segunda-feira, 8 de março de 2010

O direito à vida é maior do que qualquer ideologia



Manchete do jornal "Diário da Região" (Rio Preto/SP): "Pais negam transfusão de sangue e Austa (hospital) vai à Justiça para salvar bebê".

Um assunto desses é de uma irresistibilidade ímpar no que diz respeito a tecer opiniões.

Eu acredito que a regra número um que deveria reger nossa sobrevivência nesse planeta é: Faça o que quiser, pense e creia no que quiser, haja como quiser, DESDE QUE nunca prejudique NENHUM outro ser a seu redor.

Evidente que o caso específico do bebê exaltado em tal manchete refere-se à transfusão de sangue, uma das rejeições ideológicas das Testemunhas de Jeová.

Posso dizer que conheço razoavelmente bem esta organização religiosa. Sei da seriedade e discrição da maioria de seus membros. Sei de seu caráter pacificador e ao contrário de muitos segmentos religiosos, não se prendem a radicalismos e insociabilidade, como muitos possam imaginar. Respeito suas crenças, suas escolhas e a maneira que seus membros conduzem suas vidas. Assim como respeito qualquer escolha em qualquer outro nível pessoal e social.

Mas é evidente que sempre defenderei o direito à vida em quaisquer circunstâncias. E pra isso discordo de qualquer crença ou interpretação bíblica que se situe ao contrário.

Um recém nascido que vem ao mundo, mesmo ao atual mundo caótico e selvagem em que vivemos, é uma dádiva do criador. E merece uma chance de tentar ter uma vida longa e próspera. Mesmo que lute para sobreviver em seus primeiros dias de vida.

Quantas e quantas crianças, que às vezes vindas ao mundo prematuramente, não lutam durante meses em incubadoras para ter a chance à vida futura.

Viver ou morrer é uma decisão que deveria caber apenas a própria pessoa, mesmo sendo ela um recém nascido. Negar esse direito, mesmo com embasamentos tradicionais e religiosos é o mesmo que condenar alguém à morte.
Uma das argumentações do seguidores da organização dos TJ, muitas vezes embasados em dados clínicos e científicos, é de que existem tratamentos alternativos que podem suprir a necessidade da transfusão. Mas é evidente que em casos críticos ou emergenciais, a medicina não tem outra solução senão esse tratamento.

Eu, que estou aqui escrevendo e você que acompanha este espaço absorvendo minha linha de pensamento, estou certo de que, se estivéssemos no lugar deste bebê, escolheríamos viver e tomar nossas próprias decisões um dia, fazer nossas próprias escolhas.

Talvez retirar desse ser essa escolha esteja ferindo outro fundamental conceito bíblico e sagrado: o do livre arbítrio.

A vida, acima de tudo, tem de prevalecer.