terça-feira, 18 de outubro de 2011

Que o passado descanse em paz



É inegável que devemos reconhecer os valores do passado.
Nossas raízes, nossas lembranças, nossa educação familiar. A construção de nosso caráter se deu no passado. Muitas das escolhas que fizemos e que hoje vivenciamos - de modo prazeroso ou sacrificante - foram feitas lá. Lá ficaram nossos erros, dos quais procuramos não repetir. Por lá estiveram emoções de algumas fases da vida que hoje não mais podem ser experimentadas.

Quem nunca se deparou com aquelas colocações ideológicas do tipo: recordar o passado, mudar o presente e projetar o futuro?

Mas penso ser muito triste quem vive do passado. Apenas do passado.
O quão comum é ouvir de alguém: "naquela época que valia a pena". Conheço muitas (infelizmente muitas) pessoas que vivem presas a seus passados. Cospem no presente e praguejam apocalpticamente o futuro. Como se nada mais existisse. Como se não valesse a pena nada de novo que possa ser iniciado no hoje.

Triste isso. Vislumbro um cenário muito triste prender-se ao um tempo que já passou por mais maravilhoso que ele tenha sido. Soa pra mim como se a pessoa já tivesse morrido, e nada mais vai vivenciar hoje e amanhã.

Gosto muito do meu presente e do meu futuro. E olho quase que totalmente pra ambos. Mas isso não significa que me esqueci de meu passado, por mais doloroso que ele possa ter sido.

Claro que alguém pode combater minha reflexão com a idéia de que, um idoso de 98 anos, preso a um leito por alguma doença, nunca concordaria com minhas palavras aqui esculpidas. Evidentemente que não. E talvez esse mesmo senhor nem as leria. Mas o intuito daqui é justamente discutir esse tipo de comportamento que partem de pessoas que nem chegaram ainda à metade da vida.

Existe peça de teatro e músicas (da Rita Lee, se bem me recorda) que apontam para o "primeiro dia do resto das nossas vidas".
O termo "resto" aqui aplicado transmite o sentimento de que, o "bom já passou", agora vamos catar o que sobrou. É uma terminologia agressiva demais. É possível sermos mais felizes do que já fomos em todo passado? Eu acredito que sim. Mesmo para aqueles que ontem tinham uma vida social, familiar e econômica invejável e hoje vivem talvez, na marginalidade das ruas. Basta fazer do hoje passado e a partir de amanhã buscar sua melhoria.....O teu futuro vai agradecer.