domingo, 16 de novembro de 2014

Clientela insatisfeita



O recente episódio da eleição presidencial trouxe ao país um panorama de disputa talvez nunca experimentado pela nossa história política. Dilma Rousseff venceu Aécio Neves por apenas 3,28% dos votos válidos. Sua vitória só foi decretada no final da apuração. Depois disso muito se discutiu os erros e acertos de cada campanha. Pelo mapa de votação, a vitória em massa no Nordeste reelegeu a presidente do PT.

Lamentavelmente ocorreram manifestações por vezes racistas, tendo como alvo quem reside naquela região. Mas não podemos nos esquecer do estado de Minas Gerais, um grande polo eleitoral, onde Aécio governou e onde o mesmo saiu derrotado. De qualquer forma, praticamente metade da população brasileira não se viu satisfeita com o governo petista, e isso ficou claro nas urnas.

Vamos fazer a seguinte analogia. Imagina um restaurante, um supermercado ou uma oficina mecânica onde metade de seus clientes está insatisfeita. Em condições normais, tal estabelecimento está fadado a fechar suas portas, pois vai logo ficar sem metade de seu faturamento. É óbvio que, nesse caso, os clientes buscarão outro local para consumir produtos ou serviços. E acredito ser “meio difícil” que metade do Brasil vá trocar de país, pela insatisfação com a qualidade que ele trata sua população. Ou seja, mesmo insatisfeito, terá de conviver com o nível de serviços por ele prestados.

E com quais armas lutar então contra a ineficiência desse nosso fornecedor Brasil?

A democracia tem de ser exercida. Acredito que o deva ocorrer é que as manifestações se intensifiquem em caso de insatisfação com os rumos do “novo” governo, ou em caso de novas deflagrações de corrupções. Tem gente balbuciando por aí que gostaria de ter a ditadura de volta. Gente que talvez nem entenda direito o estupro social que o último regime militar causou na sociedade. Se existem protestos é porque existe democracia. Pois se essas mesmas pessoas que clamam por ditadura estariam presas ou mortas caso ela estivesse comandando a nação.


O povo tem que ter direito de intervir no poder, mas com foco, organização, consciência e constância de propósitos. Não se deve admitir investimentos no exterior quando nossa saúde está doente, nossa escola está burra e nossa segurança está insegura. Não se deve admitir aumentos abusivos nos preços, que coincidam com aumento nas regalias de deputados e senadores. O Brasil precisa de administradores. Não de políticos. Senão seremos clientes insatisfeitos por muitas e muitas décadas.