua ex-companheiro(a). Como se tirasse também dela alguém, assim como ele a perdeu.

Ou mesmo caso de pessoas que ferem os próprios filhos pra atingirem seus desafetos. Quem não se recorda do pai que atirou um avião contra um shopping em Brasília, ocasionando a morte de sua própria filha.

Uma pessoa perturbada dessa maneira não pensa em mais nada. Não pensa na prisão que vai enfrentar, nas seqüelas que vai causar às famílias, nem sequer na vida de alguém a quem pôs no mundo. Ela não enxerga vida sem o antigo parceiro, não tem planos, não quer se associar, se envolver, buscar e criar novos vínculos amorosos, familiares.

Evidentemente que a ciência psicológica deve deter muitas aplicações que enquadram pessoas desse tipo. Mas o que me intriga é como um sentimento antes tido como bom, o amor, o querer-bem, o carinho, o cuidado possa se transformar em algo negativo na mais extrema forma de pensar.

Acho que uma pessoa dessas não perde o valor próprio do dia pra noite. Acho que ela sempre foi insegura, não admite, em nenhuma hipótese que alguém que ame, deixe de amá-la. E todos estamos sucintos a isso. Me lembro de outras estórias, uma por exemplo de que uma policial matou o ex-marido por motivos semelhantes. Quem é casado, namorado, ou tem algum envolvimento com alguém talvez não conheça realmente a fundo a personalidade de seu parceiro(a). Qual dano a mente dele sofreria em um rompimento e qual caminho ele procuraria seguir. Da vingança ou olharia pra frente, tentaria recomeçar sua vida?

E quando for conhecer pode perder a própria vida ou de pessoas próximas.

Ciúmes, todos temos. Alguns brandos, outros exagerados. Mas a ponto disso se transformar em combustível para usar sua vida para agredir, matar, ferir, destruir, acho que é a mais perigosa forma de comportamento humano. É o paradoxo do sentimento. É a inversão do valor. Não se enquadraria na categoria amor, desejo ou paixão. Isso é posse. Como se possuir um carro pelo qual se tem um apreço enorme e ver alguém roubando ele.

A questão é? Existirá algum recurso para que se detecte essa instabilidade psicológica, essa falha comportamental, antes de se envolver pra valer com alguma pessoa?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Álcool, um abismo à espreita



Vamos falar um pouco sobre algo delicado: alcoolismo.

Passando esses dias por uma igreja próxima de casa, pelo vidro do carro avisto, sob a marquise do templo, um homem se levantando. A aparência típica de um mendigo, andarilho, recolhendo sua coberta e seus pertences após uma noite gélida desta época. Mesmo com a considerável velocidade do carro, consegui reconhecer aquele desafortunado indivíduo. Por diversas vezes, quando de passagem por uma padaria, eu me deparava com o vizinho do estabelecimento chegando em sua casa num estado visivelmente embriagado. Ele era ou é um eletricista, que tinha casa e aparentemente agora vive nas ruas.
Aparentemente perdeu família, casa, trabalho, respeito e a dignidade humana.

Imagino que o agente causador dessa decadência nesse caso possa ter sido a bebida.

Alcoolismo é uma doença que, em estado crítico, tira da pessoa o senso da realidade, a capacidade de associar-se, ter uma conduta moral, lutar pela sobrevivência com dignidade.

Não vou bancar o puritano aqui, mesmo porque estou há anos luz de distância disso. Eu também bebo. Evidentemente que só tomo cerveja. Bastante às vezes, especificamente em fins de semana. Seria eu então um doente? Um viciado?

A palavra vício, numa intuitiva interpretação, está intimamente ligada à dependência. E podemos entender que no caso do alcoolismo o doente como dependente de seu vício no dia a dia. Como um drogado que apresenta sintomas físicos e metabólicos na ausência da droga. Pensando por esse prima, diria que não sou um viciado não. Nem muitos amigos de churrasco, mesmo que exagerem um pouco às vezes.

Acho que no caso do alcoólatra, isso faz parte de seu dia a dia. Invariavelmente, se apegam à bebida (na maioria das vezes do tipo destilada), perdem o sentido da responsabilidade, da preocupação com os outros e com si próprio. Não se preocupa tanto com aparência, higiene, alimentação. É enfim, uma pessoa que está entregando a vida pelo prazer de conturbar seu cérebro com a alienação que o álcool provoca.

O consumo de bebidas alcoólicas descende da antiguidade. Por séculos, o homem desenvolveu o gosto pela bebida, refinou-o, o transformou num ingrediente similar aos produtos alimentícios. Mas é nos dias atuais, com a loucura e o stress que a modernidade causa na mente humana, que esse consumo quase que se confunde com uma prática medicinal. Em muitos casos, a ingestão de álcool, suprime a atuação de um psicólogo, infelizmente.


A graduação GL (Gay Lussac, 1778-1850, cientista pesquisador de gases e álcoois) indica que para cada 95 ml de água há 5 ml de álcool.

A tabela abaixo mostra, resumidamente, aproximadamente, o conteúdo de GL de alguns tipos de bebidas.


Isso significa que, se um indivíduo tomar 4 copos de 250 ml de whisky, estará ingerindo quase meio litro de álcool.


Em suma, alcoolismo é um câncer social. Degrada a vida, faz familiares sofrerem, causa agressões, mata gente inocente no trânsito. Quantos e quantos casos conhecemos de adultos que cresceram com traumas de infância, pelo fato de conviverem com as dores que pais alcoólatras lhes causaram.

Cada pessoa tem seu limite, sua resistência, sua consciência. O grande problema é que, para descobri-los, a grande maioria dos jovens acaba por testando-os na prática com essas drogas. E alguns deles matarão seu futuro, sua vida, em prol dessa fuga da dura realidade diária.