Estamos vivenciando um momento
político e social nunca experimentado na história brasileira. A condenação de
membros da administração do governo e pessoas a ela ligada por corrupção sempre
foi um sonho de cidadania do povo brasileiro. Dentre tantos e tantos escândalos financeiros
que assolaram os principais veículos de imprensa da nação nos últimos 20 anos,
o Mensalão entrou para a história com o primeiro – esperamos que não o único –
que condenou vários dos envolvidos a penas privativas de liberdade.
O que esse fato pode mudar no
comportamento das pessoas públicas, desde um simples funcionário de um pequeno
tribunal, até um senador que tem relacionamento com muitos empresários? E a fé
e crença popular na Justiça e nas boas intenções daqueles em que se depositam os
votos?
A figura do (agora presidente do
STF) juiz Joaquim Barbosa se transformou numa espécie de herói nacional, aquele
que teve a ousadia de enfrentar, com clareza de intenções, a força política do
PT, em defesa de muitos de seus filiados envolvidos neste escândalo. Com o
poder das redes sociais da internet hoje, é fácil imaginar o nível de
aceitação, quase de idolatria, que Barbosa carrega junto à população. Não sabemos
ao certo se essas condenações irão inibir atos e crimes contra o dinheiro
público, mas é certo de que tenhamos testemunhado um ato de punição correta e
justa contra aqueles que recebiam gordos salários e benefícios para trabalhar
pelo povo e para o povo.
Talvez os casos de corrupção
ativa e passiva tornam-se, a partir de agora, bem mais meticulosos, planejados
e imune a rastros. Na era da tecnologia e da informação, onde imagens e áudios
são captados com muita facilidade, a comunicação entre as pessoas é um elemento
de fácil divulgação.
Recentemente Marcos Valério, condenado a 40 anos de prisão, resolveu dar novo
depoimento acusando o ex-presidente Lula de participação e anuências nos
crimes. Talvez trata-se de uma manobra para reduzir sua pena, ou apenas uma
vingança ou como abalroa o dito popular, “agora que a casa caiu, é tempo de
jogar fezes no ventilador”. O próprio advogado de Valério, quando questionado
por um repórter se era verdade que ele recebeu do PT o valor de R$ 4 milhões
para defender seu cliente, ele descaradamente falou: “Não posso dar informações
sobre esse assunto”. Ora, se a pessoa não recebeu nada indevido basta dizer que
NÃO. Isso soa quase como uma confissão.
E para nós, pessoas comuns da
sociedade? Devemos encarar isso como a grande mudança no quesito honestidade e
transparência das atitudes de nossos governantes? Como já falei antes neste
espaço, acredito que vai levar muito tempo ainda para que tenhamos uma fé
integral, ou pelo menos forte, na justiça e nas boas intenções do governo.
Ainda dá a sensação de que esses acontecimentos podem ser únicos e isolados de
nossa história política. A constância de investigações, punições e informações
é o alimento que pode fortalecer tal fé.
Além disso, a certeza de que nossa nação está nas mãos de gente do bem,
que queira vê-la crescer e desenvolver-se, só virá com o fim das regalias que
nossos deputados-senadores empresários têm. Não precisamos de um presidente
como o do Uruguai , que circula com um Fusca, mas não podemos aceitar que tais
funcionários públicos tenham direito a auxílio-moradia, auxílio-vestuário,
auxílio-transporte, 14º e 15º salários,
contratação injustificável de dezenas de assessores, etc , etc e et$.
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