segunda-feira, 1 de junho de 2009
Olhar pra frente e pra trás
Fui até uma lanchonete no bairro onde moro.
No caminho, olho sem querer para uma casa da redondeza.
Uma casa humilde, onde uma porta aberta revela possivelmente a moradora junto a uma máquina de costura industrial. Isso me fez pensar.
Muitos de nós, às vezes numa situação econômica e social razoáveis, quando nos deparamos com alguns problemas emocionais, achamos que somos as pessoas mais desafortunadas da terra, que o mundo é injusto com a gente, que Deus nos esqueceu.
Aí eu me pergunto. Aquela senhora, num domingo à noite, costurando em sua casa, sabe-se lá desde que hora, o que deve pensar?
Pessoas que às vezes não tem direito a alguns confortos básicos, como comprar um lanche num domingo à noite, como lidam com suas mazelas emocionais?
Imagem a desesperança de lidar ao mesmo tempo com as dificuldades financeiras e possíveis depressões?
Isso me traz à tona algo que sempre digo a amigos, em rodas de conversas sobre a vida.
Pra o mim o segredo da vida é o meio-termo, o equilíbrio.
Acredito que temos que simultaneamente, olhar pra frente e pra trás.
O que isso quer dizer?
Se a gente apenas mira pessoas que estão melhores que a gente em termos financeiros, sociais e familiares, e pensarmos que temos à todo custo, crescer, ter coisas, ganhar dinheiro, poderemos deixar nosso lado ganancioso fazer esquecermos de vivenciar as coisas simples, o prazeres, as conversas com amigos. Quando tem gente em situação bem pior que a nossa.
Se apenas pensarmos em pessoas que vivem um padrão de vida pior que o nosso, poderemos cair na armadilha do comodismo. Pensando que "vou ficar com o que eu tenho, que está bom demais. Tanta gente não tem isso...". E deixamos de crescer, querer sempre melhorar, evoluir, conquistar.
Pé no chão e foco no futuro.
Ao mesmo tempo em que somos muito pequenos perante Deus e a esta estrutura complexa que é a vida, somos os seres mais importantes deste sistema todo. Nossa história, nossa vida, nossas conquistas, estão em nossas mãos.
Nunca se lamente por que seu vizinho tem um carro ou casa melhor que sua, lute pra ter também.
Nunca se conforme se o seu carro ou sua casa estão bons demais para você "apenas" porque o seu vizinho tem um carro ou uma casa inferior, mais simples.
Valorize o que tem. Seus bens, sua saúde, seu emprego, seus amigos, sua fé. Mas não pare no tempo. Como otimista convicto, vou pegar carona naquela frase que diz: não há tão ruim que não se possa piorar,
NÃO HÁ NADA TÃO BOM QUE NÃO SE POSSA MELHORAR.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Ode à Noite

Porque és tão atraente
Porque escondes os pecados?
Escondes os desejos?
Porque nos sentimos atraídos por viver nas suas sombras?
Talvez porque nos cobre com generosas doses de solidão
Nos faz escondermos do mundo
A verdade que somos
Ou porque tens a ousadia de ocultar a luz
De ser a renegada do tempo
Ó noite, porque teu sabor é tão irresistível?
Porque nos faz querer suas horas?
Porque são tão saborosos seus cantos
Por mais que as luzes se esforçam em apagar seu charme
Tú sempre consegues nos envolver
Como és bela noite
Como é doce o planar sobre tu
Como é doce seus segredos, seu perigo, seu atrevimento
Como é bom contar com sua cumplicidade
Tentadora é sua proposta
Adentramos em seu tempo
Nos perdemos em seu tempo
Mas queremos que seu tempo pare para nós
Encantadora e bendita sejas tú, linda noite
Que embriaga o poeta
Acolhe as loucuras dos amantes
Abrevia e ameniza o suor dos humildes
Sem tu, o amor não teria poesia
A música não teria melodia
A vida sua simpatia
O exagero sua serventia
Ó querida noite
Prove ao mundo que sem tu
O dia não seria o dia
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Jô
"Se você gosta de achar que sabe alguma coisa, então continue aprendendo sempre"
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Ensaio sobre a Saudade

Para incrementar este ensaio eu sugiro que existem 2 tipos de saudade. A saudade do bem e a saudade do mal. Aí o querido leitor(a) pensa: esse cara tá com embromation, tá enchendo linguiça.
Vamos aos argumentos.
Saudade do Bem, em meu sóbrio ponto de vista, são lembranças sadias que carregamos de pessoas e fatos que encontramos no passado, que nos fazem sorrir, que construíram experiências positivas em nossa vida e em nosso caráter. Que não fazem nos refugiar de nossa vida atual nem repudiá-la.
Já Saudade do Mal eu encaro como uma prisão ao passado. A pessoa só tem em mente uma situação que viveu, compara com a atual e se prende a uma vida que não volta mais. Praqueja contra sua vida de hoje em dia, não olha pra frente. Sempre vai encontrar algo de ruim nas coisas atuais, em alusão ao passado.
Vejam essa frase da música “Lampião de Gás” (Zica Bérgami):
“Lampião de Gás, Lampião de Gás
Quanta saudade você me traz”
A saudade não é do Lampião de Gás (com tanto conforto que a energia elétrica traz, ninguém pode sentir saudade disso). Meu próprio pai falecido há 23 anos dizia que o bom é água encanada, luz elétrica, fogão à gás – em alusão a essas tecnologias domésticas que inexistiram na sua infância.
Talvez o lampião de gás represente uma fase rural de tranqüilidade. Uma clara falta de adaptação à vida urbana. De uma infância ingênua e sem contato com a crueldade e a mentira que imperam invariavelmente na vida adulta.
Vamos ver outro exemplo (“Ai Que Saudades Da Amélia” - Ataulpho Alves - Mário Lago):
“Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Saudade da Amélia. Que coisa. Um exemplo de exaltação à submissão feminina. Sem entrar no mérito, porque são ideologias de 50 anos atrás. Mas voltando para o nosso ensaio, ele tem saudade de uma mulher que se anulava, que não tinha vaidade pra viver o mundo dele.
Conheço algumas pessoas que trabalharam comigo no passado e até hoje quando as encontro parece que o tempo não parou pra elas. Elas enaltecem o passado, criticam pessoas que estiveram conosco lá, algumas que até já morreram. Estão presas numa vida que elas consideram a única maravilhosa que tiveram.
Viver exclusivamente do passado é anular-se. Mesmo que os tempos de outrora foram de enorme bonança. É sempre motivador acreditar que o melhor ainda está por vir, e lutar por ele.
Certa vez, Chico Anísio, numa dessas balelas mensagens televisivas de fim de ano, disse uma coisa muito sábia. Algo como: “Que o ano que está por vir seja melhor do que o que passou e pior do que o próximo que virá”. Quer pensamento mais otimista que isso?
Já vivi coisas muito legais na minha vida. Mas quero viver ainda coisas bem melhores.
Já vivi momentos inesquecíveis com amigos, mas quero que eles estejam comigo no futuro em momentos mais inesquecíveis ainda.
Se ontem sorri, amanhã eu quero gargalhar.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Essa não podia deixar passar em branco
"Deputado quer passagem para familiar que estiver de aniversário
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) se posicionou contra as restrições no uso da cota de passagens dos parlamentares que foram apresentadas nessa quarta-feira. Conforme ficou acordado pela Mesa Diretora da Câmara, os bilhetes aéreos serão de uso restrito dos políticos. "No aniversário dos familiares precisamos tê-los aqui, ou vamos acabar ficando nos Estados", ameaçou Barros.
Também ficou decidido que quando assessores precisarem viajar para representar o deputado em algum lugar do País, uma comunicação oficial deverá ser feita para a terceira secretaria que irá autorizar ou não a emissão da passagem custeada pela Casa. Outra medida é a divulgação desses gastos na internet.
O deputado Sílvio Costa (PMN-PE) também protestou contra as restrições. "É preciso acabar com esse teatro da hipocrisia. A maioria dos parlamentares desta Casa é casado. Então, agora, só quem pode ser candidato a deputado é o solteiro? As mulheres dos deputados não podem vir a Brasília? Os filhos dos deputados não podem vir a Brasília? Que onda é essa? Onde é que foram buscar essa lei? Que decisão esdrúxula é essa?", perguntou.
"
Os nobres deputados estão reclamando que o governo não "quer mais" bancar passagens de seus familiares? Ainda dizem e "ameaçam" que vão acabar ficando em seus estados?
E chama a Lei de esdrúxula?
Deviam ser cassados só por defender abertamente esse tipo de regalia.
Qualquer trabalhador comum quando se emprega em outra cidade ou estado leva consigo seus entes mais próximos. E visita seus mais distantes semanalmente ou mensamente. Isso poque concorda com a mudança por conta de se manter empregado.
Essa cambada, essa corja de salafrários, que ganham horrores, tem benefícios diversos, auxílio-desodorante, regalias, deixam o congresso vazio a maior parte do ano, ainda reclamam?
"Brasil, mostra sua cara"
São estas pessoas que aprovam leis que regem nossa sobrevivência, nossa condição de cidadão. É na mão dessas pessoas que está o futuro de nossos filhos. Na mão dessas pessoas estão nossa educação, nossa segurança, nossa assistência médica.
Ou seja, estamos, desculpe o termo querido leitor, "fudidos".
sexta-feira, 17 de abril de 2009
O Balanço da Vida

Eu acho que quando a gente morre, se isso for possível, devemos fazer uma balanço de nossa vida. Se valeu a pena viver.
Eu acredito que a resposta será positiva, se no balanço for constatado que:
tivemos mais alegrias que tristezas
mais amigos que inimigos
mais vitórias que derrotas
mais sorrisos que lágrimas
se fizemos mais pessoas felizes do que infelizes
se ajudamos mais que atrapalhamos
se estivemos mais perto que longe
se tivemos mais força de vontade do que desânimo
se deixamos mais luz entrar em nossa vida do que trevas
se perdoamos mais do que guardamos rancores
enfim, se não passamos nossa vida apenas morrendo um pouco desde o dia que nascemos
Eu errei muito no passado, erro hoje e vou errar amanhã
Somos imperfeitos, mas temos, mesmo diante de tanta dificuldade e desesperança que às vezes se prostam diante da gente, que buscar o lado luz da vida, pensar e viver o bem
Acredito que não podemos viver culpando ninguém por nossas chagas
É muito mais fácil pra muita gente jogar a responsabilidade por nossos fracassos nas pessoas, no sistema, no mundo, no clima, nos espíritos, em Deus, do que assumir o comando de nossa vida e fazer mudanças
Claro que ninguém é 100% inclinado a resolver tudo sobre si próprio
Mas se na maioria das vezes a gente conseguir enxergar que somos nós que comandamos nossas tristezas e alegrias, e fazemos delas grandes ou pequenas, podemos sim gerenciar nossa felicidade
Não quero entrar no campo espiritual da coisa, mas eu sempre acreditei que nada está definido pra gente......
Não temos que sofrer porque temos que "pagar" por erros de outras vidas....
Um planta brota da semente, pra crescer, florescer, dar frutos, expandir
Ela não nasce pra secar e morrer minutos depois de brotar
Assim somos também.....
Filosófico demais? Impossível de por tudo em prática?
Pode ser.
Mas prefiro pensar e respirar assim, do que deixar os dois maiores símbolos da morte infectar minha vida: o comodismo e o negativismo.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Deve Chamar Tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.
Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a Ter.
Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó
(Fernando Pessoa)