Nas campanhas pelas eleições
presidenciais diretas em 1984 – a chamada “Diretas Já” – viu-se pela primeira
vez no país uma movimentação das massas populares em prol das mudanças
políticas e administrativas no país, antes assolado pela repressão de anos de
ditadura militar. Nascia ali o desejo por democracia, vinda do povo. A classe baixa/média
trabalhadora aspirava ter no Brasil um partido político que representasse seus
interesses, não apenas em duas frentes básicas como fora até então, Arena e
MDB. Assim, o Partido dos Trabalhadores começava a crescer, ancorado pelo força
de seu nome e buscava ser maioria do poder político, que apenas viria se
realizar a partir da eleição de um governante mor da nação, fato que ocorreu
apenas em 2003, quando Lula assumiu a presidência da República.
No desejo popular, o ex-metalúrgico,
que enfrentava a polícia comandando greves da sua classe profissional na região
do ABC, seria o álamo para as melhorias dos direitos sociais e para fortalecer
os três pilares dos serviços públicos que atendem basicamente a população - educação, saúde e segurança. Parecia que
finalmente as condições mínimas de sobrevivência e de crescimento econômico e
social do povo estariam sendo estabelecidas.
Estamos em 2012, no terceiro
mandato do PT no governo, e o que paira no ar é um sentimento de decepção dos
trabalhadores da nação com um partido que além de levar seu nome, levava as
esperança de dias melhores. Tendo como herança do governo anterior um plano econômico
que estabilizou a economia nacional, e apoiado em sólidos planos do seu
próprio, o Brasil até então enfrentou exemplarmente as várias crises mundiais
que afetaram algumas vezes Estados Unidos, Ásia e Europa. As bancadas do
Senado, na Câmara e nos governos municipais e estaduais foram aos poucos se
fortalecendo pelos filiados ao partido. Mas a paixão pelo PT foi afetada, num
caminho talvez sem volta, pela corrosão causada por inúmeros escândalos de
corrupção por importantes cabeças de suas fileiras. E diria que a grande
decepção, no entanto, reside na falta de uma política social que propiciasse ao
trabalhador a tão sonhada melhoria de vida. As pessoas hoje têm comprado mais,
consumido mais. A terceirização de alguns serviços como telefonia, trouxe
baixos preços e péssima qualidade, mesmo assim massificou seu consumo. Mas a
qualidade dos serviços sociais básicos ainda é sofrível. As condições de
salário e de trabalho não tiveram a reviravolta esperada. Toneladas de impostos
nas costas de pequenos e médios empresários não favorecem o crescimento do
trabalhador, mesmo que muita gente da classe empreendedora se agarre na
sonegação fiscal.
O Brasil tem uma forte imagem lá
fora, está no chamado grupo de “países em crescimento” (desde que nasci ouço
falar disso), junto com Rússia, China e Índia, é a maior estrutura econômica do
continente onde reside, mas na mão de um partido que, teoricamente nasceu para
representar o povo, não está sabendo cuidar direito de seus filhos. É como uma
família que tem uma casa bonita, um carro bom na garagem, mas não cuida da
saúde ou alimentação de suas crianças.
Todos esperamos que um dia a
grande mudança ocorra, mas por enquanto, a luz dessa estrela apenas brilhou na
conquista do poder, e se apaga cada dia mais por total falta de atuação
concreta em suas diretivas administrativas.
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