segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Viver um dia de cada vez


Max Gehringer disse certa vez, de lembranças da época em que fazia contratações em recursos humanos, que 10 em cada 10 candidatos sempre apontavam como seus principais defeitos a ansiedade.

Isso significa que todos nós somos ansiosos. Mesmo aqueles que transparecem uma calma tibetana, mas que internamente fervem. E, claro, aqueles que transpassam a raia da loucura, diante de uma situação duvidosamente importante.

Deixando de lado o conceito de que o “falar” é mais doce que “praticar”, muitas vezes deixamos a expectativa nos consumir, a tal ponto que nos deixa obscuros, amargos, arredios.

Deixamos a idéia de algo que ainda não aconteceu afetar nosso humor, nossa luz. Deixamos de vivenciar a beleza, a alegria e a vivacidade que as pessoas e a natureza lá fora insistem em nos proporcionar.

Como é animador conviver com pessoas otimistas. O otimismo é um forte aliado em nossas emoções que deixamos de utilizar. Acredito que, inconscientemente, deixamos de usá-lo, com medo de nos deparar com decepções futuras.

Não quero dizer com isso que nos transformamos em criaturas horrendas, arredias, solitárias por conta de nossa ansiedade.

Apenas digo que às vezes deixamos de vivenciar momentos de lucidez, paz de espírito por conta de algo que ainda nem chegou e já convivemos antecipadamente com o fracasso. A ansiedade é um terreno fértil onde a angústia brota firme e viscosa.

Também não podemos confundir “controle da ansiedade” com nível negativo de entusiasmo. Porque nada é autêntico senão vier do coração , da paixão. Em todas as fontes que envolvem a vida, profissional, familiar, amorosa, social, religiosa, se não houver paixão, acabam se tornando meras obrigações, que por acabar nessa condição, deixam de ser algo prazeroso de se vivenciar.

Talvez a velocidade do mundo em que vivemos nos torna assim. Perdemos aquela calma das gerações anteriores, com planos a longo prazo, perdemos o tempo de sonhar. Hoje sonhamos dezenas de coisas por dia. E a óbvia não realização da maioria delas nos coloca na condição de seres agitados, impacientes e por conclusão minimalista, ansiosos.