Matéria de capa da Veja desta
semana enfoca o polêmico tema da
eutanásia. Segundo ela o Conselho Federal de Medicina orienta que os médicos do
Brasil reconheçam o direito do paciente de escolher o seu tratamento, ou seja,
de não escolher também. Com o título “Eu decido Meu Fim” a reportagem entra num
campo da linha de vida de uma pessoa que envolve muitos fatores como psicologia,
empatia, religião, medicina, livre arbítrio, filosofia, amor e dor.
Desde que nascemos é imputado ao
nosso livre arbítrio a possibilidade de tirarmos nossa própria vida. Não existe
maneira de impedir isso quando alguém o queira fazer, seja motivado por
questões psicológicas, mentais ou religiosas. Por pressões emocionais,
financeiras, morais ou trágicas pessoas se matam, muitas vezes por falta de
estrutura ou vontade de resolver os problemas de seu cotidiano, por vezes
levadas pelo desânimo ou injustiças.
Mas essa atribuição reside talvez
na fraca personalidade do suicida. A questão em reflexão pela reportagem da revista
é acerca de alguém acamado com uma doença violenta e de difícil recuperação.
Neste caso dois pontos de vista podem ser levados em questão. O ponto de vista
de quem está na pele do doente. Sofrer é algo que consome todas as energias,
alegrias e qualquer mínima porção de otimismo que reside dentro do ser. Além da
dor física, o fator emocional de quem fica meses, anos atrelado a uma cama, sem
sequer ver o mundo exterior que conheceu tempos antes da doença. Quão pesada é violência
mental e psicológica que acaba com o desejo da pessoa viver, antes que a
moléstia retire sua última energia vital. Os duradouros tempos do isolamento do
enfermo vão minando qualquer esperança de um dia estar em contato novamente com
a família e a sociedade em geral. Às vezes mergulhar na escuridão e incógnita
situação pós-morte, mesmo que ela não exista, pode ser menos dolorosa do que a
carga das dores físicas e psicológicas.
Mas existe outro ponto de vista.
De é de quem vive ao redor do doente. Seja pelo juramento do médico em lutar
até o fim pela reversão de moléstias, seja pela insistência da família, que por
amor, não quer ver tal ente perecer, sempre se agarrando na fé e na esperança
de ele se cure e volte ao convívio social. Mesmo que em muitas situações esse
convívio possa representar desconforto, trabalho e sofrimento por muitas vezes existir
a necessidade de cuidar de pessoas que se tornam dependentes, a família não
quer, mesmo sendo uma situação racional e que eliminaria dores de ambas as
partes, que a pessoa doente deixe de viver ao seu lado. Por mais que tal pessoa
acamada enfatize seu desejo de morrer.
É um assunto que abre muita
discussão. Num país como o Brasil onde o atendimento médico público é de
péssima qualidade, não podemos deixar de pensar que essa seria uma solução
cabível para acabar com a lotação de muitos hospitais ou centros médicos. Como
crer que a eutanásia autorizada fora feita mesmo após todas as possíveis
tentativas de tratamento para a doente já tenham sido praticadas? A ética
médica funcionaria 100%? Mesmo raros, já algumas vezes temos notícias de
pessoas que se recuperaram após anos em coma, ou após uma condição limitada de
sinais vitais. Como garantir que milagrosas recuperações como esta não possam
vir a atingir um moribundo decidido em querer por fim a sua vida?
São fatores que unem filosofia,
estrutura da saúde pública e fé. Portanto nunca esperemos que haja maioria
absoluta da população, concordando ou discordando deste direito de pacientes
terminais (ou não) em colocar fim à própria vida, mesmo que eles nem a
enxerguem mais como tal.
Um comentário:
É um assunto complicado de difícil decisão.
Boa noite . Abraços. Edna
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