O recente episódio da eleição
presidencial trouxe ao país um panorama de disputa talvez nunca experimentado
pela nossa história política. Dilma Rousseff venceu Aécio Neves por apenas 3,28%
dos votos válidos. Sua vitória só foi decretada no final da apuração. Depois
disso muito se discutiu os erros e acertos de cada campanha. Pelo mapa de
votação, a vitória em massa no Nordeste reelegeu a presidente do PT.
Lamentavelmente ocorreram
manifestações por vezes racistas, tendo como alvo quem reside naquela região.
Mas não podemos nos esquecer do estado de Minas Gerais, um grande polo
eleitoral, onde Aécio governou e onde o mesmo saiu derrotado. De qualquer
forma, praticamente metade da população brasileira não se viu satisfeita com o
governo petista, e isso ficou claro nas urnas.
Vamos fazer a seguinte analogia.
Imagina um restaurante, um supermercado ou uma oficina mecânica onde metade de
seus clientes está insatisfeita. Em condições normais, tal estabelecimento está
fadado a fechar suas portas, pois vai logo ficar sem metade de seu faturamento.
É óbvio que, nesse caso, os clientes buscarão outro local para consumir
produtos ou serviços. E acredito ser “meio difícil” que metade do Brasil vá
trocar de país, pela insatisfação com a qualidade que ele trata sua população.
Ou seja, mesmo insatisfeito, terá de conviver com o nível de serviços por ele
prestados.
E com quais armas lutar então
contra a ineficiência desse nosso fornecedor Brasil?
A democracia tem de ser exercida.
Acredito que o deva ocorrer é que as manifestações se intensifiquem em caso de
insatisfação com os rumos do “novo” governo, ou em caso de novas deflagrações
de corrupções. Tem gente balbuciando por aí que gostaria de ter a ditadura de
volta. Gente que talvez nem entenda direito o estupro social que o último
regime militar causou na sociedade. Se existem protestos é porque existe
democracia. Pois se essas mesmas pessoas que clamam por ditadura estariam
presas ou mortas caso ela estivesse comandando a nação.
O povo tem que ter direito de
intervir no poder, mas com foco, organização, consciência e constância de
propósitos. Não se deve admitir investimentos no exterior quando nossa saúde
está doente, nossa escola está burra e nossa segurança está insegura. Não se
deve admitir aumentos abusivos nos preços, que coincidam com aumento nas
regalias de deputados e senadores. O Brasil precisa de administradores. Não de
políticos. Senão seremos clientes insatisfeitos por muitas e muitas décadas.
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