segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Viver um dia de cada vez


Max Gehringer disse certa vez, de lembranças da época em que fazia contratações em recursos humanos, que 10 em cada 10 candidatos sempre apontavam como seus principais defeitos a ansiedade.

Isso significa que todos nós somos ansiosos. Mesmo aqueles que transparecem uma calma tibetana, mas que internamente fervem. E, claro, aqueles que transpassam a raia da loucura, diante de uma situação duvidosamente importante.

Deixando de lado o conceito de que o “falar” é mais doce que “praticar”, muitas vezes deixamos a expectativa nos consumir, a tal ponto que nos deixa obscuros, amargos, arredios.

Deixamos a idéia de algo que ainda não aconteceu afetar nosso humor, nossa luz. Deixamos de vivenciar a beleza, a alegria e a vivacidade que as pessoas e a natureza lá fora insistem em nos proporcionar.

Como é animador conviver com pessoas otimistas. O otimismo é um forte aliado em nossas emoções que deixamos de utilizar. Acredito que, inconscientemente, deixamos de usá-lo, com medo de nos deparar com decepções futuras.

Não quero dizer com isso que nos transformamos em criaturas horrendas, arredias, solitárias por conta de nossa ansiedade.

Apenas digo que às vezes deixamos de vivenciar momentos de lucidez, paz de espírito por conta de algo que ainda nem chegou e já convivemos antecipadamente com o fracasso. A ansiedade é um terreno fértil onde a angústia brota firme e viscosa.

Também não podemos confundir “controle da ansiedade” com nível negativo de entusiasmo. Porque nada é autêntico senão vier do coração , da paixão. Em todas as fontes que envolvem a vida, profissional, familiar, amorosa, social, religiosa, se não houver paixão, acabam se tornando meras obrigações, que por acabar nessa condição, deixam de ser algo prazeroso de se vivenciar.

Talvez a velocidade do mundo em que vivemos nos torna assim. Perdemos aquela calma das gerações anteriores, com planos a longo prazo, perdemos o tempo de sonhar. Hoje sonhamos dezenas de coisas por dia. E a óbvia não realização da maioria delas nos coloca na condição de seres agitados, impacientes e por conclusão minimalista, ansiosos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Um crime contra muitas vidas


Um dos assuntos polêmicos que poderá ser o fiel da balança na reta final da corrida presidencial é a legalização do aborto no país.
Nenhum dos candidatos, mesmo que simpáticos a tal idéia, não vai declarar apoio a ela, uma vez que grande parcela dos eleitores brasileiros pertencem à uma fatia representativa de católicos e evangélicos, que por questões óbvias se opõe a esta prática.

Além de polêmico, é um assunto delicado, pois trafega em várias esferas, religiosa, moral, de saúde pública, do direito à vida e às próprias escolhas.

Este tema já povou os posts deste espaço. Mas como voltou à tona pela briga eleitoral, é sempre interessante refletirmos sobre ele.
Muitos defensores da legalização do aborto, fixam os alicerces de sua defesa na idéia de que o ser humano deve ter total liberdade sobre seu corpo e as atitudes acerca dele. Em suma, fazer dele o que bem entender sem ter que dar satisfações a quem quer que seja.

A idéia de liberdade é muito linda. Viver e agir como bem entender, não importando o que pense pais, amigos, patrões, líderes religiosos.

E eu concordo com ela. Só que tem um detalhe que pra mim nunca será admissível. Cada um sabe o que faz. Sabe com quem se envolve, como se envolve e quais as expectativas desse envolvimento. Mas, quando os reflexos dessas atitudes representam a concepção de uma nova vida, não se trata mais de fazer o que quizer com o próprio corpo. Existe outro corpo e outra vida na estória. E sobre ela ninguém deve ter o direito de ceifá-la ou ferí-la, a não ser essa nova vida quando tiver consciência de seus atos.

Acredito que os seres humanos sejam dotados de desejo sexual numa forma natural de se perpetuar e garantir a continuação da espécie. Assim, nos séculos que precederam o 21, era bem comum famílias enormes, onde o contato sexual entre o casal invariavelmente culminava em um ou mais filhos por ano de casamento.

Mas as coisas mudaram. Acertadamente o ser humano viu a beleza do amor e do sexo, e descobriu que poderia vivenciar essas emoções sem necessariamente praticar a procriação. Portanto, não importa muito a condições econômicas dos parceiros, é possivel usar seu corpo para amar, e nesse caso sem julgar promiscuidade, evitando a criação de novas vidas, já que não é esse o objetivo principal. Caso não ocorram os cuidados, é de responsabilidade sim dos envolvidos cuidar da gestação e garantir pelo menos, o direito desse novo ser vir ao mundo.

Se eu me levanto agora e mato a tiros um colega de serviço, de bar ou de família, eu cometi um crime. Ceifei uma vida e vou responder judicialmente por isso. Não vejo diferença desse ato para com a idéia do aborto. E é até pior, porque a criança ali dentro do ventre, não tem a mínima condição de se defender, de tentar evitar tal ato cruel de sua mãe, nem mesmo de tentar dizer a ela que gostaria de vir ao mundo pra tentar por ela própria viver e buscar seu caminho.

E, pegando carona em algo que já mencionei tempos atrás, gostaria que esses defensores do aborto refletissem que, se suas mães e pais pensassem como eles, estariam eles aqui hoje? Vivendo, amando e buscando prazer?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Brasil: uma empresa que não sabe contratar seus funcionários



Tão em voga, como sempre ocorre em cada processo eleitoral, os comentários acerca das campanhas de rádios e TV, onde são lançados jargões, jingles ou slogans de cunho humorístico, protagonizados por candidatos conhecidos pelo povo por sua participação em outras áreas, como artistas, cantores ou jogadores de futebol.

Há décadas já é fato que campanhas sérias, com propostas sérias não chamam mais a atenção do povo. O descrédito com escândalos de corrupções e o fracasso dos serviços públicos fez com que "promessas de campanha" ou "plataformas" tenham sobre nós um índice zero de solidez ou crenças. O povo prefere se divertir, se atentando a candidatos exóticos, que se utilizam do humor para angariar votos. Mas isso não é só aqui, ou alguém poderia me dizer qual outro cargo público que o governador da Califórnia (EUA), Arnold Schwarzenegger, exercia antes de ser eleito?

O fato dessas pessoas públicas serem eleitas refletem 2 situações: o chamado voto de revolta, onde na falta de candidatos confiáveis os votos são encaminhados de forma irônica e desleixada - ou a total despreocupação com a atuação efetiva do cargo na condução séria e responsável dos projetos que visam (ou deveriam visar) o bem estar do povo.

Não quero que este post seja apenas mais um protesto, e que alguém justamente possa retrucar: acusar, chacotar, protestar é fácil. Mas cadê as soluções?

Sabemos que até o mais bem intencionado deputado, que usa seu mandato exclusivamente em prol dos interesses dos cidadãos, somente terá seus projetos de lei aprovados se tiver associações com os demais, principalmente no âmbito partidário.

Mas eu, um humilde cidadão, vejo como ponta-pé inicial e de forma imediata que qualquer que seja o cargo público eletivo, de vereador a senador, o ocupante de tal cadeira, deva atuar 8 horas por dias, ter férias apenas um mês por ano, não ter auxilio-moradia, auxilio-vestuario, auxilio-viagens. Nada de recessos, nada de regalias. Ele foi eleito e vai ganhar um ótimo salário para trabalhar para o povo. O que se vê são um bando de empresários que mal aparecem no Congresso ou na Câmara, e que usam um verdadeiro exército de assessores para justificar sua atuação.
Enquanto isso não ocorrer, não acredito em soluções, vindas de discursos escritos em época de campanhas.

Fala-se muito que candidatos-fanfarrões não têm experiência nem competência para participar do processo político nacional, que decide através das mudanças legais, a vida social da população. Mas que orgãos públicos tem isso?

A indústria dos concursos públicos, para cargos mais humildes até juízes, seleciona os mais preparados profissionais para atuar nos serviços governamentais? Não. Ela seleciona o candidato que mais acerta questões em provas. Não leva em conta experiência para lidar com pessoas. Nível de socialização, capacidade de lidar com processos, senso de iniciativa, organização. Fatores levados extremamente em conta quando se contrata profissionais por empresas privadas.

O que se enxerga hoje é que o Brasil é uma grande empresa, captaneada por funcionários despreparados e outros cujo único objetivo é usar a máquina administrativa para o auto enriquecimento.

Transportando esse modelo para os padrões privados, você acredita que uma empresa dessas possa prover ótimos produtos e serviços, se desenvolver e se estabelecer como sustentável?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pague 2 e leve 1.


A foto da placa acima, que ilustra este post, é uma habitual conhecida, pois a vejo todos os dias num cruzamento de vias, rota do trabalho à residência.
Em primeiro plano a mensagem nela contida reflete uma (boa) ação de combate à doação de esmolas, no intuito de reduzir o estímulo à mendicância gratuita ou o consumo juvenil de entorpecentes. Trata-se do Projeto Cara, uma instituição que cuida de crianças e adolescentes que vivem a beira da marginalização. O trabalho funciona em conjunto com os dois conselhos tutelares (norte e sul), polícias civil e militar, além da Vara da Infância e da Juventude.

Um raríssimo, bem-vindo e louvável serviço de atendimento e acompanhamento de menores carentes, desonerando ONGs e iniciativas privadas.

Digo e enalteço ser um raro esse tipo de serviço, porque já virou cultura popular um efeito de ambigüidade, no que se refere a atendimento social.

Na grande realidade, a vivência do brasileiro nas últimas décadas segue uma tendência de particularização dos serviços sociais que necessita.

Aproveitando uma estabilidade econômica nunca experimentada em anos anteriores a segunda metade dos anos 1990, a massificação dos serviços sociais privados aproveitou-se do cansado e da desilusão que o povo teve e tem de seu governo, e expandiu seus domínios.

Hoje, mesmo cidadãos de classes econômicas menos desprovidas, conseguem manter um plano de saúde para sua família. E mesmo assim, trabalhadores e empresas contribuem com cargas pesadas de impostos para a Previdência Social. Falando em previdência, mesmo que não tão populares, os planos de previdências privadas estão aí pra garantir algo que logo não existirá mais: aposentadorias custeadas pelo governo.

Pagamos todo ano IPVA, licenciamentos, mas todos temos seguros particulares de nossos veículos.

Cada vez mais, os pais tentam custear escolas boas e privadas para seus filhos, em face da fraca estrutura do ensino público.

Bastante comum entre várias áreas habitacionais, é a contratação de segurança privada, na tentativa de inibir furtos e assaltos.

Em suma, pagamos em dobro. Somos obrigados a arcar com uma carga tributária altíssima e por conta da deficiência dos serviços sociais prestados pelo governo, temos que esmiuçar nosso orçamento para contratar esses mesmos serviços de forma particular.

De um lado, somos obrigados a pagar por algo que não temos condições de usar.
De outro, se quisermos usar algo com condições, temos que pagar novamente.

Custos paralelos seguindo por uma mesma via. Pena que nossos ganhos com salários ou lucros de empresas, são de uma pista única.

Pague 2 e leve 1.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Projeto de Envelhecimento



De certa forma, começamos a envelhecer a partir do momento em que nascemos.
Um processo da natureza. Viemos pra esse mundo, fazemos nossa parte e desaparecemos, dando lugar a outras pessoas que chegam a todo momento.


Não vou entrar no mérito religioso da coisa. Pois nessa linha de pensamento cada um tem a sua crença. Mas gostaria de falar coisas da vida, material para alguns, terrena para outros. Essa vida que levamos, lutanto a cada dia pra sobrevivê-la, e alguns mais iluminados, para vivê-la.


Acredito que 11 em cada 10 pessoas se questionadas, vão apontar que gostariam de chegar à sua terceira de idade, com saúde, disposição, família criada e um condição econômica tranquila. Isso é claro, zombar do óbvio.


Todos vamos, uns mais e outros menos, enfrentar os desgastes dos sentidos. E para tanto ter muito mais a compania de médicos e medicamentos do que desejaríamos.


Mas será que só isso, dinheiro, médicos amigos, um exércitos de filhos e netos, bem educados e estabilizados....
Será que só isso vai nos proporcinar um velhice animadora?


Não dá pra negar que esse conjunto, principalmente com todos os elementos juntos, é sim um passo fundamental pra se chegar lá..


Mas acho que existe um outro fator....
Na minha visão, um velhinho feliz é um velhinho espirituoso.
Aquele que todos adoram ouvir, aqueles cujos amigos de sua faixa etária sempre se lembram. Aqueles cujos descendentes tem prazer de ter por perto, tem esmero e respeto.


E como atingir isso?
Claro que não há fórmula mágica. Mas creio que uma espirituosidade (não confundam com religiosidade) é algo construído durante toda vida. É não deixar o rancor, a inveja, o ódio, o arrependimento, o remorso nos acompanhar até nossos últimos anos.
Talvez nossos filhos não vão querer estar tão presentes quanto desejaremos. Talvez não sejamos mais tão festeiros, tão mais românticos, boêmios. Não teremos talvez mais tanta energia para ajudar as pessoas.


Mas a vida é um eterna escola. Sempre podemos aprender coisas novas. Talvez no auge das minhas 8 décadas, eu não tenha mais condições de pilotar um jet ski, mas talvez eu posso cultivar um legume diferente.
Talvez eu não consiga mais desmontar um motor qualquer, mas talvez eu posso varrer a calçada dos vizinhos, cuidar de um jardim.
Talvez não poderei ensinar informática, mas porque não presentear amigos com belos peixes colhidos em rios por aí?
A alegria está por aí......


As pessoas ao meu redor não querem ouvir minhas dores, mas uma piada legal elas gostam.
As pessoas não querem me ouvir xingar o governo, ou falar que antigamente que era um tempo melhor pra se viver. Elas querem algo divertido, inusitado, algo que lhes agreguem valor ao seu dia a dia. E a experiência de vida pode sim prover isso.


Se fomos jovens e adultos agradáveis, não percarmos tão maravilhosas características.
Se fomos rudes, introvertidos e rancorosos, vamos mudar. Esqueçamos o mal e os maldosos. Deixemos a luz entrar.


Já teremos nossas próprias dificuldades físicas, não deixemos que nos vejam como um incômodo social.
Ademais, acho que não terá coisa mais prazeirosa do que ouvir das pessoas que compartilharão nossa compania, "mas que veinho gente fina é esse....".

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A vida evolui em focos



Nossos bisavós tinham como foco de vida sobreviver,
Nossos avós tinham como foco de vida sobreviver e se ADEQUAR aos confortos de uma moradia urbana,
Nossos pais tinham como foco de vida sobreviver, viver PLENAMENTE os confortos urbanos e se ADEQUAR à cultura e diversão,
NÓS temos como foco de vida sobreviver, viver PLENAMENTE os confortos urbanos, a cultura e diversão, e se ADEQUAR à tecnologia,
Nossos filhos terão como foco de vida sobreviver, viver PLENAMENTE os confortos urbanos, a cultura e diversão, a tecnologia e se ADEQUAR à realidade de preservação ambiental.

E nossos netos? Qual será o grande desafio que aquela geração terá que se adequar?

Aos longos dos tempos o desenvolvimento humano agregou cada vez mais focos em nossa vida. Talvez por isso é muito comum se ouvir hoje em dia de que "não temos tempo pra isso, pra aquilo".

E talvez muitos outros focos de vida as gerações futuras vão ter que abraçar. Mas o foco da sobrevivência vai sempre estar presente.
E esse foco além de se basear-se em saciar os sentidos físicos e orgânicos, envolvem a eterna busca pelo amor carnal, o sentido de perpetuação da espécie, a necessidade de socialização e a constante busca por algum tipo de fé, em seus diferentes níveis de adoração.

Isso tudo que faz da vida algo maravilhoso, pois propicia uma gama de variantes tão vasta que a combinação desses fatores podem colocar a vida de uma pessoa no mais pacífico e rigozijante paraíso ao mais temível e corrosivo inferno.

E nesse foco da sobrevivência nos cabe equilibrar cada um desses fatores.

Por isso nunca vou deixar de enfatizar meu culto ao equilíbrio. Essa simples palavra no meu humilde entender é a chave para se passar por essa vida e tirar de letra os traumas e decepções que ela oferece.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O respeito às escolhas alheias


Gosto muito de histórias de vida.
Algumas delas nos dão grandes exemplos, seja de conquistas ou de derrotas.
E algumas nos fazem refletir sobre como nos posicionamos e avaliamos a vida das pessoas que nos cercam.

Marta Marques é uma cidadã mexicana. No final dos anos 60, ainda mocinha, ela se apresentava em casas de shows daquele país como dançarina. Não demorou muito para ela desenvolver seu dom de cantora, favorecida pelo ambiente que frequentava.

A paixão pela música fez com que ela se desenvolvesse na profissão, atingindo inclusive patamares de sucesso internacional.
A fama trouxe fortuna, viagens, uma vida social fervorosa. Ela saboreou todas as grandes regalias e confortos que uma estrela poderia se beneficiar. Casou-se, teve filhos. Para muitos uma vida perfeita.

Mas em seu coração ela se sentia vazia. Até que se deparou com a fé. E buscou se atirar nela. Foi convertida a seguir os ensinamentos bíblicos e se proporcionou a viver sob as regras de alguma maneira fundamentalistas da religião a que se propôs seguir.

E se viu numa encruzilhada onde deveria fazer algumas escolhas.
Em seu depoimento ela dizia amar verdadeiramente e intensamente seu segundo marido. Mas decidiu abandoná-lo para seguir sua fé.
Alguns diziam ser possível ela manter a carreira de sucesso e seguir suas crenças. Mas ela percebeu não ser possível ficar longe das tentações que a vida musical oferece (em que pese aqui meu conceito de que, "arte" e "vícios" apenas se misturam pelo baixo nível de personalidade). E assim, abandonou tudo. Mudou para longe do marido, que queria a guarda de seus filhos. Deixou para tráz o glamour, a segurança, a estrutura financeira primorosa que o dinheiro pode dar.

Para se manter, hoje em dia ela fabrica doces e vende das ruas de uma pequena cidade no interior do país.
Ela se diz feliz e não se arrepende de ter trocado uma vida luxuosa, abandonando sua arte, seu amor pelo marido, para se entregar a divulgação de sua fé.

Essa história para muitos, é um exemplo de radicalismo religioso. Para outros uma ato de coragem, em busca da paz interior.

Para mim, se mostra uma grande prova de que devemos respeitar as escolhas de cada um. Respeitar a direção que cada um decide tomar. Mesmo que não consigamos enxergar racionalidade nos valores dessas escolhas.

Dizer que ela está errada, julgá-la, opinar sobre o que ela deveria seguir, seria o mesmo que admitir que algúem venha dizer a mim como devo viver minha vida, que rumos devo seguir, e querer supôr o que é melhor para mim. E isso, pelo menos eu, não admito.

Não compactuo com suas crenças e/ou sua ideologia Marta Marques. Mas me sinto feliz em saber que encontrou seu caminho, mesmo com as mais drásticas e corajosas mudanças de vida que alguém possa conceber.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ainda existe emoção em torcer pra Seleção?


Por questões temporais, obviamente não vi Pelé jogar (estive num campo certa vez onde ele se apresentou, mas dos 5 anos idade pouco sobra na memória hoje em dia), mas é fato certo de que acompanhei os gloriosos tempos do futebol brasileiro nas décadas de 70 e 80.

Coincidindo com uma disposição infantil e juvenil e aderindo a total entrega à febre da adoração ao futebol, torcer estava presente em nosso dia a dia. Numa época em que o leque de opções em entretenimento não era muito ofertoso.

Falando em acompanhar a seleção brasileira de futebol, acredito também que essa devoção de torcedor tinha haver com o panorama econômico mundial, numa era pré-globalização onde era orgulho para o povo brasileiro, relegado a época um país à margem das grandes potências e que, se hoje é considerado um país em desenvolvimento, na época tinha um status apenas de país exótico.

E por isso, dava prazer saber que nossos heróis mostravam ao mundo que o Brasil tinha qualidades, era melhor em alguma coisa. Era contagiante.

Mas o mundo mudou. O futebol mudou. O futebol arte, aquele que dava prazer fazer e ver, não existe mais. O desenvolvimento social aniquilou os campinhos de terra da periferia. O que era berço para descobertas infantis, contato pessoal, foi para os jogos eletrônicos.

O futebol virou um grande showbizz, onde suas estrelas passaram de heróis nacionais para alvo de grandes empresários e grandes salários. Acabou a unidade, acabou a cara do futebol brasileiro.

A última grande Copa do Mundo foi a de 1986, onde a Argentina apresentou um belo espetáculo. Daí pra frente todos os campeonatos mundiais foram marcados mais pela expectativa de mídia do que da arte do esporte em si. A Copa de 1994, a copa do tetra, foi horrorosa. Um futebol que levou mas não convenceu.

Acredito que hoje em dia, a mídia, de olho em retorno comercial, tente incendiar essa paixão pela seleção nacional, mas na verdade, a paixão de outrora perdeu seu brilho.

Essa convocação recém divulgada é a prova disso. Antes sabíamos na ponta de língua quais eram os jogadores, em que clubes atuavam, como jogavam. Hoje mal ouvimos falar de alguns deles, e em boa parte nem sabemos onde jogam, em que países atuam.

Ainda me encanta hoje em dia o futebol união, futebol jogado com arte, com alegria. E o povo sabe disso. Esse clamor popular em torno da presença do Paulo Henrique Ganso na seleção não é de graça. Todos que gostam de futebol sabem que esse jogador é diferenciado, e tem total qualidade de integrar o time titular de Dunga.

Evidentemente que a grande totalidade dos cidadãos vai assistir aos jogos da África. Vão torcer para que o escrete (homenagem à terminologia do passado) nacional se sagre vitoriosa. Mas o tempero não é mais o mesmo.

Talvez porque era bom, mas muito bom mesmo torcer para a seleção brasileira. Mas isso quando ela era brasileira.

domingo, 9 de maio de 2010

Enxergar o Simples

As vezes deixamos nossas vaidades e nossa obstinação em evoluir materialmente sobrepor ao quê verdadeiramente importa: a essência das pessoas. Coisas simples da vida que nos iluminam e apenas fazem questão de serem vistas, de um simples comentário....
Buscamos alcançar as estrelas e deixamos de perceber que uma simples folha a nosso lado pode nos proporcionar um brilho muito mais intenso...


JV

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Mudanças

"Nós temos um natural temor em mudanças. Porque, a primeira vista elas significam ferir nossa segurança, retirar-nos algo que demoraros a conquistar. Mas a grande perda em quem tem intensa resistência em mudar é a certeza de não se deparar com possiblidades de crescimento e melhoria de vida, em todos os seus âmbitos, seja profissional, espiritual ou afetivo."

JV

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nascemos para perder.....Que bom!





Quando nos deparamos audiovisualmente com o termo "perder", nossa primeira reação instintiva é uma sensação negativa.
Perder, no conceito vital, significa algo ruim.

Perder um emprego. Seu time perder o campeonato. Perder dinheiro. Perder por morte um ente querido. Perder uma namorada. São sentidos desagradáveis.

O Aurélio classifica perda como "s.f. Ato ou efeito de perder ou ser privado de algo que possuía. / Diminuição que alguma coisa sofre em seu volume, peso, valor. / Prejuízo financeiro. / O ato de não vencer."

Até mesmo o Aurélio dá uma conotação negativa ao ato de perder.

Mas desde que nascemos estamos perdendo algo.

Envelhecer é perder juventude. Envelhecemos desde que nascemos.

Perdemos o cordão umbilical. Mas para começarmos a sermos seres independentes, mesmo de nossa mãe, mesmo com 1 minuto de vida.

Perdemos o colo seguro e protetor da mãe. Mas para explorarmos o mundo e a vida com nossas próprias pernas.

Perdemos nossos dentes de leite. Para que os definitivos cresçam fortes e perenes.

Ao longo da vida, perdemos células, sangue, cabelo. Para que outros nasçam novos no lugar.

Perdemos nossa virgindade. Para abraçar o amor na vida adulta.

Perdemos a ingenuidade. Para vencermos algumas batalhas nesse mundo selvagem, injusto e cheio de cobras.

Com os anos perdemos um pouco o poder dos sentidos. A visão, a coordenação motora, a audição, a paciência. Mas a perda física dá lugar à experiência de vida, que nos faz cada vez mais capazes de pensar melhor racionalmente e emocionalmente, enfrentarmos situações de pressão. Nos dá o dom de poder orientar e ajudar pessoas mais jovens.

Às vezes perdemos a confiança nas pessoas, perdemos a esperança de que ainda há gente justa, boa e interessante nesse mundo. Mas talvez esse tipo de perda seja para que possamos encontrar sempre novas pessoas, que possam nos devolver essa confiança.

A luta do dia a dia faz com que percamos nossa fé, fé em nossa espiritualidade, seja qual for o caminho que escolhamos pra chegar ao Mestre do Bem.
Mas a perda da fé, nos faz fracos e nos atira no abismo das almas fracas. Para que possamos nos levantar de novo e reforçá-la cada vez mais.

Mas talvez a grande e significante perda pela qual passamos é quando perdemos a chance de viver intensamente cada dia. Perdemos a chance de evidenciar o quanto gostamos de alguém, seja da forma que for. Perdemos a chance de olhar a vida sempre de uma forma otimista. Perdemos a chance de ajudar, estender a mão, afagar, motivar, sorrir, quando alguém sem rumo apenas precisa de um gesto simples.

Eu acredito que viemos sim ao mundo pra vencer, sermos felizes, repartir quando se tem bonança, sermos ajudados quando estamos na tempestade. Mas para que deixemos esse mundo com essa sensação de plena vitória, temos que enfrentar muitas e muitas perdas pelo caminho.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A tradicionalização do descrédito na cultura popular

* Matéria do CQC (TV Bandeirantes) noticia que a prefeitura de Salvador gastou R$ 500 milhões para construir vastos 6 Km do metrô da cidade.

* No discurso de inauguração do trecho sul do Rodoanel, o governador de São Paulo e confesso candidato às próximas eleições presidenciais, José Serra anunciou que o custo da obra foi R$ 5 bilhões.

* Outdoor da prefeitura da minha cidade anuncia que a obra para novo interceptador do Córrego Borá foi estimada em R$ 2,5 milhões.


Eu pergunto. Qual brasileiro que olha para estes números e acredita fielmente que tudo foi gasto e destinado às próprias obras?
A primeira impressão e leitura que temos é que o que a grande totalidade faria é de imaginar que no meio disso há desvios de verbas, hiperfaturamento, corrupção, sem mesmo conhecer nenhum detalhe do desenvolvimento do projeto.

E por que pensamos assim?

Acredito que a fé nos governos (ou até mesmo nos próprios seres humanos) foi totalmente deteriorada pra sempre.

Durante décadas e principalmente após os anos de ditadura - onde a imprensa teve a abertura política para denúncias - somos bombardeados diariamente com notícias de denúncias sobre enriquecimento ilícito de nossos comandantes políticos, uso do dinheiro público para obras de marketing político, enquanto a grande massa da população sofre com a extrema deficiência dos serviços públicos.

E não precisa ir a Brasília ou às sedes administrativas do estado e municípios para testar esta fé nas intenções humanas. Todos nós conhecemos alguém que ajuda entidades filantrópicas com eventos como festas beneficentes e outros do tipo. Sem conhecer direito o trabalho dessas pessoas é bem comum ouvir comentários do tipo: "...acha que toda grana deste evento vai mesmo para esse fim social?" ou "...com certeza ele tá mordendo alguma coisa aqui".

Vou até mais longe. Esse descrédito no ser humano chegou ao ponto de se analisar negativamente uma pessoa e esperar que ela prove o contrário para se ter certeza de sua benevolência.

Acho que isso já faz parte da cultura brasileira da atualidade. Somos descrentes em nós mesmos. E temos e teremos sempre descrédito em qualquer espécie de governo. De hoje e dos anos vindouros.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O direito à vida é maior do que qualquer ideologia



Manchete do jornal "Diário da Região" (Rio Preto/SP): "Pais negam transfusão de sangue e Austa (hospital) vai à Justiça para salvar bebê".

Um assunto desses é de uma irresistibilidade ímpar no que diz respeito a tecer opiniões.

Eu acredito que a regra número um que deveria reger nossa sobrevivência nesse planeta é: Faça o que quiser, pense e creia no que quiser, haja como quiser, DESDE QUE nunca prejudique NENHUM outro ser a seu redor.

Evidente que o caso específico do bebê exaltado em tal manchete refere-se à transfusão de sangue, uma das rejeições ideológicas das Testemunhas de Jeová.

Posso dizer que conheço razoavelmente bem esta organização religiosa. Sei da seriedade e discrição da maioria de seus membros. Sei de seu caráter pacificador e ao contrário de muitos segmentos religiosos, não se prendem a radicalismos e insociabilidade, como muitos possam imaginar. Respeito suas crenças, suas escolhas e a maneira que seus membros conduzem suas vidas. Assim como respeito qualquer escolha em qualquer outro nível pessoal e social.

Mas é evidente que sempre defenderei o direito à vida em quaisquer circunstâncias. E pra isso discordo de qualquer crença ou interpretação bíblica que se situe ao contrário.

Um recém nascido que vem ao mundo, mesmo ao atual mundo caótico e selvagem em que vivemos, é uma dádiva do criador. E merece uma chance de tentar ter uma vida longa e próspera. Mesmo que lute para sobreviver em seus primeiros dias de vida.

Quantas e quantas crianças, que às vezes vindas ao mundo prematuramente, não lutam durante meses em incubadoras para ter a chance à vida futura.

Viver ou morrer é uma decisão que deveria caber apenas a própria pessoa, mesmo sendo ela um recém nascido. Negar esse direito, mesmo com embasamentos tradicionais e religiosos é o mesmo que condenar alguém à morte.
Uma das argumentações do seguidores da organização dos TJ, muitas vezes embasados em dados clínicos e científicos, é de que existem tratamentos alternativos que podem suprir a necessidade da transfusão. Mas é evidente que em casos críticos ou emergenciais, a medicina não tem outra solução senão esse tratamento.

Eu, que estou aqui escrevendo e você que acompanha este espaço absorvendo minha linha de pensamento, estou certo de que, se estivéssemos no lugar deste bebê, escolheríamos viver e tomar nossas próprias decisões um dia, fazer nossas próprias escolhas.

Talvez retirar desse ser essa escolha esteja ferindo outro fundamental conceito bíblico e sagrado: o do livre arbítrio.

A vida, acima de tudo, tem de prevalecer.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O avanço das tendências na velocidade Terahertz


Achei curioso se deparar com uma notícia dessas do passado e ver que, em duas décadas tanta coisa muda tão repentinamente.


Matéria da revista brasileira SomTrês, de Maio de 1988:



"Vitória do CD?

A indústria de LPs está definitivamente ameaçada. É o que demonstra uma estatística revelada nos Estados Unidos, onde a venda de CDs duplicou nos últimos 3 anos, correspondendo atualmente a 40% do mercado da música de lá.

Enquanto algumas gravadoras protestam, outras preferem investir nesse lucrativo mercado, usando o CD na gravação dos cassetes, o que lhes confere melhor qualidade de reprodução. Os dados mostram que a cifra de 59 milhões de CDs vendidos em 1985 passou para 250 milhõs em 1987. Se assim continuar estima-se que em 1990 esse número alcançará os 600 milhões de unidades vendidas.

Mas há ainda aqueles que acreditam que esta tendência não é definitiva e que o LP vai ter sempre seu lugar reservado na música. É só esperar e ver o que acontece."




Qual a reação dos especialistas nesse mercado se na época pudessem imaginar termos como MP3, Youtube, download, blog, IPOD, Itunes.....?


É meus amigos, as tendências avançam velozmente. As práticas de consumo, os canais de venda, os meios de expressão, tudo muda muito rápido. Talvez a palavra TRADIÇÃO não se aplique em mais nada da vida cotidiana atual.


A tradição agora é se adaptar tão rapidamente quanto às evoluções que nos são lançadas, que no passado se dizia a cântaros, hoje temos de dizer, a Gigabits.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Nova Lei da Licença-Maternidade é mesmo para "todas as mamães"?


Entra em vigor neste ano de 2010 a nova lei que regula a licença maternidade para funcionárias gestantes. As mudanças básicas consistem em ampliar o período de repouso das novas mães de 4 para 6 meses, e permite que a empresa deduza o valor pago nesses 60 dias do valores de contribuição do Imposto de Renda.

Existe ainda uma dependência da natureza fiscal de cada empresa, que pode impedí-la de se credenciar e por consequência, a fornecer este benefício às suas colaboradoras.

É, em primeira vista, uma bela iniciativa. Afinal acredito que todo mundo concorde e compactue com a importância de um recém nascido estar em companhia constante de sua mãe por um tempo maior desde seu nascimento.

Mas, o tópico mais polêmico desse novo benefício, reza que o mesmo só poderá ser concedido de comum acordo entre empregado e empresa.

Convenhamos, claro que os órgãos públicos e as grandes empresas - que detém uma estrutura estabelecida de contingência ou um programa fixo de reciclagem funcional - vão aderir e padronizar esse benefício às novas mamães.

Mas, sabemos que a maior fatia econômica do país é constituída por pequenas e médias empresas.

E, é bem dedutível que nesse tipo de empresa qual será o resultado dessa negociação com as mamães, concordam?

Muitas vezes temos que nos colocar no lugar dos empregadores. Em pequenas e médias empresas, quando um funcionário se afasta (inclusive por licença-maternidade), as funções por ele exercidas são distribuídas para os colegas de setor ou repassadas para um colaborar temporário. Invariavelmente durante esses meses a qualidade do serviço prestado originalmente pelo funcionário original (capacitado, experiente e treinado) não cai. Despenca.

E, mesmo que o pequeno empresário possa deduzir os 2 meses adicionais de impostos pagos, serão mais 2 meses de gambiarra funcional.
Nesse caso, a vontade da empregada-mamãe de ficar mais tempo junto a sua nova cria, pode esbarrar no temor de ficar desempregada e por isso tende a aceitar apenas os tradicionais 4 meses, já estabelecidos na lei anterior.

Senão vejamos. Vocês acreditam mesmo que, se Abono de Férias, 13º Salário, Salário-Família, Participação nos Lucros, e demais benefícios fossem algo que dependesse de algum acordo particular entre Empresa-empregado A MAIORIA dos empregados brasileiros tirariam proveito deles?