quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Qual o limite de nossas necessidades?


Desde o principio da história humana, buscamos ter, conquistar e almejar elementos materiais que nos forneçam conforto e segurança. O que antes era apenas sinônimo de subsistência básica, se transformou, nos tempos modernos, numa busca desenfreada em possuir mais e melhor.

Uma casinha própria, com cama, fogão, geladeira, televisão e carro na garagem, não é mais o ápice do sonho de patrimônio. Hoje buscamos sempre ter a melhor casa, a melhor cama, o melhor fogão, a melhor geladeira, a melhor TV e o melhor carro. E muitas vezes em quantidade superior à única. A cada ano que se passa nos dispomos insatisfeitos com nossos bens materiais. Muito dessa insatisfação se deve ao desenvolvimento tecnológico que a cada mês lança um novo e aprimorado produto no mercado, com a publicidade enchendo nossos olhos de desejos.

Como viver nos dias de hoje sem nosso Smartfone, GPS, com carro sem ar-condicionado e air-bag, sem smart TV com tela 3D, sem passar um dia sequer sem olhar as redes sociais da internet, sem nossos 359 canais de TV fechada? Será que tudo isso é premissa mesmo de felicidade?

Será que não estamos deixando de lado o prazer de consumir cultura, encontros com amigos, viagens, shows ao vivo, tomar aquele vinho, cozinhar aquele prato desafiador? Pode-se se dizer que nossa necessidade tecnológica é o caminho para esses prazeres da vida. Mas muita gente se atém apenas ao caminho e se esquece do destino. Se atém mais à embalagem do que o conteúdo. Aos meios do que aos fins.

É evidente que ninguém vai voltar a habitar cavernas, e claro que, a grande maioria da modernidade veio para facilitar nossa vida. Mas a velocidade de se querer ter cada vez mais coisas pode estar sufocando o ímpeto eterno da pessoa em ter momentos regozijantes em coisas simples. Se passarmos correndo em frente a uma escultura ou a uma flor talvez não tenhamos capacidade de assimilar sua beleza. Isso também se aplica às pessoas a nossa volta. A busca transloucada pela sobrevivência e pela obtenção de bens não nos deixa refletir de como está nossa relação com nossos familiares e amigos.

São clássicas as discussões acerca da distância psicológica entre pai e filho, marido e mulher, irmão e irmã. Será que estamos vivenciando época em que a tecnologia está ocupando o lugar do humanismo? Tal qual a lição que vimos na animação Wall-E, onde os humanos vivem numa nave, cercados de conforto para todo lado, e nem sequer caminham mais. Vê-se isso na vivência de nossas crianças, onde videogames, internet e celular são seus companheiros inseparáveis. Se suas vidas adultas sentirem falta de um mundo de descobertas e contato humano físico na época da infância, o tempo poderá indicar o quão frio será o futuro de nossa sociedade.


Isso tudo é apenas um lançamento à reflexão. Visto que tanto eu quanto você estamos no meio disso. Estamos contaminados (do ponto de vista bom ou mau) por essa transformação de costumes.